Psicologia dinâmica

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A psicologia dinâmica e psiquiatria dinâmica (do grego dynamis, força, potência) se baseiam no estudo dos processos emocionais, suas origens, funcionamento e os mecanismos mentais subjacentes a eles. Está em contraste direto com a psiquiatria descritiva, que se baseia no estudo de sintomas observáveis e fenômenos comportamentais, em vez de processos psicodinâmicos subjacentes.

História editar

Em convergência da física, fisiologia e filosofia dos séculos XVIII e XIX, a noção da existência de energia e forças mentais fez parte de intepretações do vitalismo, romantismo e de filósofos idealistas, que formaram base de modelos psicológicos dinâmicos precursores às teorias de psicologia médica.[1] O termo "psicologia dinâmica" é abordado no livro de história de psicologia médica por Gregory Zilboorg,[2] mas foi Henri Ellenberger o historiador que resgatou seu desenvolvimento na monumental obra The Discovery of the Unconscious: The History and Evolution of Dynamic Psychiatry (1970), apontando como ela determinou as psicoterapias psicodinâmicas, primordialmente na análise psicológica de Pierre Janet e psicanálise de Freud, e suas vertentes subsequentes, como as de Adler e Jung.[3]

Schopenhauer, dentre os idealistas alemães, figura assim como ancestral da psiquiatria dinâmica moderna por sua filosofia das manifestações da vontade (voluntarismo).[4][5] Na França, considerações de um inconsciente dinâmico e estudos sobre a motivação ocorreram intensamente dentro das especulações do espiritualismo filosófico de Maine de Biran e Théodore Jouffroy, além das práticas do magnetismo animal e hipnotismo, um conjunto que influenciaria o ambiente, teoria e prática posteriores de Jean-Martin Charcot, Théodule-Armand Ribot, Pierre Janet e Henri Bergson.[4][6][7] Pierre Janet adotou o nome de "psicologia dinâmica" (psychologie dynamique) para seu modelo pelo menos a partir da década de 20: em analogia energética, criou termos tal como "psicastenia", relacionado ao abaissement du niveau mental (abaixamento do nível mental). Segundo Ellenberger, a consideração dinâmica de Janet foi influenciada também grandemente por desenvolvimentos psicológicos e movimentos intelectuais do fim de século nos Estados Unidos, incluindo a psicologia de William James e James Mark Baldwin, além de o idealismo de Josiah Royce e o trabalho psiquiátrico dos neurologistas George Beard e Silas Weir Mitchell; em continuidade na França, grandes nomes dos anos 1950 e 1960 que praticaram a psiquiatria dinâmica são citados como sendo Henri Ey, Henri Baruk e Jean Delay.[4]

A maioria dos psiquiatras modernos acredita que é mais útil combinar as duas abordagens de psiquiatria dinâmica e descritiva em um modelo biopsicossocial.[8]

Ver também editar

Referências

  1. Weckowicz, T. E.; Liebel-Weckowicz, H. (23 de abril de 1990). «The Nineteenth Century: Vitalist-Mechanist and Psychic-Somatic Controversies». A History of Great Ideas in Abnormal Psychology (em inglês). [S.l.]: Elsevier 
  2. Zilboorg, Gregory; Henry, George W. (1941). A History of Medical Psychology.
  3. Delille, Emmanuel (2016). «Teaching the History of Psychiatry in the 1950s: Henri Ellenberger's Lectures at the Menninger Foundation». Zinbun. 47 
  4. a b c Ellenberger, Henri (1970). The Discovery of the Unconscious: The History and Evolution of Dynamic Psychiatry. New York: Basic Books 
  5. Young, Christopher; Brook, Andrew (1994). «Schopenhauer and Freud» 
  6. Samacher, Robert (2005). Psychologie clinique et psychopathologie: premier et second cycles universitaires (em francês). [S.l.]: Editions Bréal 
  7. Dwelshauvers, Georges (1920). La Psychologie Française Contemporaine.
  8. Williams, Gavin; De Kadt, Emanuel Jehuda (2001). Sociology and Development. New York: Routledge. ISBN 0-415-25670-4