Rasapa

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Rasapa (Raṣappa e Rasaappa) ou Rusapu foi uma cidade e região de localização incerta que foram atestadas em fontes acádias (assírias e babilônicas) e persas precoces (aquemênidas). Aparece nos registros assírios desde o final do século IX a.C., quando foi anexada aos domínios do rei da Assíria, Salmanaser III (r. 859–824 a.C.). Desde então tornar-se-ia sede de governadores assírios e vários deles tiveram seus nomes e feitos registrados. Em 611 a.C., ela foi saqueada pelas forças do rei da Babilônia, Nabopolassar (r. 626–605 a.C.).

Relevo retratando Jeú se curvando diante de Salmanaser III
Império Neoassírio em 824 a.C. e 671 a.C.

Identificação

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Originalmente associou-se Rasapa com a cidade romano-bizantina de Resafa, que se situa mais ao sul, na Síria. Hoje vários estudiosos localizam Rasapa entre o rio Cabur a oeste, o uádi Tartar a leste, as montanhas Sinjar a norte e o rio Eufrates a sul.[1]

Apesar disso, há estudiosos, como Edward Lipiński, que preferem continuar a associá-las ao considerarem que tal revisão causaria conflito no relato bíblico de Resepa (Reis 19:12 e Isaías 37:12),[2] no qual o rei assírio Senaqueribe (r. 705–681 a.C.) envia emissários ao rei de Judá, Ezequias, ordenando a rendição de Jerusalém. Nesse episódio, os emissários mencionam que as deidades locais das cidades-estado aramaicas de Gozana, Harã e Resepa foram incapazes de impedir o avanço assírio. A. J. Couch, por sua vez, sugere haver duas Rasapa.[3]

História

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Estela de Adadenirari III

Segundo registros oficiais assírios, ela foi anexada ao Império Neoassírio durante o reinado do rei Salmanaser III (r. 859–824 a.C.).[4] Em 840/839 a.C., seu governador Samasabua (Šamaš-abua) realizou uma expedição contra o monte Líbano, enquanto em 838/837 a.C. Inurta-Quibsi-Usur (Inurta-kibsi-usur) atacou Malai. Durante o reinado de Adadenirari III (r. 810–783 a.C.), Rasapa foi uma das terras atribuídas a Nergalerixe (Nergal-eriš) ou Palilerixe (Palil-eriš),[4] que em 803/802 a.C. fez campanha contra Ba'alu[5] e em 775/774 a.C. contra o monte Líbano.[6] Se sabe que nessa época a cidade de Zamau (atual Tel al-Rima) pertenceu a esta província.[7]

Em 770/760, o governador Sinsalimani (Sin-šallimanni) reuniu suas tropas para auxiliar na expulsão duma incursão na região encabeçada pelos arameus da tribo hatalu (hatallu), porém suas forças foram insuficientes perante os 2 000 soldados inimigos e ele teve que retornar.[4] Esse indivíduo foi novamente mencionado na Lista Epônima Assíria na descrição do ano 747/746 a.C. Em 737/736 a.C., o governador Belemurani (Bel-emuranni) invadiu a Média, enquanto em 718/717 a.C. Zeruibni (Zeru-ibni) invadiu Tabal.[8]

Em 611 a.C., tropas do rei babilônico Nabopolassar (r. 626–605 a.C.) saquearam Rasapa e levaram seu povo para o rei em Nínive. Fontes neobabilônicas e aquemênidas precoces da Babilônia fazem referências a rebanhos que estavam sendo pastoreados na região de Rasapa.[4]

Referências

Bibliografia

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  • Bryce, Trevor (2009). The Routledge Handbook of the Peoples and Places of Ancient Western Asia: The Near East from the Early Bronze Age to the Fall of the Persian Empire. [S.l.]: Routledge. ISBN 1134159080 
  • Fowden, Elizabeth Key (1999). The Barbarian Plain: Saint Sergius between Rome and Iran. [S.l.]: University of California Press. ISBN 0520922204