Ricardo Orsini
Ricardo Orsini (em italiano: Riccardo Orsini) foi o conde palatino de Cefalônia e Zacinto de antes de 1260 até sua morte em 1303/1304, e também capitão-geral de Corfu de 1286–90 e conde de Gravina em 1284–91. Ele também serviu como bailio angevino no Principado da Acaia de 1297 a 1300.[1]
Ricardo Orsini | |
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Conde palatino de Cefalônia e Zacinto Conde de Gravina Capitão-general de Corfu Bailio do Principado da Acaia pelo Reino de Nápoles | |
Selo de Ricardo Orsini | |
1238/ca. 1260 – 1303/4 | |
Antecessor(a) | Mateus Orsini (?) |
Sucessor(a) | João I Orsini |
Nascimento | século XIII |
Condado de Flandres | |
Morte | 1303 ou 1304 |
? | |
Cônjuge | Desconhecida Margarida de Vilearduin |
Descendência | João I Orsini Guilherma Duas filhas de nome desconhecido |
Casa | Orsini |
Pai | Mateus ou Teodoro Orsini |
Religião | Cristianismo |
Vida
editarRicardo é geralmente considerado o filho de Mateus Orsini, conde palatino de Cefalônia e Zacinto, e uma filha do sebastocrator João Comneno Ducas.[2] Contudo, dado o longo período entre o começo do reinado de Mateus nos primeiros anos do século XIII e a data atestada da morte de Ricardo, é possível que outro personagem pode ser intercalado entre Mateus e Ricardo, talvez o "conde Teodoro" referido num documento de 1264 (possivelmente filho de Mateus e pai de Ricardo).[3]
É incerto quando Ricardo exatamente tornou-se conde palatino; ele não é especificadamente registrado pelo nome em nenhum documento até 1264.[4] Contudo, segundo testemunho do cronista posterior Marino Sanudo, o Velho, ele ainda era jovem em torno de 1262, quando Guilherme II de Vilearduin assumiu a regência do condado após seu retorno do cativeiro bizantino.[3] Alguns autores datam sua ascensão tão cedo quanto 1238,[1] a data do último documento referindo Mateus Orsini, frequentemente assumido como a data de sua morte. Se assim for, Ricardo foi então talvez o "conde de Cefalônia" referido numa tentativa veneziana para formar uma aliança com os governantes francos da Grécia em ajuda do sitiado Império Latino de Constantinopla.[5]
Já desde o tempo de seu pai, o conde palatino foi um vassalo do Principado da Acaia, e através dele, após o Tratado de Viterbo, do Reino de Nápoles. Nesta capacidade, ele também reteve o posto de capitão-general de Corfu e Butrinti na costa albanesa em 1286–90.[4] Em 1291/92, ele participou com 100 cavaleiros numa campanha para ajudar o déspota do Epiro, Nicéforo I Comneno Ducas, contra os bizantinos que estavam sitiando Janina, junto com 400–500 cavaleiros da Acaia sob Nicolau III de Saint-Omer. Em troca, Nicéforo enviou sua filha, Maria, como refém para Cefalônia. Após os bizantinos serem repelidos, ela foi casada com o filho e herdeiro de Ricardo, João I Orsini. Isto despertou a indignação de Nicéforo, que não havia sido consultado, e quem não foi apaziguada até 1295, quando o jovem casal foi viver em sua corte.[1][6][7]
Após a morte do príncipe da Acaia, Florente de Hainaut, sua viúva, a princesa Isabel de Vilearduin nomeou Ricardo para governar em seu nome como bailio e retirou-se para o castelo de Calamata.[8] Seu mandato parece ter sido pacífico com relação ao conflito com os gregos bizantinos de Mistras, mas o assunto da sucessão permaneceu aberto pois Isabel teve uma filha, Matilda de Hainaut (nascida em 1293). Por sugestão de Ricardo Orsini, a jovem herdeira da Acaia foi casada com o duque de Atenas, Guido II de la Roche. Seu casamento ocorreu em 1305.[9][10]
