Parisina Malatesta

nobre italiana

Parisina Malatesta, nascida Laura (Cesena, outubro de 1404Ferrara, 21 de maio de 1425)[1] foi uma nobre italiana. Ela foi marquesa de Ferrara como a segunda esposa de Nicolau III d'Este. Ela teve um caso amoroso com o enteado, Hugo, o que levou a execução dos dois por Nicolau.

Parisina
Senhora de Módena, Adria, Comacchio, Rovigo, Régio e Parma
Parisina Malatesta
Representação da marquesa no manuscrito iluminado Genealogia dei principi d'Este.
Marquesa Consorte de Ferrara
Reinado 141821 de maio de 1425
Antecessor(a) Gigliola de Carrara
Sucessor(a) Ricarda de Saluzzo
 
Nascimento outubro de 1404
  Cesena, Senhorio de Cesena, Itália
Morte 21 de maio de 1425 (20 anos)
  Ferrara, Marquesado de Ferrara, Itália
Sepultado em Igreja de São Francisco, Ferrara
Cônjuge Nicolau III d'Este
Descendência Genebra, Senhora de Rimini e Fano
Lúcia, Senhora de Sabonieta
Alberto d'Este
Casa Malatesta (por nascimento)
d'Este (por casamento)
Pai Andrea Malatesta
Mãe Lucrécia Ordelaffi
Brasão

Família

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Laura foi a única filha nascida de Andrea Malatesta, senhor de Cesena e Fossombrone, e de sua segunda esposa, Lucrécia Ordelaffi.

Os seus avós paternos eram Galeoto I Malatesta, senhor de Rimini e Isabel de Varano. Os seus avós maternos eram Francisco III Ordelaffi, senhor de Forlì e Catarina Gonzaga de Novellara. Ela era sobrinha paterna de Margarida Gonzaga, esposa do Francisco I Gonzaga, senhor de Mântua.

Pelo primeiro casamento do pai com Rengarda Alidosio de Ímola, teve três meio-irmãos mais velhos: Galeoto, marido de Nicolina da Varano, Isabel, esposa de Obizzo da Polenta de Ravena, e Antônia, esposa de João Maria Visconti, duque de Milão.

Não teve meio-irmãos por parte do terceiro casamento de Andrea com Polissena Sanseverino de Venosa.

Biografia

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Parisina tinha apenas alguns dias de vida quando a mãe, Lucrécia, foi envenenada pelo próprio pai, Franscico Ordelaffi. Isso ocorreu pois Lucrécia não teria tolerado que seu pai, Francisco, ao morrer, deixasse o estado de Forlì nas mãos de seu irmão ilegítimo, Antônio. A senhora tentou, portanto, derrubar o senhorio tomando posse, com a ajuda do marido, Andrea, da fortaleza de Ravaldino, que pertencia a família. Mas seu pai, embora doente, descobriu o engano e mandou envenená-la, em 1404. Assim, Parisina cresceu na corte do tio, Carlos I Malatesta, em Rimini.[2][3]

Segundo Matteo Bandello que nasceu 60 anos após a morte de Parisina, ela seria:[2]

"bela e vaga e [...] ousada e lasciva, com dois olhos que brilhavam amorosamente em sua cabeça".

No ano de 1418, quando tinha entre 13 a 14 anos, Parisina se casou com o marquês Nicolau III d'Este, cuja primeira esposa, Gigliola de Carrara, tinha morrido alguns anos antes. Parisina, então, se mudou para a cidade de Ferrara, que estava devastada pela peste bubônica.[4] Ela morava na Torre de Rigobello, em quartos debaixo da biblioteca,[4] e também na residência chamada Delizia di Consandolo, construída pelo marquês. Parisina e Nicolau tiveram duas filhas gêmeas, além de um filho que morreu pouco tempo depois de nascer.[5]

 
Parisina e Hugo por Thomas Jones Barker, 1842.

Parisina era muito bonita e embora ainda não tivesse quinze anos, era culta e bem preparada para a nova função com a qual se identificou com entusiasmo e seriedade, logo destacando as suas aptidões. Foi-lhe, portanto, fácil despertar o consenso e a benevolência de toda a corte à sua volta. No início teve dificuldade em reorganizar a nova casa, que na verdade estava um pouco abandonada: renovou os móveis, os estofados, abasteceu as despensas com bom senso e prudência. Ela prestou especial atenção ao escasso e desgastado guarda-roupa dos filhos de Nicolau, os quais vestiu com esmero e com o decoro exigido pela sua posição.[4]

Segundo algumas fontes, durante uma viagem em 1424[5] para visitar a família dela, a marquesa foi acompanhada, segundo os desejos do marido, pelo jovem enteado, Hugo, filho ilegítimo de Nicolau com sua amante, Stella dei' Tolomei. Os dois jovens, assim, passaram a ser conhecer melhor em Ravena, e se tornaram amantes. Antes disso, contudo, Hugo havia tratado a nova madrasta com hostilidade.[4] O relacionamento secreto continuou até a sua volta a Ferrara. Eles se encontravam nas residências dos Este: as Delizias di Belfiore, Fossadalbero e Quartesana. [4]

