Possessed (1947)

filme de 1947 dirigido por Curtis Bernhardt

Possessed (bra: Fogueira de Paixão ou Fogueira de Paixões; prt: Loucura de Amor)[3][4][5] é um filme noir estadunidense de 1947, dos gêneros drama policial, suspense e mistério, dirigido por Curtis Bernhardt, estrelado por Joan Crawford e Van Heflin, e coestrelado por Raymond Massey e Geraldine Brooks. O roteiro de Silvia Richards e Ranald MacDougall foi baseado no conto "One Man's Secret" (1943), de Rita Weiman.[1]

Possessed
Possessed (1947)
Cartaz promocional espanhol do filme.
No Brasil Fogueira de Paixão
Fogueira de Paixões
Em Portugal Loucura de Amor
 Estados Unidos
1947 •  p&b •  109 min 
Gênero noir
drama policial
suspense
mistério
Direção Curtis Bernhardt
Produção Jerry Wald
Produção executiva Jack L. Warner
Roteiro Silvia Richards
Ranald MacDougall
Baseado em One Man's Secret
conto de 1943
de Rita Weiman
Elenco Joan Crawford
Van Heflin
Música Franz Waxman
Leo F. Forbstein
Leonid Raab
Cinematografia Joseph Valentine
Sid Hickox
Direção de arte Anton Grot
Efeitos especiais Robert Burks
William C. McGann
Figurino Adrian
Bernard Newman
Edição Rudi Fehr
Companhia(s) produtora(s) Warner Bros.
Distribuição Warner Bros.
Lançamento
  • 26 de julho de 1947 (1947-07-26) (Estados Unidos)[1]
Idioma inglês
Orçamento US$ 2.592.000[2]
Receita US$ 3.072.000[2]

A produção marcou a estreia cinematográfica de Geraldine Brooks, que faria mais sucesso na televisão e no teatro.

Sinopse editar

Uma mulher, aparentemente catatônica, vaga pelas ruas chamando por "David". Ao ser levada para um hospital psiquiátrico, médicos descobrem que a moça é Louise Howell (Joan Crawford), enfermeira de Pauline (Nana Bryant), a esposa inválida de Dean Graham (Raymond Massey). Pauline é agressiva e antipática, e pensa que Louise está tendo um caso com seu marido. Na verdade, a mulher é apaixonada pelo arquiteto David Sutton (Van Heflin), e fica obcecada por ele após o rapaz terminar com ela.

Elenco editar

  • Joan Crawford como Louise Howell
  • Van Heflin como David Sutton
  • Raymond Massey como Dean Graham
  • Geraldine Brooks como Carol Graham
  • Stanley Ridges como Dr. Willard
  • John Ridgely como Investigador Chefe
  • Moroni Olsen como Dr. Ames
  • Erskine Sanford como Dr. Sherman
  • Peter Miles como Wynn Graham
  • Jakob Gimpel como Pianista
  • Isabel Withers como Enfermeira Rosen
  • Lisa Golm como Elsie
  • Douglas Kennedy como Promotor Assistente
  • Monte Blue como Norris
  • Don McGuire como Dr. Craig
  • Rory Mallinson como Assistente do Legista
  • Clifton Young como Interno
  • Griff Barnett como Legista
  • Nana Bryant como Pauline Graham

Produção editar

Crawford passou um tempo visitando hospitais psiquiátricos e conversando com psiquiatras para se preparar para o filme, e disse que o papel foi o mais difícil que ela já interpretou.[6]

Durante a produção, o diretor Curtis Bernhardt, que havia acabado de dirigir "Uma Vida Roubada" com Bette Davis, acidentalmente referia-se a Crawford como "Bette" às vezes.[7]

Crawford tentou, sem sucesso, convencer a Warner Bros. a mudar o título do filme para "The Secret", já que ela havia estrelado um filme com o mesmo título ("Possessed", ao lado de Clark Gable) dezesseis anos antes.[6]

A trilha sonora é de Franz Waxman, que faz um uso extensivo de uma peça para piano de Robert Schumann – o movimento "Chopin", de "Carnaval" Op. 9. A peça de Schumann é tocada ao piano por David perto do início do filme, e é utilizada ao longo da trama para enfatizar a obsessão de Louise.

Recepção editar

Herman Schoenfeld, da revista Variety, escreveu positivamente que Joan Crawford "recebe todas as honras desta produção com uma atuação virtuosa como uma mulher frustrada levada à loucura por uma mente obcecada pela culpa. A atriz tem uma autoconfiança que lhe permite dominar completamente a tela, mesmo diante de atores talentosos como Van Heflin e Raymond Massey". No geral, ele sentiu que "apesar de sua superioridade geral, Possessed é um tanto prejudicado por uma abordagem ambígua na direção de Curtis Bernhardt. O filme oscila entre ser uma análise clínica e fria de um colapso mental e ser um veículo melodramático altamente sobrecarregado para o histrionismo de Crawford".[8]

