Roger Pinto Molina

político boliviano

Roger Pinto Molina (Santa Rosa, Beni, Bolívia, 23 de abril de 1960 - Brasília, Brasil, 16 de Agosto de 2017)[1] foi um político boliviano de orientação política de direita,[2][3] senador do partido Plan Progreso para Bolivia-Convergencia Nacional.

Roger Pinto Molina
Roger Pinto Molina
Roger Pinto Molina
Deputado Federal por borde Pando
Período 1997
até 2002
Senador por borde Pando
Período 2005
até 2012
Dados pessoais
Nascimento 23 de abril de 1960
Santa Rosa, Beni,  Bolívia
Morte 16 de agosto de 2017 (57 anos)
Brasília, DF,  Brasil
Partido PPB - CN
Profissão Político

Carreira política editar

Pinto Molina foi eleito para a Câmara dos Deputados em 1997, como único representante do eleitorado 67 em Pando (cobrindo as áreas das províncias de Nicolás Suáres, Manuripi e General Federico Román) como candidato da Ação Democrática Nacionalista (ADN). Seu concorrente era Edgar Balcázar Velasco.[2] Pinto também havia sido prefeito de Pando.[3]

Em 2002, Roger Pinto foi diretor da Igreja Batista, assistente técnico do Banco Central da Bolívia, presidente da Cooperativa Telefônica em Cobija, membro da diretoria da Federação das Cooperativas Telefônicas (FECOTEL), presidente do Tribunal Eleitoral de Pando, presidente da Associação de Criadores de Gado em Pando, vereador na cidade de Cobija e secretário executivo regional da ADN.[2] Pinto também é latifundiário, possuindo 3.269 hectares de terra em El Lago e El Atajo (ambas áreas dos municípios de Porvenir).[3]

Em 2005, Pinto foi eleito para o Senado com candidato do Podemos por Pando.[4] Ele foi líder da bancada do Podemos no Senado[5] e reeleito para o Senado em 2009, como candidato pelo Plano de Progresso para Bolívia–Convergência Nacional (PPB-CN)[6] concorrendo contra Linda Flor Brasilda Villalobos.[7]

Acusações editar

Oposicionista ao governo de Evo Morales, Roger Pinto afirma ter tornado-se alvo de perseguição política por parte do governo, em virtude de suas denúncias contra o governador do estado de Pando, aliado de Morales. Roger entregou ao presidente documentos com denúncias referentes à ligação do governo local com o narcotráfico. Ele alega que, após este episódio, Evo passou a persegui-lo; impondo sobre ele acusações de corrupção, desacato e venda de bens públicos. O senador afirma que as acusações não são verdadeiras e foram criadas para justificar a perseguição do governo Morales contra ele.[8]

Roger Pinto foi acusado de envolvimento no Massacre de Porvenir, em 11 de setembro de 2008.[9] O governo boliviano acusa Pinto de ter, durante seu mandato como prefeito de Pando, ter supostamente vendido 22 hectares de terras públicas pela quantia irrisória de 17.515 dólares americanos.[3]

Fuga para o Brasil editar

Em 28 de maio de 2012, Roger Pinto refugiou-se na sede da missão diplomática brasileira em La Paz. Entrou com um pedido de asilo ao governo brasileiro alegando perseguição política e permaneceu no prédio, a fim de não ser preso pelas autoridades bolivianas.[8]

Após 15 meses como refugiado e depois de ter diversos pedidos de salvo-conduto negados pelo governo boliviano, a situação do senador complicava-se cada vez mais.[10] O diplomata brasileiro Eduardo Saboia, responsável pela missão diplomática brasileira no país, tentou obter maior empenho de Brasília no caso, a fim de buscar uma solução para o impasse. A falta de resposta no decorrer dos meses que se passaram, somada ao decreto da prisão contra Molina, expedido em junho de 2013 pelo Governo Morales, por abandono do dever e dano econômico ao Estado, fizeram com que Saboia tomasse uma atitude arriscada e ousada. O senador boliviano foi retirado de La Paz num automóvel da embaixada brasileira e levado, sob escolta de fuzileiros navais, até a cidade fronteiriça brasileira de Corumbá; onde foi recepcionado por agentes da Polícia Federal brasileira, que o colocaram num avião com destino a Brasília.[11][8] A operação, levada a cabo contra o parecer da Advocacia-Geral da União (AGU), foi conduzida sem a autorização da presidente Dilma Rousseff[12][13][14][15][16]

