Spathodea campanulata

Spathodea campanulata, conhecida por mijinho, mijadeira, bisnagueira, tulipeira-do-gabão ou chama-da-floresta (Spathodea campanulata) é uma árvore da família das Bignoniaceae, sendo a única espécie do seu género botânico. O nome genérico deriva da palavra grega spathe (σφατηε), relativa ao cálice em formato de espádice.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaSpathodea campanulata
bisnagueira
Botões e flores abertas
Botões e flores abertas
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Ordem: Lamiales
Família: Bignoniaceae
Género: Spathodea
Espécie: S. campanulata
Nome binomial
Spathodea campanulata
P.Beauv.

Descrição editar

Esta árvore atinge de 7 a 25 metros de altura, e é nativa da África tropical. É utilizada com frequência como planta ornamental em zonas tropicais e é muito apreciada pelas suas vistosas flores campanuladas de cor vermelha-alaranjada, rubras ou, mais raramente, amarelas. Em condições favoráveis, a espécie é potencialmente invasiva. Tem raízes pouco profundas e são relativamente frequentes os casos de queda de galhos (podres), fazendo com que esta árvore não seja uma boa opção em centros urbanos.

O botão floral em forma de bisnaga contém água, conhecido popularmente nas regiões interioranas do Brasil como "mijinho". Estes botões são usados em brincadeiras das crianças tirando partido da sua capacidade de esguichar o líquido (chamam-lhe por isso xixi de macaco). A seiva/mucilagem provoca manchas amarelas nos dedos e na roupa.

As flores abertas têm uma forma de taça e retém a humidade do orvalho ou da chuva, podendo tornar-se atractivas para muitas espécies de aves, apesar da toxidade apresentada para as mesmas. Em jardins e parques neotropicais, o seu néctar atrai muitos beija-flores, como o beija-flor-de-veste-preta (Anthracothorax nigricollis), o beija-flor-preto-e-branco (Florisuga fusca), ou o beija-flor-dourado (Hylocharis chrysura).[1]

 
Wikispecies
O Wikispecies tem informações sobre: Spathodea campanulata

Ecologia editar

Por ser uma árvore invasora, com defesas químicas e não apresentar predadores naturais no Brasil, tem sua capacidade de reprodução aumentada, se tornando uma potencial praga e infestando com facilidade terrenos abandonados. Por fim sua presença pode dificultar o estabelecimento de plantas nativas.

Após sua infestação pode demorar de 40 até 80 anos para dar lugar às espécies nativas, pois suas mudas são intolerantes à sombra [2].

Suas sementes são aladas e portanto dispersas pelo vento.

Néctar e polinização editar

Em sua região de origem são polinizadas por pássaros [3] ou inclusive por lêmures [4].

No Brasil é visitada por aves e insetos, no entanto apresenta natureza tóxica para os mesmos[5][6], que não estão adaptados à suas defesas químicas, e portanto sua presença como árvore paisagística pode impactar a já alterada população de insetos nas cidades, alterando a ecologia dessas espécies e assim dificultando a polinização de outras espécies de plantas, ou podendo inclusive afetar populações de abelhas de cultivadores, causando danos econômicos[7].

Madeira editar

A sua madeira é macia e por isso a árvore é por vezes usada por aves que fazem os seus ninhos escavando os troncos, como os barbaças.

Legislação editar

Desde janeiro de 2019, o estado brasileiro de Santa Catarina proíbe a produção de mudas e o plantio de árvores da espécie [8]. No entanto, alguns municípios já tinham leis nesse sentido antes e, após a promulgação da lei estadual, vários outros publicaram leis que não procuram apenas inibir o seu plantio, mas também fomentar o corte e a poda, além da substituição por espécies nativas [9].

Galeria de Fotos editar

Referências

  1. Baza Mendonça, Luciana & dos Anjos, Luiz (2005): Beija-flores (Aves, Trochilidae) e seus recursos florais em uma área urbana do Sul do Brasil - Revista Brasileira de Zoologia 22 (1): 51–59.
  2. Lugo, Ariel E. "The outcome of alien tree invasions in Puerto Rico." Frontiers in Ecology and the Environment 2.5 (2004): 265-273.
  3. Gentry, Alwyn H. (1974). «Coevolutionary Patterns in Central American Bignoniaceae». Annals of the Missouri Botanical Garden. 61 (3). 728 páginas. ISSN 0026-6493. doi:10.2307/2395026 
  4. Sussman, R. W.; Raven, P. H. (19 de maio de 1978). «Pollination by Lemurs and Marsupials: An Archaic Coevolutionary System». Science. 200 (4343): 731–736. ISSN 0036-8075. doi:10.1126/science.200.4343.731 
  5. TRIGO, J. R.; SANTOS, W.F. dos (agosto de 2000). «Insect mortality in Spathodea campanulata Beauv. (Bignoniaceae) flowers». Revista Brasileira de Biologia. 60 (3): 537–538. ISSN 0034-7108. doi:10.1590/s0034-71082000000300019 
  6. Queiroz, Ana Carolina Martins; Contrera, Felipe Andrés Leon; Venturieri, Giorgio Cristino (29 de dezembro de 2014). «The effect of toxic nectar and pollen from Spathodea campanulata on the worker survival of Melipona fasciculata Smith and Melipona seminigra Friese, two Amazonian stingless bees (Hymenoptera: Apidae: Meliponini)». Sociobiology. 61 (4). ISSN 0361-6525. doi:10.13102/sociobiology.v61i4.536-540 
  7. Vollet Neto, Ayrton. «Evolução dos sistemas de acasalamento em abelhas sem ferrão (Apidae, Meliponini)» 
  8. «LEI Nº 17.694, DE 14 DE JANEIRO DE 2019». Governo de Santa Catarina. 14 de janeiro de 2019. Consultado em 11 de setembro de 2021 
  9. «Conheça as leis municipais específicas sobre árvore com flor que pode intoxicar abelhas». G1 Globo. 30 de abril de 2021. Consultado em 11 de setembro de 2021 
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