James Agee, em sua crítica para a revista Time, escreveu: "A maior parte é filmada com força e imaginação incomuns. O filme é extraordinariamente bem atuado. A Srta. Crawford está excelente", enquanto Howard Barnes, em sua crítica para o New York Herald Tribune, argumentou: "[Crawford] obviamente estudou os aspectos da insanidade para recriar um retrato bastante aterrorizante de uma mulher possuída por demônios".[9]

Mais recentemente, o crítico de cinema Dennis Schwartz deu ao filme uma crítica mista, escrevendo:

"No melodrama Possessed, do diretor emigrante alemão Curtis Bernhardt, Joan Crawford interpreta uma pessoa mentalmente perturbada que não consegue distinguir a realidade de sua imaginação. Por meio do uso de técnicas do expressionismo alemão e de muitas tomadas sombrias conhecidas do filme noir, o filme preto e branco assume um tom psicológico penetrante e defende a inocência do réu por homicídio devido à insanidade. Embora Joan tenha uma presença poderosa neste filme, ela interpretou seu papel louco de uma maneira muito fria e ostensiva para ser considerada uma figura simpática. Toda a terapia de tratamento psicológico soou como conversa fiada e a atuação de Joan foi exagerada, embora algumas de suas imaginações mórbidas fossem emocionantes e prendessem minha atenção. Muito pesado com os estímulos alemães, ainda é divertido assistir ao melodramático se desenrolar neste conto de amor autoritário, rejeição dolorosa, paranóia e assassinato".[10]

O historiador Bob Porfirio observou:

"Ao desenvolver o enredo do ponto de vista de uma neurótica e usar habilmente flashbacks e cenas de fantasia de maneira direta, a distinção entre a realidade e a imaginação de Louise fica apagada. Isso faz de Possessed um excelente exemplo de onirismo, o tom onírico que é uma característica seminal dos filmes noir".[11]

Contado quase todo em flashbacks, a produção é um excelente exemplo de filme noir pós-Guerra, e é considerado um dos melhores melodramas de Crawford na Warner Bros.[12][13] Segundo o crítico e historiador de cinema Ken Wlaschin, este é um dos dez melhores filmes de Joan Crawford.[14]

Bilheteria editar

De acordo com os registros da Warner Bros., o filme arrecadou US$ 1.987.000 nacionalmente e US$ 1.085.000 no exterior, totalizando US$ 3.072.000 mundialmente. O retorno lucrativo da produção foi de US$ 480.000.[2]

Prêmios e indicações editar

Ano Cerimônia Categoria Indicado Resultado Ref.
1948 Oscar Melhor atriz Joan Crawford Indicado [15][16]

Referências

  1. a b «The First 100 Years 1893–1993: Possessed (1947)». American Film Institute Catalog. Consultado em 15 de abril de 2023 
  2. a b c Glancy, H. Mark (1995). «Warner Bros Film Grosses, 1921–51: The William Shaefer Ledger». Historical Journal of Film, Radio and Television. 15. p. 27. doi:10.1080/01439689508604551 
  3. «Fogueira de Paixão (1947)». Brasil: AdoroCinema. Consultado em 25 de agosto de 2018 
  4. «Fogueira de Paixões (1947)». Brasil: CinePlayers. Consultado em 1 de abril de 2023 
  5. «Loucura de Amor (1947)». Portugal: DVDPT. Consultado em 25 de agosto de 2018. Cópia arquivada em 29 de julho de 2016 
  6. a b Quirk, Lawrence J. (2002). Joan Crawford: The Essential Biography . [S.l.: s.n.] pp. 139–141. ISBN 0-8131-2254-6 
  7. Quirk, Lawrence J. (outubro de 1970) [1968]. The Films of Joan Crawford. Col: Film Books. [S.l.]: Lyle Stuart, Inc. ISBN 978-0806503417 
  8. Schoenfeld, Herman (4 de junho de 1947). «Film Reviews: Possessed». Variety. p. 14. Consultado em 15 de abril de 2023 – via Internet Archive 
  9. Quirk, Lawrence J. (1968). The Films of Joan Crawford . Nova Iorque: Citadel Press. p. 166. ISBN 978-0-806-50008-9 
  10. Schwartz, Dennis (20 de dezembro de 2003). «Too heavy with German stimmung». Ozus' World Movie Reviews. Consultado em 25 de fevereiro de 2024. Arquivado do original em 24 de dezembro de 2013 
  11. Silver, Alain; Ward, Elizabeth (1992). Film Noir An Encyclopedic Reference to the American Style . [S.l.]: The Overlook Press. pp. 230–231. ISBN 0-87951-479-5 
  12. BETZOLD, Michael. «Possessed (1947)». AllMovie. Consultado em 19 de agosto de 2014 
  13. ERICKSON, Hal. «Possessed (1947)». AllMovie. Consultado em 19 de agosto de 2014 
  14. Wlaschin, Ken (1985). The World's Great Movie Stars and Their Films (em inglês). Londres: Peerage Books. ISBN 1850520046 
  15. «The 20th Academy Awards (1943) | Nominees and Winners». Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Consultado em 25 de fevereiro de 2024 
  16. «20.º Oscar – 1948». CinePlayers. Consultado em 25 de fevereiro de 2024