Superdotado

pessoa com capacidades mentais significativamente acima da média
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Superdotado ou sobredotado é uma pessoa que possui capacidade mental significativamente acima da média. Como um talento, a superdotação é a aptidão para atividades intelectuais, artísticas ou esportivas que parecem ser inatas, uma vez que a pessoa superdotada parece apresentar tais habilidades sem que se possa explicar como aprenderam. Contudo, tais aptidões ou habilidades também são desenvolvidas através de esforço pessoal e é um erro pensar que pessoas superdotadas não precisam ser ensinadas, elas apenas precisam de uma educação diferenciada que atenda a sua demanda de conhecimento. As principais características de uma pessoa superdotada são, segundo Joseph Renzulli: as altas habilidades, a criatividade e o comprometimento com a tarefa. Este diz respeito a capacidade de se envolver profundamente com atividades relativas a sua área de interesse, seja ela artística, acadêmica ou esportiva.

Alto-habilidosos ou Superdotados têm melhor desempenho em aulas especiais que lhes permitam desenvolver suas habilidades

A alta habilidade ou superdotação pode ser geral ou específica. Por exemplo, uma pessoa bem dotada intelectualmente pode ter um talento impressionante para a matemática, mas não demonstrar competências linguísticas igualmente fortes ou vice-versa. Quando combinado com um desafio curricular adequado e as diligências necessárias para adquirir e executar muitas habilidades aprendidas, a alta habilidade muitas vezes produz sucesso acadêmico excepcional.

Inteligência editar

Pode ser definida como a capacidade mental de raciocinar, planejar, resolver problemas, abstrair ideias, compreender ideias, linguagens e aprender. Embora pessoas leigas geralmente percebam o conceito de inteligência sob um âmbito maior, na Psicologia, o estudo da inteligência geralmente entende que este conceito não compreende a criatividade, o caráter ou a sabedoria, no entanto superdotados são criativos, têm bom caráter e são mais sábios[carece de fontes?]. Conforme a definição que se tome, a inteligência pode ser considerada um dos aspectos da personalidade. O psicopedagogo israelita Reuven Feuerstein[1] afirma que a inteligência humana pode ser estimulada em qualquer idade. De acordo com sua Teoria da modificabilidade cognitiva estrutural, mesmo indivíduos considerados inaptos podem ter sua inteligência "expandida" adquirindo assim capacidade de aprender.

Na década de 1990, a psicóloga americana Linda Gottfredson procurou coligir um grande grupos de pesquisadores (131 cientistas foram convidados e 52 assinaram o documento) para se tentar chegar a uma definição "mainstream" para o conceito de inteligência. A definição foi a seguinte:

"uma capacidade mental bastante geral que, entre outras coisas, envolve a habilidade de raciocinar, planejar, resolver problemas, pensar de forma abstrata, compreender ideias complexas, aprender rápido e aprender com a experiência. Não é uma mera aprendizagem literária, uma habilidade estritamente acadêmica ou um talento para sair-se bem em provas. Ao contrário disso, o conceito refere-se a uma capacidade mais ampla e mais profunda de compreensão do mundo à sua volta — 'pegar no ar', 'pegar' o sentido das coisas ou 'perceber' uma coisa."[2]

Identificação editar

O teste de Q.I. (quociente de inteligência), foi feito para medir a inteligência, mas não é exato e não pode avaliar todas as áreas de alto desempenho que a pessoa tem, por isso não é adequada a avaliação de superdotação apenas com o teste, que é uma medida consagrada. Pelo teste WAIS, que é o mais utilizado, se considera superdotado o indivíduo que apresente um resultado a partir de 130 de QI, com o desvio padrão de 15 pontos, isso seria os 2% mais elevados. Várias ideias sobre a definição estão em desenvolvimento e melhores maneiras de identificar superdotação intelectual têm sido formuladas.

A principal motivação dos estudos é o reconhecimento precoce do potencial da pessoa a fim de que sejam proporcionadas condições adequadas para o seu desenvolvimento. Para tanto, os educadores podem, além da observação direta do comportamento e desempenho, fazer uso de escalas de características (método desenvolvido pelos pesquisadores Renzulli, Smith, White, Callahan, Hartman e Westberg onde o professor avalia a frequência com que aspectos relacionados à aprendizagem, criatividade e motivação são regist(r)ados no cotidiano dos alunos), questionários, entrevistas, ou conversas (profundas e prolongadas) com a própria pessoa, com a família, com os professores e testes, desde que usados mais como metáforas da vida real do que em busca de resultados numéricos absolutos.

Altas Habilidades/Superdotação e Medicina editar

Na medicina, considera-se importantes os estudos da estrutura da mielina dos neurônios e de um funcionamento mais otimizado do cérebro como as causas da capacidade superior. A diferença entre um indivíduo normal e um superdotado são as conexões cerebrais complexas e não a quantidade de neurônios, como alguns pensam.

