Paulo Jorge Mansur

político brasileiro

Paulo Jorge Mansur (Igarapava, 4 de dezembro de 1915Santos, 8 de fevereiro de 2007) foi um radialista e político brasileiro[1]. Filho de Jorge Mansur e Gandura Mansur.[2]

Paulo Jorge Mansur
Paulo Jorge Mansur
Paulo Jorge Mansur
Deputado federal por São Paulo
Período 1 de fevereiro de 1963
a 1 de junho de 1964
Dados pessoais
Nome completo Paulo Jorge Mansur
Nascimento 4 de dezembro de 1915
Igarapava
Morte 8 de fevereiro de 2007 (91 anos)
Santos
Nacionalidade Brasileiro
Progenitores Mãe: Gandura Mansur
Pai: Jorge Mansur
Esposa Maria Gomes Mansur
Partido Partido Socialista Brasileiro

Elegeu-se deputado federal pelo PTB-SP em 1962, com 19.933 votos. Teve o mandato cassado e os direitos políticos suspensos após o Golpe de 1964. Voltou à vida pública com a Anistia e elegeu-se suplente de deputado federal pelo PTB em 1982[3]. Seu filho Beto Mansur também seguiu carreira política e se elegeu deputado federal[4].

A Era do Rádio editar

Paulo Jorge Mansur residiu na Síria dos quatro aos 12 anos de idade e, ao voltar para o Brasil, cursou o secundário no Instituto Mackenzie, em São Paulo, concluindo-o em 1933. Radialista, trabalhou na Rádio Difusora Paulista, onde transmitiu programas musicais. Lançou o primeiro rádio-teatro em língua árabe através de emissoras paulistas e, em 1946, tornou-se proprietário da Rádio Cultura de São Vicente (SP).[5]

A Sociedade Rádio Cultura São Vicente foi fundada por Paulo Jorge Mansur, Salim Mansur e Jorge Mansur Filho, em 17 de outubro de 1946. Operando inicialmente pelo prefixo ZYH-3, instalou-se num chalé ao lado do Clube Hípico, na Avenida Antonio Emmerich, transmitindo seus sinais com 100 watts de potência. Em 1953, instalou antena e transmissor numa área defronte ao Jockey Club São Vicente. A Rádio Cultura foi a primeira emissora santista a cobrir os Jogos Abertos do Interior, diretamente de Ribeirão Preto, através de ondas curtas, e o Congresso Nacional de Municípios Brasileiros. Um dos seus maiores feitos foi entrevistar, em 1950, o então presidente recém-eleito Getúlio Vargas, em pleno voo, numa façanha considerada extraordinária para a época, dada a tecnologia disponível. Também foi pioneira, dentre as emissoras brasileiras, na irradiação das eleições dos presidentes Eisenhower e Kennedy, diretamente dos EUA.[6]

Com o advento do uso das ondas de Frequência Modulada (FM), que permite o uso de som estéreo, a força das antigas emissoras de rádio em AM começou a esvair. As primeiras transmissões nesta nova faixa ocorreram em meados da década de 50 no Brasil, com os experimentos da Rádio Imprensa FM, do Rio de Janeiro (1955). Santos teve a honra de lançar a segunda emissora de FM do Brasil, a Cultura, ao lado da paulistana Eldorado, no ano de 1958.

Naquele mesmo ano, Paulo Mansur, já na liderança da emissora, desdobrou a emissora em duas - A Cultura São Vicente AM e a Cultura Santos FM - e levou a estação para a cidade santista. Em 1964 entravam na sociedade Paulo Roberto Mansur (que viria a ser prefeito de Santos entre 1997 e 2004), Gilberto Mansur e Maria Gomes Mansur.[7]

Câmara dos Deputados editar

No pleito de outubro de 1958, candidatou-se a uma cadeira na Câmara dos Deputados na legenda do Partido Socialista Brasileiro (PSB), mas não teve êxito. Em outubro de 1962, com o apoio majoritário da Baixada Santista, onde foi o candidato mais votado, elegeu-se deputado federal por São Paulo na legenda da coligação entre o PSB e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Assumindo o mandato em fevereiro do ano seguinte, tornou-se membro da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.

