Suiriri-cinzento

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O suiriri-cinzento (Suiriri suiriri) é uma espécie de ave passeriforme da família dos tiranídeos. É nativo de grande parte da América do Sul, habitando especialmente campos abertos e cerrados.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaSuiriri-cinzento

Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Passeriformes
Família: Tyrannidae
Gênero: Suiriri
d'Orbigny, 1840[2]
Espécie: S. suiriri
Nome binomial
Suiriri suiriri
(Vieillot, 1818)[3]
Distribuição geográfica
Distribuição geográfica do suiriri-cinzento.
Distribuição geográfica do suiriri-cinzento.
Sinónimos
  • Muscicapa suiriri (protônimo)[3]
  • Pachyramphus albescens Gould, 1839[4]
  • Empidagra Cabanis & Heine Sr, 1859

Descrição

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Mede 16 cm. É oliva por cima com a cabeça mais acinzentada, rabadilha pardo-amarelada; asa preta com duas faixas amareladas, penas da cauda enegrecidas com bordas amarillentos. Garganta e peito cinza-claros, abdômen branco. Lembra uma ave do gênero Elaenia mas tem o bico todo preto.[5] A subespécie S. s. burmeisteri se parece muito com o suiriri-da-chapada (Guyramemua affine).[6]

Distribuição e hábitat

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Ocorre desde o nordeste do Brasil para o sul através de grande parte do país (exceto a Bacia Amazônica e uma parte do litoral sudeste e sul), Bolívia (a leste dos Andes), Paraguai, nordeste e centro-leste da Argentina e leste do Uruguai. Registrado também no Suriname e no extremo-norte do Brasil (Amapá).[1]

Esta espécie é considerada bastante comum em seus hábitats naturais: os espaços semiabiertos subtropicais ou tropicais, como o Chaco e de montanha, é menos comum no Cerrado, na Caatinga e planaltos chuvosos. Algumas poucas populações migram parcialmente até o nordeste da Bolívia no inverno austral. Até altitudes de 1100 m chegando até os 2000 m na Bolívia.[7]

Está ausente em grande parte da Amazônia, evitando florestas úmidas contínuas, apesar de ser frequente nas áreas mais abertas do baixo Amazonas.[6]

Comportamento

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Geralmente vive em pares, a baixa altura, às vezes baixando até o solo. Costuma parar em pleno voo, abrindo a cauda e expondo a rabadilha mais clara.[5]

Reprodução

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O ninho é em forma de cesto raso, sendo construído com fibras vegetais e forrado por painas, sendo todas essas camadas firmemente unidas por grande quantidade de teia de aranha. O seu exterior é ornamentado com liquens e fragmentos de folhas secas. O ninho é apoiado pela base e laterais entre dois ou mais ramos divergentes. A construção é de responsabilidade exclusiva da fêmea. Os ovos são branco-perolados, medindo em média 20,8 x 15,1 mm e pesando 2,5 g. Os filhotes apresentam a cabeça, superfície dorsal e coberteiras das asas marcadas por abundantes e diminutas manchas brancas. A incubação é realizada exclusivamente pelas fêmeas, sendo estimada em 15,2. Os filhotes permanecem no ninho por 18,9.[8] São postos em média de dois a três ovos. Às vezes sofre parasitismo de ninhada criando filhotes de chupim (Molothrus bonariensis).[6]

Taxonomia

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Tradicionalmente, o suiriri-cinzento já foi dividido em dois, S. suiriri com o ventre branco e S. burmeisteri (antes affinis), mais ao norte, com o ventre amarelo e a rabadilha com um contraste pálido, mas, na verdade, ambos se cruzam amplamente ao entrar en contato, e assim a maioria das autoridades agora consideram que são parte de uma só espécie, de acordo com Hayes (2001).[9] Foi também comprovado que suas vocalizações são similares (Zimmer et al, 2001).[10] O táxon S. s. bahiae era considerado uma subespécie de S. burmeisteri (antes affinis), mas na verdade pode ser o resultado da hibridação entre S. s. suiriri e S. s. burmeisteri. Em sua maior parte, S. s. bahiae se parece com esta última, porém carece do contraste pálido na rabadilha.[10]

