Piera Aiello

política italiana

Piera Aiello (pronúncia italiana: [ˈpjɛːra aˈjɛllo]; Partanna, Itália, 2 de julho de 1967) é uma informante da polícia italiana e política conhecida por sua posição contra a Máfia italiana. Foi eleita para a Câmara dos Deputados. Em 2019, ela foi nomeada uma das 100 mulheres mais influentes do mundo pela BBC.[1]

Piera Aiello
Piera Aiello
Nascimento 2 de julho de 1967
Partanna
Cidadania Itália
Alma mater
Ocupação política
Prêmios

Biografia editar

Testemunho antimáfia editar

Piera Aiello nasceu em Partanna, Sicília, em 1967. Em 1985, ainda na adolescência, ela foi forçada a se casar com o filho de um chefe da máfia, Nicola Atria.[1] Seu sogro, Vito Atria, foi morto nove dias depois da cerimônia.[2] Ela não amava o marido e tomou pílula anticoncepcional para evitar dar à luz um filho. Seu marido descobriu e a estuprou.[3]

Seu marido foi morto em 1991 e ela e sua filha de três anos testemunharam o assassinato. Ela decidiu denunciar os assassinos de seu marido, decisão apoiada por sua cunhada Rita Atria e pelo magistrado antimáfia Paolo Borsellino.[4] O juiz do caso foi posteriormente morto no atentado à bomba na Via D'Amelio, em 19 de julho de 1992, menos de dois meses após a morte de seu colega Giovanni Falcone.

Piera sentiu-se abandonada pela irmã[3] e pelo magistrado e assumiu outra identidade para proteger a si e à sua família da retaliação da máfia. Os depoimentos prestados por Rita Atria e Piera, juntamente com outros depoimentos, levaram à prisão de vários membros da Máfia[5] e a um inquérito sobre o político Vincenzo Culicchia, que foi prefeito de Partanna durante trinta anos.[6]

Ela se casou novamente em 2000 e seu marido estava ciente de sua origem. Ela ocasionalmente dava palestras sobre sua história nas escolas, mas seu rosto e nome estavam sempre disfarçados. Eventualmente, sua filha adolescente encontrou pinturas que ela havia feito em seu sótão, assinadas com seu nome abandonado. Ela contou toda a história à filha e decidiu que precisava ser mais ativa. Ela decidiu aceitar uma oferta do Movimento Cinco Estrelas para concorrer a um cargo político, incentivada por sua filha.[3]

Membro do Parlamento editar

Quando se candidatou à Câmara dos Deputados pelo Movimento Cinco Estrelas,[7] por causa de ameaças da máfia, ela usou um véu para proteger sua identidade.[1] Ela ficou surpresa porque, apesar de esconder o rosto, foi eleita por uma área da Sicília conhecida por ser dominada pela máfia.[3] Assim que foi eleita, então conhecida apenas como a "senhora fantasma", revelou o seu rosto no dia 13 de junho de 2018 e manteve as suas crenças.[3] Ela agora é uma defensora das pessoas que informam sobre a Máfia, na esperança de protegê-las e às suas famílias.[1]

Reconhecimento editar

Em 2019, ela foi nomeada pela BBC como uma das 100 mulheres mais inspiradoras do mundo.[1]

Referências

  1. a b c d e «BBC 100 Women 2019: Who is on the list?» (em inglês). 16 de outubro de 2019. Consultado em 20 de outubro de 2019 
  2. «Rita Atria – Testimone di Giustizia – 17 anni – Partanna». www.ritaatria.it. Consultado em 20 de outubro de 2019 
  3. a b c d e Tondo, Lorenzo (23 de julho de 2018). «'I was tired of covering my face to hide from the mafia': Italian MP Piera Aiello». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077. Consultado em 20 de outubro de 2019 
  4. «Rita Atria | enciclopedia delle donne» (em italiano). Consultado em 20 de outubro de 2019 
  5. Longrigg, Clare. "Where talking is met with deadly silence", The Independent, 21 September 1992.
  6. Pickering-Iazzi, Mafia and Outlaw Stories from Italian Life and Literature, p. 166
  7. vincenzofiglioli (13 de fevereiro de 2018). «Piera Aiello (M5S): "La mafia è uno schifo"». Itaca Notizie (em italiano). Consultado em 20 de outubro de 2019