Conforme declarou ao Correio Brasiliense, manifestou-se favoravelmente à manutenção de relações comerciais com todos os países, ao regime presidencialista, à reforma eleitoral com a extensão do direito de voto a todos os cidadãos, e à reforma agrária cooperativista, com a desapropriação dos latifúndios improdutivos mediante o pagamento de uma indenização em títulos da dívida pública. Defendeu também o intervencionismo econômico e o monopólio estatal dos minérios atômicos, da energia elétrica, das telecomunicações e do petróleo, bem como a participação dos municípios na renda tributária nacional e a criação de um banco dos municípios, destinado a fomentar o desenvolvimento interno do país. Apoiou ainda a unificação das pastas militares, a criação do Ministério do Planejamento e as reformas tributária e bancária.[5]

Com o Golpe Militar de 1964, teve o mandato cassado em junho com base no Ato Institucional nº 1 (9/4/1964)[8]

No dia 6 de dezembro de 2012, a Câmara dos Deputados devolve simbolicamente os mandatos dos 173 cassados pela ditadura militar. A solenidade ocorreu no Plenário da Câmara, em Brasília, em sessão solene com todo o cerimonial de posse. Paulo Mansur, falecido em 2007[9], aos 91 anos, foi representado na solenidade por seu filho Beto Mansur (PP), deputado federal e ex-prefeito de Santos. Acompanhado da esposa, dona Ylidia Mansur, o deputado, parentes, familiares, e outros políticos homenageados, subiram a rampa do Congresso Nacional e, recebidos no tapete vermelho, se dirigiram ao Plenário onde ocorreu a solenidade oficial de posse parlamentar. "Esse ato resgata um momento em que as pessoas eram perseguidas por terem uma opinião”, recorda Beto Mansur, sobre a restituição, ainda que simbólica, do mandato de seu pai. “Fico extremamente orgulhoso de ver que o nosso país reconhece e presta sua homenagem aos políticos que tiveram seus mandatos cassados”.[10][11]

Referências

  1. Paulo Mansur. Câmara dos Deputados
  2. Pace, Eliana (2010). «Coleção Aplauso Música - Sérgio Ricardo» (PDF). "Livraria Imprensa Oficial". Consultado em 13 de setembro de 2017 
  3. Paulo Jorge Mansur. FGV-CPDOC
  4. Biografia e infância Arquivado em 12 de setembro de 2017, no Wayback Machine.. Deputado federal Beto Mansur
  5. a b «Paulo Jorge Mansur». "FGV CPDOC". Consultado em 12 de setembro de 2017 
  6. «Rádio Cultura Santos-São Vicente». "Novo Milênio: Histórias e Lendas de Santos". Consultado em 14 de setembro de 2017 
  7. «A História do Rádio em Santos». Portal Memória de Santos. Consultado em 12 de setembro de 2017. Arquivado do original em 12 de setembro de 2017 
  8. «Saiba quem foram os deputados cassados pela ditadura». "Agência Câmara Notícias". 6 de dezembro de 2012. Consultado em 12 de setembro de 2017 
  9. «Morre o ex-deputado federal Paulo Mansur». "Câmara Municipal de Santos". 8 de fevereiro de 2007 
  10. «Câmara devolve mandato ao deputado Paulo Jorge Mansur». "Jornal Vicentino". 17 de dezembro de 2012 
  11. "Lourenço" e "Richard", "Iolando" e "Ivan" (6 de dezembro de 2012). «Simbolicamente deputados cassados pela ditadura recebem de volta seus mandatos». "Agência Brasil" 
  Este artigo sobre um político brasileiro é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.