Quaquernos

tribo dos galaicos
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Os quarquernos (em latim: quarquerni) foram um povo galaico, do Convento Bracarense, cujo território estava circunscrito a região média da bacia do Rio Lima, sendo Baños ( Bande, província de Ourense) antiga Aquis Querquennis o seu núcleo principal.[1]

Entrada principal do recinto de Aquis Querquennis

Fontes e denominações editar

Plínio, o Velho, na sua História Natural III, 28 fala dos Querquerni,[2] depois dos límicos; contudo, Cláudio Ptolemeu, II, 6, 46, chama-os de kuakernoi, tendo como capital Húdata Kouarkernôn (que foi traduzido para latim como Aquae Quarquernorum ), situando-os entre os Luancos e os Lubenos.[3] No Padrão dos Povos CIL II, 2477 aparece o nome de quarquerni, na Cosmografia de Ravena Aquis Cercenis.[4] Enfim, a mansão de Aquis Querquennis aparece no Itinerário de Antonino da Via Nova.[5]

Localização editar

 
Localização dos quarquenos
 
cabeça dum guerreiro quarqueno do castro de Rubiás

O Itinerário de Antonino da Via Nova ou Via XVIII, dando as distâncias entre cada estação ou mansão permite localizar aproximadamente Aqui Quarquenis. A contar de Braga (Bracara Augusta) temos:

A primeira mansão fica a vinte e uma milha romana de Braga no lugar de Saim, Chorense, Terras de Bouro,[6] a segunda em Baños de Riocaldo (Lóvios, Ourense) , e Aquis Quarquennis fica em Baños (Bande, província de Ourense).[1]

Esta localização foi confirmada com dados arqueológicos, tendo sido realizada uma primeira exploração por Florentino López Cuevillas, em 1922, na qual foram observados restos de muralhas. Em 1975, Rodríguez Colmenero observou restos de paredes e edifícios, juntamente com outros de origem romana, como azulejos, cerâmicas e mais epígrafes, o que o levou a identificar esses vestígios como a mansão rodoviária de Quarquenis. Escavações posteriores evidenciariam a existência de um acampamento romano, o que faz do local, quartel, mansão e estação termal.[1] O local era conhecido entre os habitantes da zona como A Cidá ou cidade. No entanto Aquis Querquennis só foi capital dos quarquenos depois da conquista e certamente depois da construção da Via Nova por volta dos anos 80, o castro de Rubiás era até aí sua capital de origem.[1]

Bibliografia editar

  • Fernández Guerra, Aureliano, Las diez ciudades Bracarenses da inscrição de Chaves, in Revista de Arqueologia. Lisboa. 1882
  • López-Cuevillas, Florentino A. , A mansão Aquis Quaerquernis, na rev. Nos, nº 9, janeiro de 1922.
  • Rodríguez Colmenero, Antonio, Sul da Galiza Romana . Universidade de Deusto. 1977
  • Arias Vilas, Felipe, A romanização da Galiza. Vigo. Edições Nossa Terra. 1992

Referências

  1. a b c d RODRIGUEZ COLMERO, Antonio; FERRER SIERRA, Santiago; ALVAREZ ASOREY, Rubén D. Miliarios e outras inscricións viarias romanas do noroeste hispánico (conventos Bracarense, Lucence e Asturicence). Santiago de Compostela, Consello da Cultura Galega, 2004, p 369.
  2. Plínio, o Velho História Natural, livro III, 28 “ Simili modo Bracarum XXIIII civitates CCLXXXV capitum, ex quibus praeter ipsos Bracaros Bibali, Coelerni, Callaeci, Equaesi, Limici, Querquerni citra fastidium nominentur. “
  3. Suárez, Plácido (2002). «La estructuración territorial y étnica del Conventus Bracarensis». Minius (em esp) (X). pp. 111–134 
  4. A Cosmografia do Anónimo de Ravena (Ravenate) fac-simile parcial da edição de Joseph Schnetz (Ravennatis Anonymi Cosmographia et Guidonis Geographica, Ed. Joseph Schnetz in Itineraria Romana, II, Lipsia 1940)
  5. a b Cf. Itinerarium Antonini Augusti et Hierosolymitanum, ed. Gustav Friedrich Constantin Parthey et Moritz Eduard Pinder, Berlim, 1848, p. 201-202 (Wesseling 427-429).
  6. Entre Homem e Cávado, Domingos M. da Silva 1958, tome 1, p. 141