Em 2001, os ornitólogos Kevin J. Zimmer, Andrew Whittaker e David C. Oren descreveram o que se acreditava ser uma nova espécie: Suiriri islerorum, a localidade-tipo designada foi: “Chapada dos Guimarães, Mato Grosso, Brasil”.[10]

Recentemente, esta espécie foi registrada em Lagoa Santa, Minas Gerais (Vasconcelos et al. 2006).[11] O significado da presença de S. islerorum no local Santa é importante porque esta é a localidade-tipo do taxón affinis Burmeister, 1856, descrito originalmente como Elaenea affinis. Kirwan et al. (2014) investigaram esse assunto e revisaram a série de tipos (tipo nomenclatural) de affinis, e descobriram que todos representam o mesmo taxón que islerorum. Mais além, a descrição original de affinis de Burmeister (em alemão) está adequadamente em linha com os caracteres diagnósticos do presente taxón. Desta forma, islerorum seria u,m sinônimo mais moderno de affinis, que teria prioridade, e o nome científico correto de Suiriri islerorum deveria ser Suiriri affinis. Isto dixaria o taxón tradicionalmente denominado affinis (Suiriri suiriri affinis) sem nome, para o qual Kirwan et al. Propõem o nome burmeisteri.[12]

Uma análise filogenética posterior realizada por Lopes et al. (2017), indicou que o suiriri-cinzento pertence claramente à subfamilia Elaeniinae, consistente com as classificações e com análises filogenéticas mais recentes,[13] enquanto que Suiriri affine estava profundamente colocado na subfamília Fluvicolinae, mais próximo a Sublegatus, o que demonstrou com clareza que o suiriri-cinzento e affinis não são congêneres. Isto corroborou as diferenças morfológicas e comportamentais apontadas por diversos autores. Devido à ausência de um nome disponível para o gênero, Lopes et al. propuseram um novo gênero, Guyramemua. A mudança taxonômica foi aprovada pela Proposta N° 866 ao SACC e deixou o gênero Suiriri monotípico,[14] Estas mudanças já haviam sido adotadas pelo Congresso Ornitológico Internacional (IOC).[15] Como o novo gênero é neutro, o nome foi mudado de affinis para affine.

Os amplos estudos genético-moleculares realizados por Tello et al. (2009) descobriram uma quantidade de novas relações dentro da família Tyrannidae que não estam refletidos na maioria das classificações.[13] De acordo com estes estudos, Ohlson et al. (2013) propuseram a divisão da família Tyrannidae em 5 famílias. Segundo a ordem proposta, Suiriri permanece em Tyrannidae, na subfamília Elaeniinae na tribo Elaeniini, junto a Elaenia, Tyrannulus, Myiopagis, Serpophaga, Capsiempis, parte de Phyllomyias, Phaeomyias, Nesotriccus, Pseudelaenia, Mecocerculus leucophrys, Anairetes, Polystictus, Culicivora e Pseudocolopteryx.[16]

Subespécies

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Segundo as classificações do IOC[15] e a Clements checklist/eBird[17] são reconhecidas três subespécies, com sua correspondente distribuição geográfica:

Conservação

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O suiriri-cinzento está classificado como pouco preocupante pela IUCN. Contudo, a ampla conversão de seu habitat em plantações de Eucalyptus e Pinus, colheitas de soja e de arroz e criação de pastagens, representa uma ameaça para esta espécie.[1]

