Rebordosa (Penacova)

Rebordosa é uma aldeia na margem norte do Rio Mondego, junto à EN110. Pertence à freguesia de Lorvão, concelho de Penacova, distrito de Coimbra.
Hoje deve ter cerca de 300 habitantes. Antigamente o seu número de residentes era maior mas a emigração e a fraca taxa de natalidade fizeram descer o número de pessoas desta aldeia. A proximidade com a capital de distrito fez com que muitos habitantes da Rebordosa fossem para lá, procurar trabalho.

Rebordosa
Rebordosa (Penacova)
Capela da Rebordosa
Gentílico Rebordosense
Distrito Coimbra
Município Penacova
Freguesia Lorvão
Área área km²
População 300 hab. (censo)
Densidade densidade hab./km²
Orago Santo António
Código postal 3360-108 Lorvão
Povoações de Portugal

História da capela da Rebordosa

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Fundada na Idade Média. Reconstruída em 1866 por Almeida Viegas pertenceu a uma família de Padres do Concelho de Vila Nova de Poiares, descendentes de José M. Pimentel. Estes viveram na casa anexa e doaram a capela ao povo. O altar-mor da capela foi trazido através de uma barca serrana, dentro da qual veio em peças. Este altar destinava–se ao Mosteiro de Lorvão e está datado de 1862. Este altar teria sido construído no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. O altar-mor tem colunas clássicas com capitéis de folhas de acanto, é em talha dourada de cor azul. Dizem os antigos que antes da actual pintura tinha uma cor de mármore rajada de vermelho. Foi restaurada em 1989 e durante essas obras foi encontrado um arco de estilo românico junto à entrada da sacristia. Tem várias imagem, o padroeiro Santo António todo ele feito em pedra, a nossa Senhora de Fátima, Santa Teresa, Nossa Senhora da Conceição, S. Sebastião, Menino Jesus, Sagrado Coração de Maria, Sagrado coração de Jesus. A torre da capela com cerca de 20 metros tem um cata-vento em forma de galo e tem dois sinos em bronze feitos em Braga em 1896 e 1910 por João ferreira Lima Matteoti. Na sacristia existe uma santa de pedra alva decepada com cerca de um metro e chamam–na Senhora do Rosário e tem o menino Jesus ao colo. No ano de 2004 de Maio até Agosto foi sujeita ao último restauro, sendo pintado o seu interior e o seu exterior, o tecto foi reposto em madeira pintada, o seu passadiço central foi colocado em ladrilhos e o restante pavimento foi reposto em madeira. Este é o monumento mais importante da povoação, e nele se junta aos domingos população católica para exercer a sua devoção.

Costumes e tradições da Rebordosa

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-O rio Mondego está intimamente ligado à história desta povoação próxima de Coimbra. Era nele que antigamente se lavava a roupa à mão e, servia para regar as terras e até lá iam buscar cântaros de água para beber, nos anos em que secavam as fontes (a aldeia tem três fontes: a fonte de Santo António, o chafariz e a fonte dos passarinhos). No Mondego dantes passavam as barcas serranas, com o objectivo de fazer transporte de produtos entre o Porto da Raiva e a Figueira da Foz e vice-versa nele havia rodas de púcaros para irrigar as várzeas.

-A aldeia tem várias Alminhas, embora dantes tivessem existido mais. Eram e são locais de devoção, próximos das casas, nos caminhos e algumas até incrustadas nas casas de construção mais antigas.

-No início do ano cantavam-se as Janeiras e os Reis. Um grupo constituído por homens, mulheres e jovens cantava à porta de cada casa, para pedir um chouriço, uma laranja ou até uns tostões. O refrão que cantavam era este:

“Ó que noite tão ditosa,
Que ao mundo deu alegria,
Já nasceu o Deus menino,
Filho da Virgem Maria.”
"Glória seja a de Deus pai,
E a de Deus, e a de Deus Filho também
Glória seja a do espírito santo,
E para todo, e para todo o sempre ámen".

