Fon-fon

revista brasileira
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 Nota: Para o maestro e compositor, veja Otaviano Romero Monteiro.

Fon-Fon foi uma revista brasileira fundada no Rio de Janeiro, que circulou entre 13 de abril de 1907 e setembro de 1958.[1]

Fon-Fon
Frequência Semanal
Fundador(a) Alexandre Gasparoni
Giovanni Flogliani
Gonzaga Duque
Mario Pederneiras
Lima Campos
Fundação 1907
Primeira edição 13 de abril de 1907
Última edição setembro de 1958
País  Brasil
Baseada em Rio de Janeiro
Idioma Português

História e perfil

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A revista Fon-Fon foi concebida por Jorge Schmidt. Tendo como um de seus idealizadores o célebre escritor e crítico de arte Gonzaga Duque, tinha no enfoque dado a ilustração uma de suas principais características. A revista, inclusive, tornou célebres ilustradores como Nair de Tefé, J. Carlos, Raul Pederneiras e K. Lixto e contou, inclusive, com a colaboração do pintor Di Cavalcanti em 1914.[2] A carta de intenções veiculada pela revista em seu primeiro exemplar dizia como eles viam a sociedade fluminense: "Para os graves problemas da vida, para a mascarada Política, para a sisudez conselheiral das Finanças e da intrincada complicação dos Principios Sociaes, cá temos a resposta própria: aperta-se a 'sirene', e... Fon-Fon!,, Fon-Fon!"[1]

O nome da revista, que remete à onomatopeia da buzina dos automóveis, foi desenvolvido pelo cartunista e poeta Emílio de Meneses. Em seu início, a publicação tinha um chofer de nome Fon-Fon como personagem principal, enfatizando a identificação do periódico com os preceitos da modernidade. A intensa utilização de caricaturas coloridas, charges e fotografias, litografia e xilogravura passavam de forma visual essa identificação. De teor agradável, tinha como objetivo provocar risos e trazer alegria aos seus leitores com piadas finas e brincadeiras educadas.[3]

O surgimento da revista coincidiu com o fim das reformas ocorridas na cidade do Rio de Janeiro, promovidas pelo prefeito Pereira Passos. A reforma foi finalizada em 1906, e a primeira publicação da revista se deu em 1907. A estrutura do periódico, com assuntos relacionados a literatura, mundanismo e atualidades, revela um caráter francófilo e francófono da sociedade fluminense.[4]

O espectro de temas do periódico passava por hábitos cariocas, como ir aos cafés e aos jogos de futebol; crítica de arte, de cinema e de teatro; atualidades, cinema e literatura; crônica social e sátira política; charadas, curiosidades e jogos; colunismo social e concursos, moda feminina e vida doméstica. Levava aos seus leitores, flagrantes em fotos de artistas, pessoas da alta sociedade carioca, jornalistas brasileiros e estrangeiros, políticos, e as últimas notícias sobre moda e comportamento no exterior.[2]

Em 1915, a Fon-Fon sofreu mudanças em sua propriedade e sua direção. Sérgio Silva passou a ser o detentor do semanário, permanecendo assim até a última edição. O poeta Mário Pederneiras, que acabou sozinho na liderança da publicação, passou a ter ao seu lado Álvaro Moreira - como diretor -, Felipe de Oliveira, Hermes Fontes, Homero Prates, Olegário Mariano, Paulo Godói, Rodrigo Otávio Filho, Ronald de Carvalho, Rui Pinheiro Guimarães e Ribeiro Couto. O periódico também teve a colaboração de Gustavo Barroso, Mário Sette, Oscar D'Alva, Mário Poppe e Bastos Portela. Correia Dias transformou-se no ilustrador, com participações pontuais de outros artistas, como Di Cavalcanti e Fabian. Nesse momento é possível constatar na revista uma identificação com as ideias do modernismo, influência que se intensificou na década de 1920.[2]

A partir da década de 1930, os espaços representativos para as crônicas sociais e as sátiras políticas começaram a ficar escassos e perderam o vigor que tinham, transferindo o lugar para a figura feminina e para a divulgação de textos de beleza, comportamento, elegância e luxo. Segmentos como Culinária de bom gosto, Conselhos às mães, Páginas do lar, Como ser bela e moldes para roupas figuravam ao lado das notas sobre o cotidiano e dos escritos sobre literatura, da mesma maneira, a fotografia tomou o espaço da ilustração. Dessa forma, desde a Era Vargas, a publicação buscou constituir pautas relacionadas à afirmação de papéis ideais para a mulher. Observa-se também o aumento da utilização de material acerca da infância, invariavelmente de conteúdo disciplinador.[2]

Durante o período do Estado Novo (1937-1945), a revista alinhou-se ideologicamente ao governo de Getúlio Vargas. Na edição nº 26, de 1941, o intelectual Mario Poppe exalta as qualidades de chefe de estado de Vargas, e o nacionalismo dito saudável, por ele.[1] Em 1942, com o ingresso do Brasil na Segunda Guerra Mundial, grande parte dos textos tornaram a enfatizar o orgulho nacional, o espírito patriótico e guerreiro do brasileiro. Nesse tempo, o esforço para mudar o viés de conteúdo fez com que a Fon-Fon se aproximasse do gênero do fotojornalismo de atualidades. A revista também envolveu-se na campanha das sufragistas em defesa do voto feminino.[2]

Até junho de 1943, recebeu o slogan de "Semanário alegre, politico, crítico e esfusiante”, quando uma mudança editorial ocorrida a partir de julho alterou este subtítulo para "Uma revista para o lar", indicando o enfoque de seu conteúdo para o universo feminino.[1]

Referências

  1. a b c d FRANQUI, Renata; PERIOTTO, Marcília Rosa (2015). A trajetória de fon-fon! (1907-1958): de semanário ilustrado e crítico à revista para o lar. [S.l.]: Universidade Estadual do Maringá. p. 2 
  2. a b c d e BASSO, Eliane (2008). Fon-fon! Buzinando a modernidade (PDF). Rio de Janeiro: Secretaria Especial de Comunicação Social/Prefeitura do Rio de Janeiro. Consultado em 5 de abril de 2019 
  3. DANTAS, Carolina. «FON FON» (PDF). Centro de Pesquisa e Documentação de História do Brasil Contemporâneo - Fundação Getúlio Vargas 
  4. ZANON, Maria Cecília. «Fon-Fon! – um registro da vida mundana no Rio de Janeiro da Belle Époque». Patrimônio e Memória - Unesp. Consultado em 28 de janeiro de 2019 

Ver também

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Ligações externas

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