Altas Habilidades/Superdotação e Sociologia editar

Quanto à Sociologia, existem efeitos diferentes. Durante a infância e a adolescência, em alguns casos eles são acolhidos pela inteligência e maturidade superior pelos grupos mais avançados, em geral em idade. Geralmente são rejeitados pela maioria das pessoas por motivos como falta de interesses partilhados, inveja, ciúme, etc. Com o passar do tempo, estes geralmente conseguem estabelecer amizades concretas, em geral com pessoas com interesses maduros e concretos.

Altas Habilidades ou Superdotação e Psicologia editar

Às vezes, a alta habilidade não é reconhecida na infância e as crianças alto habilidosas são, por vezes, diagnosticadas como tendo transtorno afetivo bipolar, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, transtorno desafiador e de oposição, depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo ou outros problemas.

As principais características dos superdotados:

Altas Habilidades ou Superdotação e Pedagogia editar

A própria Constituição Brasileira indica que todos os cidadãos devem receber educação adequada para atingir seu potencial.

Em resolução do Conselho Nacional de Educação observamos:

As escolas da rede regular de ensino devem prever e prover na organização de suas classes comuns: [...]
IX — — — atividades que favoreçam, ao aluno que apresente altas habilidades/superdotação, o aprofundamento e enriquecimento de aspectos curriculares, mediante desafios suplementares nas classes comuns, em sala de recursos ou em outros espaços definidos pelos sistemas de ensino, inclusive para conclusão, em menor tempo, da série ou etapa escolar, nos termos do Artigo 24, V, “c”, da Lei 9.394/96.

Um estudo brasileiro em 2002 concluiu que a maioria dos professores do Brasil só possuem conhecimentos superficiais sobre superdotação, não sabem identificá-los corretamente, não sabem atender suas necessidades e não têm os recursos para estimular o desenvolvimento de suas habilidades.[4] Um psicólogo escolar poderia ajudar nessas questões.

Apesar de o número de alunos superdotados registrados pelo Ministério da Educação (MEC) ter quintuplicado em cinco anos (2005–2010),[5] passando de cerca de mil para 5,6 mil (0,01%), apenas uma pequena parcela da população com esse potencial tem acesso ao atendimento especial, garantido por lei. A Organização Mundial da Saúde estima que entre 1,5 milhão e 2,5 milhões de alunos no País tenham altas habilidades em pelo menos alguma área do conhecimento, e aproximadamente 8 milhões de pessoas no total.

Estratégias de ensino editar

Para atender às necessidades especiais de educação dos superdotados, existem duas abordagens de ensino.

O enriquecimento curricular é o oferecimento à criança de experiências de aprendizagem diversas das que o currículo regular normalmente apresenta (ver: Aprendizagem personalizada). Isso é feito através de atividades extraclasse onde são apresentados conteúdos mais abrangentes e ou mais profundos e são desenvolvidas atividades pedagógicas para criar um ambiente de aprendizagem desafiador para este aluno, despertando o seu interesse e para ajustar os níveis de aprendizagem requerida de acordo com as habilidades dos alunos. Pode ocorrer através de classes, monitorias ou tutorias individuais.

As classes de aceleração permitem ao aluno pular etapas da formação regulamentar. Existem diferentes estratégias para atingir este objetivo.[6]

  • Entrada mais cedo na fase seguinte do processo educativo (desde a educação infantil)
  • Pular séries e ou graus escolares
  • Aceleração por disciplina (frequentar disciplinas mais adiantadas dos anos seguintes)
  • Formação de classes mistas (onde os mais novos possam trabalhar com os mais velhos, e mais avançados)
  • Estudos paralelos (frequentar o ensino fundamental ao mesmo tempo que o ensino médio etc.)
  • Estudos compactados (quando o currículo normal é completado em metade ou terça parte do tempo previsto)
  • Ingresso antecipado no ensino superior

No entanto, no Brasil, apenas 1 a cada 1000 superdotados tem acesso a esses benefícios.[carece de fontes?]

Ver também editar

Referências

  1. Scribd - Os milagres do Dr. Feuerstein. Acessado em 22/02/2013.
  2. Gottfredson, Linda S. (janeiro de 1997). «Mainstream science on intelligence: An editorial with 52 signatories, history, and bibliography». Intelligence (em inglês). 24 (1): 13–23. doi:10.1016/S0160-2896(97)90011-8 
  3. CUPERTINO, C. M. B. Educação dos diferentes no Brasil: o caso da superdotação. Anais do 1o Congresso Internacional de Educação da Alta Inteligência, promovido pela Universidade da Provincia de Cuyo e pelo Instituto San Bernardo de Claraval. Mendoza, Argentina, Agosto de 1998
  4. MAIA-PINTO, Renata Rodrigues and FLEITH, Denise de Souza. Percepção de professores sobre alunos superdotados. Estud. psicol. (Campinas) [online]. 2002, vol.19, n.1 [cited 2010-09-27], pp. 78-90 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2002000100007&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0103-166X. doi: 10.1590/S0103-166X2002000100007.
  5. Cresce nº de alunos superdotados, mas acesso a ensino continua restrito. [1]
  6. FRE EMAN, J.; GUENTHER, Z. Educando os mais capazes: idéias e ações comprovadas. São Paulo: E.P.U., 2000