Nevasca do Dia do Armistício de 1940 nos Estados Unidos

Nevasca do Dia do Armistício

Tipo
Formação
Dissipação

Pressão mais baixa
Altura da neve
27 polegadas (68,6 cm)
Collegeville, Minessota

Áreas afetadas

A Nevasca do Dia do Armistício (ou Tempestade do Dia do Armistício) ocorreu na região centro-oeste dos Estados Unidos em 11 de novembro (dia do armistício) e 12 de novembro de 1940. A intensa tempestade de inverno, ocorrida logo no início da temporada, foi causada por uma configuração atmosférica chamada pelos norte-americanos de "panhandle hook " e atingiu uma faixa de 1000 milhas (1600 km) do centro do país, de Kansas até Michigan.[2][3]

Sinopse meteorológica editar

Em 7 de novembro de 1940, um sistema de baixa pressão, que mais tarde se transformaria na tempestade, estava afetando o noroeste Pacífico e foi o responsável por produzir os ventos de 40 milhas por hora (64 km/h) causadores do colapso da ponte Tacoma Narrows. Em 10 de novembro, a veloz tempestade atravessou as Montanhas Rochosas em apenas seis horas a caminho do Centro-Oeste.[4][5]

A manhã de 11 de novembro de 1940 trouxe altas temperaturas fora de época no alto centro-oeste do país. No início da tarde, as temperaturas se aproximavam de 65 °F (18 °C) na maior parte da região afetada. No entanto, com o passar do dia, as condições deterioraram-se rapidamente. Tempo severo foi relatado em grande parte do centro-oeste, com fortes chuvas e neve, um tornado e ventos fortes.[6] As temperaturas caíram acentuadamente, os ventos aumentaram e a chuva, seguida pelo granizo e depois pela neve, começou a cair. Um intenso sistema de baixa pressão seguia das planícies do centro-sul na direção nordeste, chegando ao oeste de Wisconsin, e puxando ao mesmo tempo a umidade do Golfo do México ao sul e uma massa de ar frio do Ártico ao norte.

O resultado foi uma furiosa nevasca que duraria até o dia seguinte. Quedas de neve de até 27 polegadas (69 cm), ventos de 50 a 80 milhas por hora (80 a 130 km/h), 20 pés (6,1 m) de acumulados de neve devido ao vento e quedas de 50 ºF (28 ºC) nas temperatura foram comuns em partes dos estados de Nebraska, Dakota do Sul, Iowa, Minnesota, Wisconsin e Michigan. Em Minnesota, caiu 27 in (69 cm) [7] de neve em Collegeville, e as Cidades Gêmeas registraram 16 in (41 cm).[8] Baixas pressões recordes foram registradas em La Crosse, Wisconsin e Duluth, Minnesota. O transporte e as comunicações foram prejudicados, dificultando a localização dos mortos e feridos. A Nevasca do Dia do Armistício ocupa a segunda posição na lista dos cinco principais eventos climáticos de Minnesota no século XX.[9]

Os sobreviventes descreveram o frio como tão severo que era difícil respirar, o ar estava tão carregado de umidade e espesso como uma calda e o frio queimava os pulmões das pessoas como uma lâmina em brasa.[8] Muitas pessoas afirmaram ter visto os animais saírem rapidamente da área - pareciam estar cientes da proximidade de uma mudança brusca do tempo. Caçadores ficaram surpresos com a quantidade de patos presentes na área e em movimento pelos céus, um sobrevivente contou milhares deles.[7]

Vítimas editar

Um total de 145 mortes foram atribuídas à tempestade, com os seguintes casos dignos de nota:

  • Ao longo do rio Mississippi, várias centenas de caçadores de patos tiraram folga do trabalho e da escola para aproveitar as condições ideais de caça. Os meteorologistas não previram a gravidade da tempestade que se aproximava e, como resultado, muitos dos caçadores não estavam vestidos adequadamente para o frio. Quando a tempestade começou, muitos caçadores se abrigaram em pequenas ilhas no rio Mississippi, e os ventos de 50 mph (80 km/h) e ondas de 5 pés (1,5 m) superaram seus acampamentos. Alguns ficaram presos nas ilhas e congelaram até morrer nas temperaturas de um dígito (°F) que sobrevieram à noite. Outros tentaram chegar à praia e se afogaram. Os caçadores de patos constituíram cerca de metade das 49 mortes em Minnesota. Aqueles que sobreviveram contaram como os patos vieram aos milhares para o sul com a tempestade, e todos poderiam ter atingido seu limite diário de caça se não estivessem focados na sobrevivência.
  • As baixas foram reduzidas pelos esforços de Max Conrad, um piloto pioneiro de aviões leves e proprietário de uma escola de voo e John R. "Bob" Bean (um dos instrutores da escola de voo), ambos baseados em Winona, Minnesota, a 40 quilômetros de La Crosse. Eles voaram ao longo do rio, na trilha da tempestade, localizando sobreviventes e deixando suprimentos para eles. Ambos foram nomeados para a medalha Carnegie por seu heroísmo.[8]
  • Gerald Tarras sobreviveu à tempestade em Minneapolis devido a dois cães Labradores da família que ficaram juntos dele e forneceram calor corporal para protegê-lo.[7]
  • Em Watkins, Minnesota, duas pessoas morreram quando um trem de passageiros e um trem de carga colidiram na neve ofuscante. Os residentes da cidade formaram uma corrente humana para levar os passageiros sobreviventes à segurança.[10][11]
  • No lago Michigan, 66 marinheiros morreram no naufrágio de três cargueiros, o SS Anna C. Minch, o SS Novadoc e o SS William B. Davock, além de dois barcos menores.[12]
  • 13 pessoas morreram em Illinois, 13 em Wisconsin e 4 em Michigan.[13]

Além disso, 1,5 milhão de perus destinados ao jantar de Ação de Graças em Minnesota pereceram devido à exposição ao frio.

Consequências editar

Antes deste evento, todas as previsões meteorológicas da região eram originárias de Chicago. Após a falha em fornecer uma previsão precisa para esta nevasca, as responsabilidades de previsão foram expandidas para incluir uma cobertura de 24 horas e mais escritórios de previsão foram criados, produzindo prognósticos locais mais precisos.[14]

O Departamento de Meteorologia dos EUA foi criticado por não conseguir prever a enorme nevasca, e as autoridades divulgaram uma declaração afirmando estarem cientes da chegada da tempestade, mas não calcularam corretamente a sua força e abrangência. O escritório de meteorologia das Cidades Gêmeas (Minneapolis / St. Paul) foi atualizado para emitir previsões e não depender da agência de Chicago.[11]

Ver também editar

Referências

  1. Williams, Jack (28 de novembro de 2001). «History, past weather events». USA Today. Consultado em 21 de dezembro de 2006 
  2. «Yesterdays News: Nov. 11, 1940: The Armistice Day Blizzard». Star Tribune [ligação inativa]
  3. «Armistice Day deep freeze». AitkinAge.com 
  4. Olson. «The Tacoma Narrows Bridge collapse». Physics Today. 68: 64–65. Bibcode:2015PhT....68k..64O. ISSN 0031-9228. doi:10.1063/PT.3.2991 
  5. Service, US Department of Commerce, NOAA, National Weather. «Armistice Day Blizzard of 1940 Remembered». www.weather.gov (em inglês) 
  6. a b c «Armistice Day Blizzard killed 49 in Minnesota: 2 survivors remember». Twin Cities (em inglês) 
  7. a b c «The Day the Duck Hunters Died». Sporting Classics Daily (em inglês) 
  8. «Significant Minnesota Weather Events of the 20th Century». Minnesota Climatology Office 
  9. Hull, M.A., William H (1985). ”All Hell Broke Loose: Experiences of Young People During the Armistice Day 1940 Blizzard”. Stanton Publication Services. [S.l.: s.n.] ISBN 0-939330-01-6 
  10. a b «The Winds of Hell» 
  11. «Armistice Day Storm - One of the worst to hit here». Daily News 
  12. «Biggest Snow Storms in the United States». NOAA 
  13. «N.W. Storm Rages On». Minneapolis Star Tribune 

Ligações externas editar