Ricardo manteve seu posto até 1300, quando foi substituído por Nicolau III de Saint Omer, sob conselho do chanceler Benjamim de Calamata. Isso começou um período de rivalidade entre Ricardo e Benjamim; em 1303, os amigos de Ricardo na corte persuadiram o príncipe Filipe de Saboia a deter Benjamim, que foi libertado após pagar 20 000 hipérpiros como resgate. Em resposta, Benjamim conquistou o ouvido do príncipe, e forçou Ricardo a pagar a mesma soma em troca da posse de metade duma vila, que retornou aos domínios principescos após a morte de Ricardo.[11] Ricardo foi morto em 1303 ou 1304 por um de seus próprios cavaleiros, um homem chamado Leão.[12][13]
Família
editarRicardo casou-se duas vezes: sua primeira esposa é desconhecida, e sua segunda, com que casou em 1299, foi Margarida de Vilearduin, filha da princesa Isabel. De seu casamento, teve quatro crianças, um filho, João I Orsini, e três filhas.[1][2] Suas três filhas casaram com altos nobres de Acaia: um, Guilherma, casou-se com o grande condestável João Chauderon, que morreu em 1299, e depois disso com Nicolau III de Saint Omer; a segunda casou-se com João de Durnay, barão de Gritzena; e a terceira casou-se com Engelberto de Liederkerque, um sobrinho do príncipe Florente de Hainaut, que sucedeu Chauderon como condestável.[14] De seu segundo casamento, Ricardo teve uma filha, mas ela morreu infante.[12]
Ver também
editar
Precedido por Administração direta de Florente de Hainaut Próximo titular: Guido de Charpigny |
Bailio angevino no Principado da Acaia 1297–1300 |
Sucedido por Nicolau III de Saint Omer |
Precedido por Último titular: Ricardo de Say |
Conde de Gravina 1278–1295 |
Sucedido por Próximo titular: Pedro Tempesta |
Precedido por Mateus Orsini (?) |
Conde palatino de Cefalônia e Zacinto Antes de 1260–1304 |
Sucedido por João I Orsini |
Referências
- ↑ a b c d Trapp 1990, PLP 24307.
- ↑ a b Bon 1969, p. 706.
- ↑ a b Kiesewetter 2006, p. 352.
- ↑ a b Nicol 2010, p. 36.
- ↑ Setton 1975, p. 91, 501.
- ↑ Bon 1969, p. 167.
- ↑ Nicol 2010, p. 40, 43.
- ↑ Bon 1969, p. 170–171.
- ↑ Bon 1969, p. 171–172.
- ↑ Longnon 1969, p. 265.
- ↑ Bon 1969, p. 173, 175–176.
- ↑ a b Bon 1969, p. 176.
- ↑ Nicol 2010, p. 53 nota 82.
- ↑ Bon 1969, p. 168, 171, 706.
Bibliografia
editar- Bon, Antoine (1969). La Morée franque. Recherches historiques, topographiques et archéologiques sur la principauté d’Achaïe. Paris: De Boccard
- Kiesewetter, Andreas (2006). «Preludio alla Quarta Crociata? Megareites di Brindisi, Maio di Cefalonia e la signoria sulle isole ionie (1185-1250)». In: Ortalli, Gherardo; Ravegnani, Giorgio; Schreiner, Pater. Quarta Crociata. Venezia - Bisanzio - Impero latino. Atti delle giornate di studio. Venezia, 4-8 maggio 2004 (em italiano). Veneza: Instituto Veneziano de Ciência, Letras e Arte. ISBN 8888143742
- Longnon, Jean (1969). «The Frankish States in Greece, 1204–1311». In: Wolff, Robert Lee; Hazard, Harry W. A History of the Crusades, Volume II: The Later Crusades, 1189–1311. [S.l.]: University of Wisconsin Press. pp. 234–275
- Nicol, Donald MacGillivray (2010). The Despotate of Epiros 1267–1479: A Contribution to the History of Greece in the Middle Ages. Cambridge, Reino Unido: Cambridge University Press. ISBN 978-0-521-13089-9
- Setton, Kenneth Meyer (1975). The Papacy and the Levant, 1204–1571: Volume I. The Thirteenth and Fourteenth Centuries. Filadélfia: The American Philosophical Society. ISBN 0-87169-114-0
- Trapp, Erich; Beyer, Hans-Veit; Leontiadis, Ioannis (1990). «24307. Ῥιτσάρδος». Prosopographisches Lexikon der Palaiologenzeit. 10. Viena, Áustria: Verlag der Österreichischen Akademie der Wissenschaften