Sergei Tchakhotine

Sergei Stepanovich Tchakhotine ou Tschachotin, em russo, Сергей Степанович Чахотин (Constantinopla, 13 de setembro de 1883 - Moscou, 24 de dezembro de 1973), foi um microbiologista russo, ativista político e um dos inventores das modernas formas de propaganda, tendo sido um dos principais teóricos da psicologia de massas do século XX.

Sergei Tchakhotine
Nascimento 13 de setembro de 1883
Constantinopla
Morte 24 de dezembro de 1973 (90 anos)
Moscovo
Cidadania Império Russo, União Soviética
Alma mater
  • Universidade Imperial de Moscou
Ocupação biólogo, sociólogo, psicólogo, esperantista, microbiologista

Participou do movimento Smenovekhovtsy ("mudança de sinais") e foi ideólogo do movimento Frente de Ferro (Eiserne Front) do Partido Social-Democrata da Alemanha, e um dos principais organizadores da propaganda socialista revolucionária na Alemanha. Com Carlo Mierendorff, concebeu em 1932 as "três flechas", que se tornaram o símbolo da Frente de Ferro (1931-1933). Foi amigo de Einstein e de Pavlov.

Nascido em Constantinopla (atual Istambul), filho do cônsul russo Stepan Ivanovich Tchakhotine, aos dez anos mudou-se com seus pais para Odessa. Estudou biologia na Universidade de Moscou, onde se destacou como líder estudantil. Em 1902, após uma greve de estudantes, foi expulso da universidade e obrigado a sair do país.

Estudou biofísica e zoologia em Heildelberg, onde obteve seu doutorado em 1907, com a tese «Die Statocyste der Heteropoden», sobre o estatocisto dos moluscos.[1]

Em dezembro de 1908, foi convidado para dirigir o Departamento de Farmacologia Experimental da Universidade de Messina. Durante o grande terremoto de Messina, em 28 de dezembro daquele ano, ficou soterrado durante 12 horas sob os escombros de sua casa.

Em 1912, regressou à Rússia, onde trabalhou como assistente de laboratório de Pavlov.

Apesar de apoiar a revolução, emigrou da Rússia em 1919. Obteve a nacionalidade soviética em 1922 mas até 1958 não retornou à URSS. Ao longo dos anos no exílio, desenvolveu atividades acadêmicas e científicas, mas também políticas. De 1930 a 1933 foi pesquisador visitante em Heidelberg. A partir de 1933 viveu na Dinamarca, depois na França, na Alemanha e na Itália.

Seu trabalho Dreipfeil gegen Hakenkreuz ("Três flechas contra a suástica"), de 1933, traduzido em francês e em inglês, é uma análise excepcionalmente acurada da propaganda nazista.

Porém, sua obra mais conhecida é Le viol des foules par la propagande politique, que se esgotou rapidamente ao ser lançada, em 1938. O livro foi reeditado após o início da guerra, em 1939, mas acabou sendo proibido pelo Governo de Vichy e censurado na URSS, já que a denúncia das chaves da propaganda alemã e italiana evidenciava também as práticas do regime soviético.[carece de fontes?] Seus adversários ideológicos o cognominaram "Goebbels vermelho". O livro foi publicado em inglês, em 1940,[2] e, após a guerra, em 1952, foi novamente publicado em francês, pela Gallimard.

Durante a Segunda Guerra Mundial lutou contra o fascismo e o nazismo, tentando criar um movimento de cientistas a favor da paz.

Em 1941, foi preso no campo de concentração de Royallieu, em Compiègne, França, durante sete meses.

Em 1955, instalou-se na Itália, inicialmente em Gênova e depois em Roma. Em 1958 retornou à Rússia, onde trabalhou em vários institutos de pesquisa, ligados à Academia de Ciências da URSS - primeiro em Leningrado e depois em Moscou, onde morreu em 1973.

Pensamento de Sergei Tchakhotine

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Discípulo de Ivan Pavlov, além de biólogo renomado, Tchakhotine desenvolvia também intensa atividade política e é autor de uma teoria acerca dos efeitos da propaganda sobre a opinião pública, a partir de suas vivências dos regimes totalitários europeus.

Estudou os diferentes mecanismos de criação de reflexos condicionados através da propaganda política. Sua principal obra, A Violação das Massas pela Propaganda Política, mostra a eficácia dos discursos repetitivos e uniformes difundidos através de distintos canais de comunicação. Analisou como os partidos políticos desenvolvem seus signos de identidade (hinos, insígnias, etc.) como pontes de comunicação simples e massiva com as multidões. Estudou de maneira especial a propaganda nazista como forma de controle e de luta política, abordando o emprego de símbolos, cenários e expressões retóricas como instrumentos de fascinação e submissão.

Tchakhotine distingue duas formas de propaganda: a persuasiva e a sensitiva. A primeira atua através da razão, enquanto a segunda busca a sensibilização emotiva, operando sobre as esferas emocionais básicas: a agressividade, a satisfação material, o desejo sexual e o amor familiar. O uso desses mecanismos pode excitar a violência coletiva, a mobilização das massas ou o seu contrário - a submissão, a apatia, etc.

Referências

  1. «Die Statocyste der Heteropoden (fac simile).» 
  2. CHAKOTIN, S., The Rape of the Masses: The Psychology of Totalitarian Political Propaganda, Labour Book Service, London, 1940; Fortean, Nueva York, 1940. Publicada no Brasil como A Místificação da Massa pela Propaganda Poítica, Ed. Civilização Brasileira, 1967. Disponível como ebook - A Violação das Massas pela Propaganda Política.