Referências

  1. a b c BirdLife International (2012). «Suiriri suiriri». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2012. Consultado em 26 de Novembro de 2013 
  2. d'Orbigny, A. (1835–1844). «Voyage dans l'Amérique méridionale: (le Brésil, la République Orientale de l'Uruguay, la République Argentine, la Patagonie, la République du Chili, la République de Bolivia, la République du Pérou), exécuté pendant les années 1826, 1827, 1828, 1829, 1830, 1831, 1832, et 1833» (em francês). 4(3): Oiseaux. i–iii; 1–395. Paris e Estrasburgo: P. Bertrand; V. Levrault. p. 336. doi:10.5962/bhl.title.110540 
  3. a b Vieillot, L.J.P. (1818). Nouveau Dictionnaire d’Histoire naturelle, appliquée aux arts, à l'agriculture, à l'économie rurale et domestique, à la médecine, etc. (em francês). Paris: Deterville. p. 487 
  4. Suirirí común Suiriri suiriri (Vieillot, 1818) em Avibase. Consultado em 16 de dezembro de 2020.
  5. a b Ridgely, R., Gwyne, J., Tudor, G. & Argel, M. (2010). Aves do Brasil Vol.1 Pantanal e Cerrado. [S.l.]: Editora Horizonte. p. 208. ISBN 978-85-88031-29-6 
  6. a b c Sigrist, T. (2013). Guia de Campo Avis Brasilis – Avifauna brasileira – São Paulo: Avis Brasilis. P. 388. ISBN 978-85-60120-25-3
  7. Ridgely, Robert; Tudor, Guy (2009). Field guide to the songbirds of South America: the passerines. Col: Mildred Wyatt-World series in ornithology (em inglês) ed. Austin: University of Texas Press. ISBN 978-0-292-71748-0. Suiriri suiriri, Suiriri suiriri, p. 415, prancha 44(1–2) 
  8. Lopes, L.E.; Marini, M.A. (2005). «Biologia reprodutiva de Suiriri affinis e S. islerorum (Aves: Tyrannidae) no cerrado do Brasil central.» Papeis Avulsos Zoologia. São Paulo. 45 no.12. Em SciELO Brasil.
  9. Hayes, F.E. (2001). “Geographic variation, hybridization, and the leapfrog pattern of evolution in the Suiriri Flycatcher (Suiriri suiriri) complex.” Auk 118: 457–471.
  10. a b c Zimmer, K.J.; Whittaker, A. & Oren, D.C. (2001). “A cryptic new species of flycatcher (Tyrannidae: Suiriri) from the cerrado region of central South America”; The Auk 118(1): 56-78.
  11. Vasconcelos, M.F. de; D'Angelo Neto, S.; Kirwan, G.M.; Bornschein, M.R.; Diniz, M.G. & da Silva, J.F. (2006). “Important ornithological records from Minas Gerais state, Brazil.” Bulletin of the British Ornithologists' Club 126: 212-238.
  12. Kirwan, G.M.; Steinheimer, F.D.; Raposo, M.A. & Zimmer, K.J. (2014).“Nomenclatural corrections, neotype designation and new subspecies description in the genus Suiriri (Aves: Passeriformes: Tyrannidae).” Zootaxa 3784: 224-240.
  13. a b Tello, J. G., Moyle, R. G., Marchese, D.J. & Cracraft, J. (2009). «Phylogeny and phylogenetic classification of the tyrant flycatchers, cotingas, manakins, and their allies (Aves: Tyrannides)» (PDF). Cladistics (25). pp. 1–39. ISSN 0748-3007. doi:10.1111/j.1096-0031.2009.00254.x 
  14. Schulenberg, T. (Julho de 2020). «Change the scientific name of Chapada Flycatcher (yes, again)». South American Classification Committee (em inglês). Propuesta (866) 
  15. a b Gill, F. & Donsker, D. (Eds.) (2020). «Tyrant flycatchers». IOC – World Bird List (em inglês). Consultado em 16 de dezembro de 2020 
  16. Ohlson, J.I.; Irestedt, M.; Ericson, P.G.P.; Fjeldså, J. (2013). «Phylogeny and classification of the New World suboscines (Aves, Passeriformes)» (PDF). Zootaxa (em inglês). 3613. pp. 1–35. ISSN 1175-5326. doi:10.11646/zootaxa.3613.1.1 
  17. Clements, J.F., Schulenberg, T.S., Iliff, M.J., Billerman, S.M., Fredericks, T.A., Sullivan, B.L. & Wood, C.L. (2019). «The eBird/Clements checklist of Birds of the World v.2019». The Cornell Lab of Ornithology (Planilha Excel) (em inglês). Disponível para download 

Ligações externas

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