Sagui-de-tufos-pretos

O sagui-de-tufos-pretos ou mico-estrela (nome científico: Callithrix penicillata),[4] também genericamente designado massau, mico, saguim, sauí, sauim, soim, sonhim, tamari e xauim,[5][6] é uma espécie de macaco do Novo Mundo e gênero calitrix (Callithrix), da família dos calitriquídeos (Callitrichidae). É endêmico do Brasil.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaSagui-de-tufos-pretos[1][2]
Sagui-de-tufos-pretos taxidermizado em exposição no Museu de Anatomia Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP)
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [3]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Primates
Subordem: Haplorrhini
Família: Cebidae
Subfamília: Callitrichinae
Género: Callithrix
Espécie: C. penicillata
Nome binomial
Callithrix penicillata
(É. Geoffroy, 1812)
Distribuição geográfica

Sinónimos
  • jordani Thomas, 1904
  • melanotis Lesson, 1840
  • trigonifer Reichenbach, 1862

Etimologia editar

Sagui, sauí, sauim (a partir de sauhim, de 1817), xauim, soim e sonhim derivam do tupi sa'gwi ou sa'gwĩ.[7] Saguim, por sua vez, originou-se no aportuguesamento histórico do mesmo termo tupi, ou seja, çagoym (de 1511), que depois evoluiu para a forma atual em 1587.[8] Tamari tem provável origem tupi,[9] enquanto massau tem origem obscura.[10] Por fim, mico originou-se, possivelmente através do espanhol, na extinta língua cumanagota do Caribe e significa "mono de cauda longa".[11]

Taxonomia e evolução editar

Faz parte do grupo dos "saguis do leste Brasileiro", que são as espécies de calitriquídeos típicos da Mata Atlântica, mas que ocorrem frequentemente no cerrado e caatinga (Grupo Jacchus). Outrora considerado como subespécie de sagui-de-tufo-branco (Callithrix jacchus), hoje é uma espécie separada.[2][12] Não há um consenso quanto a existência de subespécies, e sagui-de-wied (Callithrix kuhlii) já foi considerada como uma subespécie.[13][14]

Filogenias baseadas em morfometria de crânios colocaram essa espécie como mais aparentada com sagui-de-cara-branca (Callithrix geoffroyi), sendo que essas duas espécies, mais sagui-de-wied formam um grupo monofilético.[12]

Distribuição geográfica e habitat editar

Essa espécie possui uma distribuição geográfica muito ampla, ocorrendo em áreas de cerrado do Brasil central, sendo encontrado nos estados da Bahia, Minas Gerais, Goiás, Piauí, Maranhão, Sergipe e norte de São Paulo, ao norte dos rios Tietê e Piracicaba.[14] As florestas de galeria constituem seu principal habitat, por conta de possuir cursos d'água em seu interior, mas podem ser encontrados em outras formações vegetais, como o cerradão. Assim como muitas outras espécies do gênero calitrix (Callithrix), é altamente adaptável, e habita áreas de floresta secundária ou altamente perturbadas pelo homem.[15] Atualmente, existem inúmeras populações em regiões fora de sua distribuição geográfica nativa, devido a introduções feitas pelo homem.[16]

 
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Referências

  1. Groves, C. P. (2005). «Callithrix (Callithrix) penicillata». In: Wilson, D. E.; Reeder, D. M. Mammal Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference 3.ª ed. Baltimore, Marilândia: Imprensa da Universidade Johns Hopkins. p. 132. ISBN 0-801-88221-4. OCLC 62265494 
  2. a b Rylands AB; Mittermeier RA (2009). «The Diversity of the New World Primates (Platyrrhini): An Annotated Taxonomy». In: Garber PA; Estrada A; Bicca-Marques JC; Heymann EW; Strier KB. South American Primates: Comparative Perspectives in the Study of Behavior, Ecology, and Conservation 3ª ed. Nova Iorque: Springer. pp. 23–54. ISBN 978-0-387-78704-6 
  3. Valle, R. R.; Ruiz-Miranda, C. R.; Pereira, D. G.; Rímoli, J.; Bicca-Marques, J. C.; Jerusalinsky, L.; Valença-Montenegro, M. M.; Mittermeier, R. A. (2021). «Wied's Marmoset- Callithrix kuhlii». Lista Vermelha da IUCN. União Internacional para Conservação da Natureza (UICN). p. e.T41519A191705321. doi:10.2305/IUCN.UK.2021-1.RLTS.T41519A191705321.en. Consultado em 17 de julho de 2021 
  4. «Mamíferos - Callithrix penicillata- Sagui de tufos pretos - Avaliação do Risco de Extinção de Callithrix penicillata (É. Geoffroy, 1812) no Brasil». Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. Consultado em 17 de julho de 2021 
  5. «Sagui». Michaelis. Consultado em 17 de julho de 2021 
  6. «Verbete "soim"». Dicionário Caldas Aulete. 2007. Consultado em 25 de setembro de 2016 
  7. Houaiss, verbete sagui
  8. Houaiss, verbete saguim
  9. Houaiss, verbete tamari
  10. Houaiss, verbete massau
  11. Houaiss, verbete mico
  12. a b Marroig, G.; Cropp, S.; Cheverud, J. M. (2004). «Systematics and Evolution of the Jacchus Group of Marmosets (Platyrrhini)» (PDF). American Journal of Physical Anthropology. 123: 11-22. doi:10.1002/ajpa.10146 
  13. Coimbra-Filho, A. F.; Mittermeier, R.A.; Rylands, A. B.; Mendes, S. L.; Kierulff, M. C. M.; Pinto, L. P. S.; et al. (2006). «The Taxonomic Status of Wied's Black-tufted-ear Marmoset, Callithrix kuhlii (Callitrichidae, Primates)» (PDF). Primate Conservation. 21: 1-24 
  14. a b Rylands, A.B.; Coimbra-Filho, A.F.; Mittermeier, R.A. (2009). «The Sistematics and Distribution of the Marmosets (Callithrix, Calibella, Cebuella, and Mico) and Callimico (Callimico) (Callitrichidae, Primates)». In: Ford, S.M.; Porter, L.M.; Davis, L.L.C. The Smallest Anthropoids: The Marmoset/callimico Radiation (PDF) 3.ª ed. Nova Iorque: Springer. pp. 25–63. ISBN 978-1-4419-0292-4 
  15. Miranda, G. H. B.; Faria, D.S. de (2001). «Ecological aspects of the black-pincelled marmoset (Callithrix penicillata) in the Cerradão and dense cerrado of the Brazilian Central Plateau». Brazilian Journal of Biology. 61 (3): 397-404. doi:10.1590/S1519-69842001000300008 
  16. Morais Jr, M.M.; et al. (2008). «Os saguis, Callithrix Jacchus e penicillata, como espécies invasoras na região de ocorrência do mico-leão dourado». In: de Oliveira, P.P.; Grativol, A.D.; Miranda, C. R.R. Conservação do Mico-leão-dourado: Enfrentando os desafios de uma paisagem fragmentada (PDF). Campos de Goytacazes: Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. pp. 87–117. ISBN 978-85-89479-11-0