Outras fontes relatam, no entanto, que, para escapar da peste, em 1423, a marquesa se refugiou no Castelo de Fossadalbero acompanhado por Hugo, e foi lá que o relacionamento teria tido início.[2] Após ser relatada a traição por uma das servas de Parisina, Nicolau descobriu o caso; tomado pela dúvida e pelo ciúme, decidiu espiar os dois amantes através de uma abertura feita no chão do seu escritório que dava para o quarto da esposa.[4] Assim, o marquês aprisionou Parisina e Hugo na masmorra do castelo, e ordenou a morte por decapitação de ambos, em maio de 1425.[6]

A intercessão de alguns cortesãos influentes foi inútil. No dia 21 de maio, Hugo foi decapitado, com apenas 19 anos de idade, e Parisina, enquanto era conduzida à forca, ao saber que seu amado estava morto, exclamou: "Agora eu não quero mais viver", e "despojou-se de todos os enfeites com os seus próprios mãos, e enrolou-se num pano sobre a cabeça, e prestou-se ao golpe fatal que completou a cena fatal.[7] Parisina tinha 20 anos. Ela foi enterrada na Igreja de São Francisco.[8]

Após a morte de Parisina, Nicolau se casou com Ricarda de Saluzzo, com quem teve dois filhos.

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"O Sonho de Parisina" baseado no poema de Byron inspirado numa histório por Bandello; Pintura feita por Andrea Gastaldi.
  • Ugo e Parisina um romance por Matteo Bandello;
  • O historiador inglês Edward Gibbon contou a história, brevemente, em seu livro Miscellaneous Works of Edward Gibbon, de 1796:
"Baseado no testemunho de uma serva, e sua própria observação, o Marquês de Este descobriu o relacionamento incestuoso de sua esposa, Parisina, e Hugo, seu filho bastardo, um jovem belo e valente. Eles foram decapitados no castelo, pela sentença de um pai e de um marido, quem publicou sua desgraça, e sobreviveu à execução; Ele era desafortunado, se eles fossem culpados. Caso eles fossem inocentes, ele era ainda mais desafortunado; nem há nenhuma situação possível na qual eu possa dizer que sinceramente aprovo o último ato de injustiça de um pai;
  • Lord Byron publicou o poema de 586 linhas intitulado Parisina em 1816. No poema, Azo (sua versão de Nicolau) descobre o caso quando Parisina, enquanto dorme, profere o nome de Hugo (Ugo). Nesta versão, Parisina e Hugo estavam noivos, antes de Azo ter decidido casar-se com ela. Azo, então, setencia o filho à morte O destino de Parisina é desconhecido, exceto pelo fato de que ela é forçada a testemunhar a execução de Hugom, e solta um grito que indica uma loucura iminente. Azo é atormentado pela sua decisão.;
  • Um libreto por Felice Romani inspirado pelo poema de Byron foi transformado em ópera de três atos por Gaetano Donizetti, em 1833, também chamada de Parisina;
  • Outra ópera de mesmo nome foi composta por Pietro Mascagni baseada na tragédia lírica escrita por Gabriele d'Annunzio, em 1912, como outra adaptação do poema de Byron;
  • Outras obras menos conhecidas são uma ópera de 1878, escrita pelo uruguaio Tomás Giribaldi, e uma tragédia por Antonio Somma;
  • Diversos artistas usaram a história de romance e tragédia como tema para suas obras, sendo eles: Girolamo Domenichini, Thomas Jones Barker, Ford Madox Brown (uma obra que foi perdida), Giuseppe Bertini, Gaetano Previati, Bartolomeo Giuliano, Domenico Morelli, Maria Orsola Castelnuovo e Achille Funi.

Descendência

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  • Genebra d'Este (24 de março de 1419 – 12 de outubro de 1440), foi a primeira esposa de Sigismundo Pandolfo Malatesta, Senhor de Rimini, mas não teve filhos;
  • Lúcia d'Este (24 de março de 1419 – 28 de junho de 1437), foi esposa de Carlos Gonzaga, Senhor de Sabioneta, mas não teve filhos;
  • Alberto d'Este (n. e m. 1421).

Galeria

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Ascendência

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Referências

  1. «NORTHERN ITALY (3)». Foundation for Medieval Genealogy 
  2. a b c «Amore e morte alla corte dei Malatesti». comune.rimini.it (via Web Archive). Consultado em 23 de Julho de 2024 
  3. «Tutto quel che accade....». Web Archive. 31 de agosto de 2007. Consultado em 23 de Julho de 2024 
  4. a b c d e f «Parisina "perse la testa" per Ugo». parente.fe.it. Consultado em 23 de Julho de 2024 
  5. a b «Parisina and the cards». triofin.it. Consultado em 23 de Julho de 2024 
  6. «Prisons of Ugo and Parisina». ferraraterraeacqua.it. 24 de Maio de 2023. Consultado em 23 de Julho de 2024 
  7. Frizzi, Antonio (1850). Memorie per la storia di Ferrara. Ferrara: Abram Servadio. p. 450 a 453 
  8. «Laura "Parisina" Malatesta». Find a Grave