Consequências da fuga editar

Em reação ao ocorrido, a presidente Dilma Rousseff demitiu o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, por considerá-lo corresponsável pelo ocorrido, fato que tornou sua permanência frente ao ministério insustentável.[17][18][19] Em seu lugar, foi indicado o diplomata Luiz Alberto Figueiredo, representante do Brasil nas Nações Unidas.[20]O Itamaraty informou que abrirá um inquérito para apurar as circunstâncias e responsabilidades no caso, onde pretende tomar as atitudes administrativas e disciplinares cabíveis.[21] A iniciativa foi considerada como "punitiva", em vez de "investigativa", pelo embaixador Luis Augusto de Castro Neves, presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI).[10]

Morte editar

O politico sofreu um acidente de avião no dia 12 de Agosto próximo ao Aeroporto de Luziânia. Ele estava sozinho na aeronave quando caiu poucos minutos após decolar. Morreu dia 16 de agosto de 2017 em decorrência de complicações da queda. [22][23]

Referências

  1. «Morre ex-senador boliviano refugiado no Brasil após alegar perseguição política de Evo Morales». Congresso em Foco 
  2. a b c Directorio: 1997 - 2002. La Paz: Centro de Investigación del Congreso Nacional (CICON), 2002. p. 193
  3. a b c d Se recupera la soberanía en Pando Arquivado em 6 de março de 2010, no Wayback Machine.
  4. Republic of Bolivia Legislative Election of 18 December 2005
  5. La derecha "en pie de guerra"; Evo tentado a gobernar con decretos Arquivado em 6 de março de 2012, no Wayback Machine.
  6. Lista Nómina de Senadores y Diputados electos el 2009
  7. Conformación del Senado
  8. a b c «Entenda o caso do senador boliviano Roger Pinto». G1. 25 de Agosto de 2013. Consultado em 27 de Agosto de 2013 
  9. Cónsul acusa a senadores Bravo y Pinto de cómplices en la masacre de Pando Arquivado em 20 de maio de 2011, no Wayback Machine.
  10. a b Glauco Araujo (26 de Agosto de 2013). «Patriota teve 'saída anunciada' e 'sem crise', avaliam ex-diplomatas». G1. Consultado em 27 de Agosto de 2013 
  11. AFP (25 de Agosto de 2013). «Roger Pinto, o senador que desafiou Evo Morales». Terra. Consultado em 27 de Agosto de 2013 
  12. «Diplomata brasileiro diz ter tomado decisão de trazer senador boliviano». G1. 25 de Agosto de 2013. Consultado em 27 de Agosto de 2013 
  13. El linchamiento de dos brasileños en Bolivia tensa las relaciones bilaterales
  14. Senador boliviano cumple tres meses refugiado en embajada de Brasil
  15. «Cópia arquivada». Consultado em 27 de agosto de 2013. Arquivado do original em 18 de agosto de 2013 
  16. Fuga do senador Roger Molina viola diversas convenções internacionais
  17. Karla Correia (26 de Agosto de 2013). «Antonio Patriota é demitido após fuga de senador boliviano para o Brasil». Correio Braziliense. Consultado em 27 de Agosto de 2013. Arquivado do original em 30 de agosto de 2013 
  18. Clarissa Oliveira e Wilson Lima (26 de Agosto de 2013). «Para Dilma, saída de Patriota foi maneira de amenizar constrangimento». Último Segundo. Consultado em 27 de Agosto de 2013 
  19. Sergio Fadul (26 de Agosto de 2013). «Dilma se irrita com operação e situação de Patriota é considerada insustentável». O Globo. Consultado em 27 de Agosto de 2013 
  20. Chico de Gois e Sergio Fadul (26 de Agosto de 2013). «Patriota pede demissão e será substituído por Luiz Alberto Figueiredo.». O Globo. Consultado em 27 de Agosto de 2013 
  21. «Itamaraty abrirá inquérito para apurar ingresso de senador boliviano no país». G1. 25 de Agosto de 2013. Consultado em 27 de Agosto de 2013 
  22. «Vídeo mostra avião que caiu com ex-senador boliviano Roger Pinto Molina minutos antes de decolagem em GO». G1 
  23. Braziliense, Correio (16 de agosto de 2017). «Ex-senador boliviano Roger Pinto Molina morre no Hospital de Base». Correio Braziliense 

Ver também editar