A suma (do latim: summa) é um gênero literário didático medieval escrito em latim que nasceu ao final do século XII e se desenvolveu no século XIII e posteriores. Começou a ser utilizado a partir do século XII, para designar um breve tratado sistemático de um determinado conjunto de conhecimentos.[1] Abelardo anotou no prefácio de sua Introdução a Teologia: "Escrevi uma summa da sagrada erudição, como introdução a divina escritura."[2] Comumente, as summas tomam seu título da matéria tratada (Summa de vitiis et virtutibus, Summa de articulis fidei, Summa sermonorum, Summa gramaticalis, Summa logicalis, etc.). A partir do séc XIII, aproximadamente, o termo começou a ser preferido ao invés de Sententiæ no título das exposições sistemáticas da teologia. A obra de Pedro de Cápua (escrita em 1200) leva já nos manuscritos o título Summa. Nas grandes obras sistemáticas do séc XIII se usa quase que exclusivamente o termo Summa.[3] O termo foi usado no século XII para designar uma coleção de sentenças. Exemplo disso é a Summa sententiarum atribuída a Hugo de São Vitor.[4]

Abelardo (a esquerda), um dos primeiros a utilizar o termo summa.

Características

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Trata-se dum tipo de enciclopédia que desenvolvia uma matéria ou disciplina (Direito, Teologia e Filosofia sobre tudo) duma forma mais particular que o tractatus (tratado), ja que dividiam-se em quaestiones (questões) e istas assim mesmo em artigos. Os artigos, além disso, possuíam a seguinte estrutura:

  • 1. Título do artigo em forma interrogativa e presentando dois posturas contrapostas (disputatio).
  • 2. Objeções ou argumentos en contra duma das alternativas, em geral a que defende o autor.
  • 3. Argumentos a favor desta alternativa, fundados na autoridade das Sagradas Escrituras, dos Santos Padres em segundo lugar, etcétera.
  • 4. Solução, que inclui um conjunto de argumentos que combinam fe e razão e expressam o pensamento do autor.
  • 5. A sententia ou resposta à pergunta, que consiste na refutação das objeções iniciais contrárias á solução do autor.[5][6]

As Summae no âmbito do Direito

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No âmbito do direito, a summa é um gênero literário pragmático e didático desenvolvido a partir da metodologia da glossa, que evolucionou dividindo-se em dois gêneros literários autónomos:

  • A summa, que derivava da glossa de similia.
  • A questio legitima, que derivava da glossa de contraria.

A summa nasceu nas escolas menores do direito que pretendiam formar os seus estudantes com sínteses útiles e cômodas dos códigos de Justiniano; para cumplir este fim nasceu o costume de compilar exposições sistemáticas, simples e rápidas de obras enteiras, que foi a origem do gênero literário da summa no âmbito jurídico.

A summa se desenvolviu especialmente nas escolas de direito civil da França provençal onde teve especial aplicação ás Institutiones de Justiniano.

Algumas sumas jurídicas

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As Summae no âmbito da teologia e da filosofia

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O ensino da Teologia e da Filosofia na Idade Média tinha dois maneiras: A lectio e a disputatio:

  • A lectio (lição), muito parecida a uma classe atual, consistia en que o professor comentava as sentenças e ditos de autores famosos e reconhecidos como, por exemplo, as obras de Aristóteles ou de Boecio ou as Sentenças de Pedro Lombardo.
  • A disputatio (disputa), mais informal que a lectio, era um verdadeiro diálogo entre maestros e discípulos, onde se esgrimiam argumentos em pro e em contra duma tese qualquer.

Destos dos métodos escolares surgiram as suas respectivas formas literárias:

  • Da lectio nasceram os Commentaria (comentários); e destes saíram as Summae (sumas), mais libres, autónomas e sistemáticas que os Commentaria.
  • Da disputatio procediram as Quaestiones disputatae (questiões disputadas), que recolhem o material das disputas que tinham lugar cada dois semanas, e os Quodlibeta (questiões aleatórias), que recolhiam as disputas que tinham lugar em Natal e em Semana Santa. Esta metodologia das disputationes serviu de modelo têcnico ás famosas Summae medievais.[7]

Algumas sumas teológicas

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Existem mais ou menos umas sessenta sumas. Destacamos as seguintes:

Referências

  1. Abbagnano, Nicola. Diccionário de Filosofia. Ciudad del México, Fondo de Cultura Económica. 1966 p. 1106b
  2. Migne, Patrologia Latina 68ª, col 979
  3. Grabmann, Michael. Geschichte der Scholastischen Methode (História dos métodos escolásticos). II, pp 23ss
  4. José Ferrater Mora. Dicionário de filosofia. 4. (Q - Z). Ed. Loyola; 2001. ISBN 978-85-15-02004-1. p. 2794.
  5. Mateu Ibars, Josefina. Braquigrafía de sumas: estudio analítico en la traditio de algunos textos manuscritos, incunables e impresos arcaicos, s. XIII-XVI Barcelona: Edicions Universitat Barcelona, 1984 https://books.google.es/books?id=HsPEsH9MMX4C&dq=suma+%22g%C3%A9nero+literario%22&hl=es&source=gbs_navlinks_s (em castelhano)
  6. (em castelhano)
  7. Merino, J.A. OFM. Historia de la filosofía franciscana. Madrid. BAC. 1993, p. 13. (em castelhano)