Em Fevereiro festejava-se o Entrudo: no período de um mês que o antecedia as mulheres assorriavam, os jovens lançavam pulhas de locais altos ou mesmo do cimo de árvores, criticando alguém com a ajuda de um funil para ampliar a voz que seria ouvida por todos no silêncio da noite. Os jovens dantes também punham badalos nas portas durante a noite (os mais usados eram as cabeças de nabo para não estragar a madeira). Os foliões usavam fio de pesca para manejar o badalo, bem ao longe, para não se identificarem. O objectivo era acordar os donos da casa e levá-los à irritação verbal.

Na terça-feira de Carnaval ao pôr-do-sol fazia-se o enterro do Entrudo: era uma procissão de pessoas mascaradas, que levavam até ao rio Mondego um boneco feito de palha em cima de uma padiola. Chegados à margem do rio, junto ao Porto do barco, incendiavam o boneco que era atirado ao rio e ardia até chegar à actual ponte Rebordosa – Louredo no meio de muitos assorrios (gritos fingidos).

-A Rebordosa era uma aldeia predominantemente agrícola: nas terras férteis, semeavam sobretudo batata e milho. Na época das colheitas faziam-se à luz da candeia as desfolhadas do milho nas eiras que geravam um forte convívio social e assumiam um papel lúdico. Ao presente a quem saísse o milho vermelho, este tinha direito a beijar todos os participantes. Àquele a quem saísse milho cinzento, podia dar um beliscão e aquele a quem saísse o milho rajado podia dar um abraço a todos os intervenientes. Durante a Quaresma homens e mulheres em dois grupos distintos cantavam a cerca de 100 metros uns dos outros as Almas Santas, para obterem fundos a fim de serem rezadas missas pelos seus antepassados. Na altura da Páscoa era o tempo para se encherem as casas com a família e amigos, para receberem na 3ª feira de Páscoa a Visita Pascal. A Cruz era recebida à porta por um pequeno tapete de rosmaninho e feno, hoje plantas quase inexistentes. Em Maio cumpria-se a devoção à Virgem Maria, realizando-se a Procissão das velas pelas principais ruas da povoação. O mês de Junho era de folia nas vésperas do Santo António, de S. João e de S. Pedro. Acendiam-se fogueiras e os mais jovens saltavam, cantavam e bailavam junto delas. A principal festa da Rebordosa é a de S. António ,que há umas 3 décadas se realizava em Outubro de cada ano. Porém a data desta foi alterada para Agosto nos últimos anos, devido à vinda de emigrantes e de pessoas que vivem na capital ou simplesmente porque é um mês de férias. Na festa anual realizava-se sempre uma procissão com todas as imagens da capela, acompanhada pelos acordes de uma Filarmónica e pelo estalejar dos foguetes. E à noite não podia faltar o baile e a quermesse como atracções principais. Antigamente os bailes realizavam-se ao ar livre mas actualmente têm lugar na sede da nossa Associação: a União Popular da Rebordosa.

Rebordosa tem uma escola há várias décadas, por onde passaram várias gerações, mas esta está fechada desde 2005, devido à falta de alunos.

O Natal é e foi sempre a festa de convívio familiar nesta aldeia, a refeição era melhorada e comiam-se os coscoréis. Era assim o passado na Rebordosa e muitas das tradições aqui descritas estão a perder-se.

Virgem Peregrina na Rebordosa, 50 anos depois

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Nos dias 7 e 8 de Maio de 2010 a imagem Peregrina da Nossa Senhora de Fátima esteve na Rebordosa. No dia 7 às 22h cerca de 200 habitantes da Rebordosa receberam a imagem proveniente do Foz do Caneiro, junto à placa da povoação, com Cânticos , orações e flores , muitas flores. Foi feito um arco em verduras, tapetes floridos , bem como enfeites em papel e vinte altares em todo o percurso da procissão. Há 50 anos que a imagem peregrina não vinha à Rebordosa . No dia 8, houve adoração na Capela onde a imagem ficou exposta e Missa solene acompanhada pelo Grupo Coral. A procissão de despedida ocorreu nesse dia pelas 20h. Centenas de pessoas acompanharam a Imagem da Rebordosa até Chelinho. Um grupo musical de jovens da Rebordosa, acompanhou as procissões. A vinda da Imagem deveu-se ao trabalho prévio realizado pelo pároco Cândido Plácido. Foi um acontecimento histórico e inesquecível para os habitantes da Rebordosa.