Sérgio Milliet

Escritor, pintor, poeta, ensaísta, crítico de arte e de literatura, sociólogo e tradutor brasileiro. Foi também diretor da Biblioteca Mário de Andrade
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Sérgio Milliet da Costa e Silva (São Paulo, 20 de setembro de 1898 – São Paulo, 9 de novembro de 1966) foi um escritor, pintor, poeta, ensaísta, crítico de arte e de literatura, sociólogo e tradutor brasileiro. Foi também diretor de biblioteca, tendo dirigido a Biblioteca Mário de Andrade.

Sérgio Milliet
SergioMilliet.png
Nome completo Sérgio Milliet da Costa e Silva
Nascimento 20 de setembro de 1898
São Paulo, Brasil
Morte 9 de novembro de 1966 (68 anos)
São Paulo, Brasil
Nacionalidade Brasil Brasileiro
Ocupação Escritor, pintor, poeta, ensaísta, crítico de arte e de literatura, sociólogo e tradutor
Prémios Prémio Jabuti 1959
Magnum opus Diário crítico
Palestra de Sérgio Milliet sobre pintura moderna. Teatro Municipal de São João da Boa Vista. 1940.

Biografia editar

Filho de Fernando da Costa e Silva, comerciante de origem portuguesa,[1] e da normalista descendente de imigrantes franceses Aida Milliet (1878 - 1900),[2] ficou órfão de mãe aos dois anos de idade e, quando adquiriu alguma maturidade, foi levado à Suíça para estudar humanidades em Genebra. Isso aconteceu quando mal havia completado doze anos. Cursou também ciências econômicas e sociais na Escola de Comércio, concluindo seus estudos na Universidade de Berna.

Na Suíça editar

Sergio Milliet permaneceu na Suíça de 1912 a 1920, portanto exatamente no período em que a Europa se via envolvida na primeira Grande Guerra. A Suíça se manteve neutra e por isso lá se refugiaram vários expoentes da intelectualidade europeia. Milliet pode, assim, conhecer e conviver com escritores, poetas e artistas plásticos que já tinham renome internacional.

Em Genebra escreveu e editou seus primeiros livros de poesia usando a língua francesa que dominava bem: Par le Sentier, em 1917, e Le Depart sous la Pluie dois anos após.

No Brasil novamente editar

Em 1922 retorna ao Brasil e logo integra-se no acanhado meio intelectual e artístico de São Paulo. Pouco depois iria participar da Semana de Arte Moderna, mas como ainda não falasse e escrevesse corretamente a língua pátria, apresentou no Teatro Municipal um poema...em francês, lido por um amigo genebrino. Por suas ligações e amizades formadas na Europa e uma liderança que lhe foi atribuída naturalmente, sem que ele procurasse por isso, pelos homens e mulheres que formavam a intelectualidade paulista, Milliet tornou-se o homem-ponte entre os dois mundos, um com sua cultura já sedimentada, o outro tentando fugir do estilo provinciano e acomodado que o caraterizava. Curioso o depoimento de Di Cavalcanti sobre essa ligação exercida por Sérgio Milliet na primeira metade do século XX (publicada no jornal O Estado de S. Paulo de 24 de outubro de 1998): Quando Sérgio Milliet em 1923 voltou para a Europa, fui atrás. Naquele tempo, enquanto Oswald de Andrade gastava o dinheiro do pai do modo mais provinciano e burguês possível e Mário de Andrade era um moço de igreja, que adorava procissões, eu conheci a dureza da sobrevivência por conta própria; arranjei um emprego na revista Monde e, como jornalista, sem contar a ninguém que era pintor, entrei em contato com Braque, Picasso e toda a vanguarda francesa, sempre levado e guiado pela mão de Sérgio Milliet.

Foi homenageado com seu nome em várias escolas do Brasil.

A poética avançada editar

Por sua vivência na Europa, naturalmente, Milliet entrou em contato com as técnicas cubistas e futuristas, as quais empregou em sua poesia. Observa-se "falta quase total de pontuação, superposição de ideias e imagens em lugar da seqüência lógica, técnica analógica, simultaneidade, versos elíticos, independentes, dando ideia de descontinuidade", conforme Leodegário A. de Azevedo Filho.[3]

Traduções editar

Sérgio Milliet verteu diversas obras para a língua portuguesa, entre elas Os Ensaios de Michel de Montaigne, As relações perigosas, de Pierre Choderlos de Laclos e O segundo sexo, a obra de Simone de Beauvoir que é um marco na teoria feminista. Traduziu e comentou a obra completa de Guy de Maupassant para a Editora Itatiaia (em 5 volumes, sendo os 3 primeiros de contos - e os dois últimos contendo os romances de Maupassant).

Sergio Milliet foi membro da Academia Paulista de Letras.

Referências

  1. «A obra ficcional de Sérgio Milliet : marcas autobiográficas na narrativa Roberto (1935)». Repositório Institucional | UFS. 8 de agosto de 2022. Consultado em 27 de julho de 2023 
  2. Paolillo Barboza, Lucas (2019). Sérgio Milliet. Penápolis: Editora FUNEPE. p. 13. 82 páginas 
  3. Azevedo Filho, Leodegário de. Site de Poesia Ibero-Americana. Extraído de Poetas do Modernismo de Leodegário A. de Azevedo Filho, 1972. Janeiro de 2008.

Bibliografia editar

  • Lisbeth Rebolo Gonçalves, Sergio Milliet, crítico de arte, São Paulo, EDUSP/Perspectiva, 1992.
  • Poèmes modernistes et autres écrits : anthologie 1921-1932, textos originais em francês ou traduzidos do português, escolha, tradução, apresentação e notas por Antoine Chareyre, Toulon [França], Librairie La Nerthe, "Collection Classique", 2010, 216p. [1a. ed. critica, com quase toda a poesia dos anos 20, a narrativa Naturezas mortas e varios artigos de critica literaria do mesmo periodo, textos publicados originalmente em Europa ou no Brasil ; prefacio p. 1-9 ; notas p. 173-199 ; bibliografia bilingue e atualizada, p. 200-212]

Ligações externas editar

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