Paguroidea é uma superfamília de crustáceos decápodes da infraordem Anomura.[1][2] que inclui as espécies conhecidas pelos nomes comuns de caranguejo-eremita, bernardo-eremita, paguro, caranguejo-ermitão e casa-alugada. Os membros desta infraordem apresentam pléon mole e assimétrico que protegem abrigando-se em conchas de moluscos abandonadas e estruturas semelhantes que depois transportam. Algumas espécies transportam anêmonas sobre a concha para aumentar a proteção pois os tentáculos das anêmonas são venenosos, constituindo com aqueles organismos uma relação ecológica de protocooperação. Estão descritas cerca de 1100 espécies de Paguroidea, repartidas por 120 géneros, a grande maioria aquáticas, embora existindo algumas terrestres.[2]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaPaguroidea
caranguejo-eremita, bernardo-eremita
Classificação científica
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Sub-reino: Eumetazoa
Superfilo: Protostomia
Filo: Arthropoda
Subfilo: Crustacea
Classe: Malacostraca
Subclasse: Eumalacostraca
Superordem: Eucarida
Ordem: Decapoda
Subordem: Pleocyemata
Infraordem: Anomura
Superfamília: Paguroidea
(Latreille, 1802)
Famílias
Caranguejo-eremita no Aquarium Finisterrae (Finisterra).

Descrição editar

As espécies que integram a superfamília Paguroidea apresentam em comum o uso de conchas de moluscos para recobrir o pléon, o qual é mais mole e sem a proteção quitinosa espessa comum entre os crustáceos. Este tipo de relação interespecífica que estas espécies mantêm com as conchas de moluscos mortos, denominada tanatocenose, é rara no mundo animal sendo este o único grupo em que a maioria dos seus membros a realiza.

Nestes organismos apenas a parte dianteira está recoberta por um exoesqueleto rígido, pelo que para se protegerem recorrem à estratégia de se refugiarem dentro de conchas vazias de moluscos. A forma do seu abdómen está adaptada para que possa caber dentro da concha e, para além disso, as patas e pinças, recobertas por exoesqueleto quitinoso, permitem bloquear a entrada. À medida que o animal cresce, deve mudar de casa. Para isso, começa por inspeccionar detidamente com as pinças as conchas vazias e quando encontra a adequada, muda-se rapidamente. Para os caranguejos-eremitas, encontrar uma concha vazia é uma questão de vida ou morte, pelo que são frequentes as lutas entre eles quando haja poucas disponíveis.

A maioria das espécies pertencentes a este agrupamento são detritívoras e necrófagas ocasionais, mas incluem na sua dieta búzios e outros caracóis aquáticos, mexilhões e outros pequenos bivalves, vermes, pequenos crustáceos e larvas diversas. Também comem restos vegetais, algas e dejectos.

O acasalamento ocorre duas vezes por ano e a reprodução faz-se pela libertação de centenas de ovos fertilizados por cada fêmea, o número dependendo do seu estado alimentar e do tipo de concha que detenha. A fêmea mantém os ovos fecundados sob o abdómen até os libertar nas águas. Ao eclodir, os ovos libertam pequenas larvas do tipo zoea que se integram no zooplâncton até atingirem a fase juvenil.

Ao crescer, as larvas vão mudando de pele, sofrendo múltiplas ecdises até que emergem as quatro antenas e duas pinças. Então o animal está pronto para buscar uma concha que lhe proteja o corpo. Com o crescimento, necessita de outra carapaça, pelo que absorbe água, até quase 70 % do seu peso, e assim inchado, provoca a ruptura da velha carapaça.

A concha retém água, o que que permite manter a humidade das brânquias quando o caranguejo está descoberto.

A desvantagem deste sistema de crescimento, é que no intervalo de tempo entre emergir do velha carapaça e endurecer novamente, o animal está indefeso e à mercê de um grande número de predadores que buscam a oportunidade.

Alguns eremitas complementam a proteção do escudo e procuram associar-se com anémonas capazes de afastar os predadores com os seus tentáculos urticantes. Estes últimos são usados por alguns pescadores como isca para captura chocos.

Gastronomia editar

Em algumas comunidades piscatórias das ilhas Baleares e dos Açores, os caranguejos-eremitas são consumidos cozidos, grelhados, em geral marinados com limão e pimenta. A carne do abdómen destes caranguejos é macia e tem um sabor muito característico. Na verdade, é a única parte realmente comestível, pois a parte recoberta pela carapaça é muito difícil de abrir e contém pouca carne. Os caranguejos-eremita também podem ser adicionados em paellas, com arroz. A pescaria é contudo residual, pois não existe procura pois o consumo é muito pequeno e pouco conhecido.

Notas

  1. Patsy McLaughlin & Michael Türkay (2011). «Paguroidea». World Paguroidea database. World Register of Marine Species. Consultado em 25 de novembro de 2011 
  2. a b Patsy A. McLaughlin, Tomoyuki Komai, Rafael Lemaitre & Dwi Listyo Rahayu (2010). Martyn E. Y. Low & S. H. Tan, ed. «Annotated checklist of anomuran decapod crustaceans of the world (exclusive of the Kiwaoidea and families Chirostylidae and Galatheidae of the Galatheoidea)» (PDF). Part I – Lithodoidea, Lomisoidea and Paguroidea. Zootaxa. Suppl. 23: 5–107 

Ligações externas editar

 
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