Orleanista

movimento monarquista franco-brasileiro

Os orleanistas foram uma facção ou partido político francês que surgiu após a Revolução Francesa. Seu nome advém dos Orleães, ramo da Casa de Bourbon, tidos como os líderes do grupo. Foram perdendo importância na cena política francesa, especialmente após o estabelecimento da Terceira República.

Brasão da Casa de Orleães.

Origens editar

Os orleanistas objetivavam encontrar um meio-termo entre o princípio monárquico e os "direitos do homem", como foram estabelecidos pelos líderes da revolução de 1789 e que passaram a ser defendidos pelos príncipes do ramo de Orleães.

Durante o período inicial da revolução, Luís Filipe II, duque de Orleães, que não simpatizava com seu parente, o rei Luís XVI, e com a consorte do mesmo, a rainha Maria Antonieta, naturalmente assumiu a posição de defensor dos realistas liberais. Foi um pequeno passo a se tornar candidato liberal ao trono, o qual o filho de Luís Filipe, o também Luís Filipe, eventualmente assumiria.

O ramo mais velho dos Bourbon – representado por Luís XVIII e posteriormente por seu último descendente, Henrique V – estava preparando uma constituição, reconhecendo direitos e liberdades ao homem, mas insistiu na cláusula de que governavam por "direito divino", retendo assim o poder de conceder privilégios de forma arbitrária.

Essa postura retrógrada ofendeu boa parte da população, que concluiu que direitos concedidos como favor estariam sempre sujeitos à revogação. Assim, aqueles que consideravam a monarquia uma melhor forma de governo do que a república, mas que não estavam dispostos a legar suas liberdades nas mãos duma única pessoa, tornaram-se bonapartistas ou apoiadores dos príncipes d'Orleães, que há muito demonstravam-se dispostos a reinar de forma constitucional e seguindo a vontade popular. Assim, as diferenças entre esses e os legitimistas, apoiadores do ramo mais velho, iam além da questão sucessória.

História editar

Revolução Francesa editar

A primeira geração de orleanistas envolveu-se com a Revolução. Luís Filipe II, que sob a República assumiu a alcunha Philippe Égalité, votou pela execução do Rei, decapitado por guilhotina em 1793.

À parte desses antecedentes, de acordo com Albert Sorel, os orleanistas permaneceram discretos durante o Primeiro Império, retornando à cena quando uma nova onda liberal destronou Luís XVIII e Carlos X.

Restauração (1815-1830) editar

Após a restauração dos Bourbon em 1815, os liberais se identificaram com os orleanistas, que rejeitaram o legitimismo tanto quanto o bonapartismo, que de acordo com eles era essencialmente um cesarismo democrático – uma submissão equalitária de todos a um regente despótico.

Os liberais que eram orleanistas encontraram seus líderes em homens como François Guizot, Louis Adolphe Thiers, Achille Charles Léon Victor, duque de Broglie e seu filho Jacques Victor Albert e Jacques Laffitte, entre outros.

Quando a Revolução de Julho de 1830 resultou na queda do ramo mais velho dos Bourbon, os orleanistas entraram em cena. Luís Filipe III d'Orleães, que se tornou rei, marcou o início de grandes mudanças ao se declarar "Rei dos Franceses", em vez do tradicional "Rei da França e Navarra", demonstrando-se em sintonia com o povo.

Reinado orleanista (1830-1848) editar

Os orleanistas, não-afeitos ao "poder divino" por um lado e temendo a democracia por outro, inspiraram-se noutros exemplos de monarquias constitucionais liberais, como a britânica, composta dum parlamento representativo. Empenharam-se a estabelecer um sistema semelhante na França, cognominado juste-milieu, um meio-termo entre absolutismo e democracia.

Segunda República (1848-1852) editar

A Revolução de 1848, deflagrada em parte devido a erros políticos mas muito à insatisfação dalguns excluídos do "pays legal", retirou o partido orleanista do poder após dezoito anos. Os orleanistas, todavia, continuaram ao longo da Segunda República (1848-1852) e do Segundo Império (1852-1870) gozando de prestígio social e literário, em parte devido à riqueza de alguns membros, chegando mesmo a influenciar a Academia francesa.

Terceira República (1870-1940) editar

Quando o Império de Napoleão III foi tragado pela Guerra Franco-Prussiana de 1870-1871, o povo, para o desprazer dos bonapartistas, escolheu uma grande quantidade de outros grupos monarquistas para representá-los na Assembléia conjurada em Bordéus, em 12 de fevereiro de 1872, cuja liderança foi disputada entre orleanistas e legitimistas.

Isso permitiu ao presidente Adolphe Thiers, ele mesmo um orleanista impôr a Terceira República, ainda que a contra-gosto da maioria da Assembléia. Orleanistas e legitimistas cooperaram para expulsar Thiers do poder em 24 de maio de 1873. Após isso, os orleanistas tentaram uma fusão com os legitimistas para fortalecer a causa monárquica. Mas a qüestão do princípio monárquico, a divergência entre o poder divino e a representatividade popular, mostrou-se novamente um empecilho para a união das duas facções.

O sistema republicano foi o eleito nas eleições de 1876 e a crise de 1877 terminou de vez o domínio monárquico. Com a morte do conde de Chambord em 1883, o conde de Paris tornou-se o chefe da Casa de Bourbon de França. A causa monárquica foi, contudo, tendo cada vez menos adeptos, ao ponto de deixar de existir como uma facção política independente.

Lista de pretendentes orleanistas ao trono francês editar

Ver também editar

Referências

  1. Davis, John H. (2012). What Do Black Americans Want to Know about White Americans But Are Afraid to Ask (em inglês). Bloomington: Xlibris Corporation. p. 101. ISBN 9781469190440 
  2. Redmond, Christopher (2016). Lives Beyond Baker Street: A Biographical Dictionary of Sherlock Holmes's Contemporaries (em inglês). Luton: Andrews UK Limited. p. 140. ISBN 9781780929088