Refinaria de Manguinhos
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A Refinaria Refit,[1] mais conhecida como Refinaria de Manguinhos é uma refinaria de petróleo brasileira localizada no município do Rio de Janeiro, no estado do Rio de Janeiro.[2] Seus principais produtos são gasolina, óleo diesel, gás liquefeito de petróleo e óleos combustíveis, além de comercialização e distribuição de derivados de petróleo.
História
editarA idealização da refinaria, localizada na zona norte do Rio de Janeiro, começou em 30 outubro de 1945 com a publicação de um decreto no Diário Oficial e o edital de concorrência pública para a instalação de duas refinarias de petróleo, uma em São Paulo e outra no Rio de Janeiro.[2][3]
O projeto foi idealizado por Drault Ernanny, empresário, banqueiro e político, defensor da autossuficiência energética do Brasil. Formou-se então um grupo que fundou uma unidade no Rio de Janeiro, que anos depois viria a ser a Refinaria de Petróleos de Manguinhos. O instalação chegou a sofrer com pressão das “sete irmãs” – as grandes empresas multinacionais do petróleo que exerciam o controle total da venda no Brasil.[4]
A refinaria foi criada com capital privado totalmente nacional, superando grandes desafios, que começaram, ainda, na fase de obras, pois foi construída sobre uma área de mangue. Logo após a sua inauguração, a refinaria já tinha uma capacidade inicial de produção de 10 mil barris por dia, atendendo cerca de 90% do consumo diário da cidade do Rio de Janeiro.[5]
Em 1953, durante a campanha O Petróleo é Nosso, o presidente Getúlio Vargas aprovou a Lei do Petróleo, que criou a companhia Petróleo Brasileiro S.A., o monopólio estatal na exploração, refino e transporte do petróleo e derivados. As refinarias particulares deveriam seguir algumas determinações, como usar 50% de seus lucros em parceira com a Petrobras, e também participar do sucesso em caso de descoberta de novos poços de petróleo no país.[2]
A refinaria iniciou suas operações em 14 de dezembro de 1954 durante a campanha "O petróleo é nosso".[2] Nos anos 50, a refinaria pertencente ao Grupo Peixoto de Castro, e que faziam parte duas figuras influentes, Pedro Raggio e Batista Pereira, conseguiram quase o monopólio do fornecimento para o Distrito Federal.[6] Em 1998 o controle acionário foi dividido com a companhia argentina Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPF). Com a fusão da YPF com a Repsol, em 1999, parte do controle passou para a nova companhia Repsol YPF.[2][7]
Existiu um projeto em 2007 para a produção de biodiesel a partir de óleo de cozinha usado,[8] não sendo implementado.
A produção, que chegou a ser paralisada em agosto de 2005[9] enquanto a empresa operava apenas com compra e venda de derivados.[10]
O controle acionário foi adquirido em 17 de dezembro de 2008 pelo Grupo Andrade Magro,[2] através da Grandiflorum Participações, por R$ 7 milhões de reais. Com a compra, o Grupo também adquiriu suas subsidiárias Manguinhos Química e Manguinhos Distribuidora.
A partir da aquisição do Grupo Magro, foram investidos mais de R$ 100 milhões na modernização de seu parque de Refino e de tancagem.
A companhia retomou um amplo processo de renovação no final de 2014 após a suspensão, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), da desapropriação da refinaria[11] decretada pelo governo do estado do Rio de Janeiro, em 2012, quando a empresa foi obrigada a interromper suas atividades.[2] Manguinhos retomou suas atividades em 2015.[12] Atualmente, refina 40 milhões de litros por mês de gasolina e importa 15 milhões de litros por mês de óleo diesel. A infraestrutura de armazenagem é de 1,3 milhão de barris. O Grupo Magro detém 60% das ações da companhia, que possui também cerca de 7 mil acionistas, com papéis negociados na Bovespa. São gerados cerca de 300 empregos diretos na unidade.
Em dezembro de 2016, a refinaria teve seu plano de recuperação judicial aprovado em assembleia de credores.[13]
Sonegação de impostos
editarA refinaria foi utilizada como base operacional para sonegação de impostos estaduais e interestaduais entre os anos de 2002 a 2006, conforme apurou uma CPI da ALERJ. Os valores sonegados chegaram ao valor de R$ 850 milhões conforme investigações. Os envolvidos na fraude, foram o empresário Ricardo Magro, Marcelo Sereno, ex-secretário de Comunicação do PT, Elmiro Chiesse Coutinho, Hiroshi Abe Júnior, Jorel Lima, Eduardo Cunha, ex-deputado federal, entre outros, além das empresas Inca Combustíveis e Grandiflorum Participações.[14][15]
Em 2015, a refinaria novamente foi denunciada por fraude do ICMS, com um rombo de R$ 36 milhões, conforme apurou a Receita do Rio de Janeiro. As manobras para sonegar o imposto ocorreram em outubro de 2011; entre fevereiro e julho de 2012; e entre outubro de 2012 e janeiro de 2013. Os quatro administradores denunciados foram Paulo Henrique Oliveira de Menezes, Gerson Vicari, Maurício de Souza Mascolo e Jorge Luiz Cruz Monteiro.[16]
A empresa também trava batalha judicial com o Estado de São Paulo sobre débitos bilionários devidos ao fisco paulista.[17][18] Segundo dados informados pela Procuradoria Geral do Estado (PGE-SP) em processo perante o Supremo Tribunal Federal em dezembro de 2018, a refinaria acumulava cerca de R$ 2,7 bilhões de débitos inscritos em dívida ativa do Estado de São Paulo.[19] Ainda segundo a PGE-SP, em janeiro de 2020 a dívida atingiu cerca de R$ 3,6 bilhões de reais em impostos declarados, porém não pagos.[20]
Referências
- ↑ «Preparada para o futuro, refinaria apresenta sua nova marca». O Globo. 30 de novembro de 2017. Consultado em 29 de janeiro de 2024
- ↑ a b c d e f g «Refinaria revela uma história de pioneirismo repleta de desafios». O Globo. 29 de dezembro de 2017. Consultado em 29 de janeiro de 2024
- ↑ «Diário Oficial da União, Seção 1, pg 14». www.jusbrasil.com.br. 30 de outubro de 1945. Consultado em 12 de maio de 2021
- ↑ «Refinaria revela uma história de pioneirismo repleta de desafios». O Globo. 29 de dezembro de 2017. Consultado em 12 de maio de 2021
- ↑ «IBGE | Biblioteca | Detalhes | Refinaria de Manguinhos : Rio de Janeiro (RJ)». biblioteca.ibge.gov.br. Consultado em 12 de maio de 2021
- ↑ Nassif, Luis (17 de março de 2019). «As famílias que comandavam o Brasil a partir do Rio dos anos 50». Jornal GGN. Consultado em 1 de setembro de 2024
- ↑ institucional Refinaria Manguinhos
- ↑ Denise Luna - Reuters. «Manguinhos vai produzir biodiesel a partir de óleo de cozinha». Consultado em 30 de Junho de 2009
- ↑ Denise Luna - Reuters. «Manguinhos volta a produzir gasolina e não descarta biodiesel». Consultado em 30 de Junho de 2009
- ↑ Monitor Mercantil Digital. «Refinaria de Manguinhos: A volta com biodiesel». Consultado em 30 de Junho de 2009
- ↑ «Refinaria de Manguinhos amplia produção de gasolina apesar de dívidas - 14/10/2015 - Mercado - Folha de S.Paulo». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 30 de janeiro de 2017
- ↑ «Refinaria de Manguinhos e distribuidoras brigam nos bastidores». Gazeta do Povo
- ↑ «Credores aprovam plano de recuperação judicial da Refinaria Manguinhos». G1
- ↑ Investigação aponta envolvimento de 'deputado ou senador' com esquema na Refinaria de Manguinhos Jornal O Globo - acessado em 30 de janeiro de 2017
- ↑ Eduardo Cunha e a sonegação de Manguinhos Jornal GGN - acessado em 30 de janeiro de 2017
- ↑ Administração da Refinaria de Manguinhos sonegou mais de R$ 36 mi - Fraude do ICMS provocou rombo nos cofres públicos. Denunciados mentiram informações apresentadas à Receita Jornal O Dia - acessado em 30 de janeiro de 2017
- ↑ «STF libera processo de cassação em SP da inscrição estatual de Manguinhos». Valor Econômico. Consultado em 24 de janeiro de 2020
- ↑ «São Paulo tenta cassar Manguinhos». ISTOÉ Independente. 24 de setembro de 2019. Consultado em 24 de janeiro de 2020
- ↑ STF. Ministro Dias Toffoli. (28 de novembro de 2019). «Liminar em suspensão de tutela provisória 102 - RJ» (PDF). Consultado em 24 de janeiro de 2020
- ↑ «Visualização de notícias». www.pge.sp.gov.br. Consultado em 24 de janeiro de 2020
Ligações externas
editar- Sítio oficial (em português)