Tetratiomolibdato de amónio

composto químico
Tetratiomolibdato de amónio
Alerta sobre risco à saúde
Outros nomes tiomolibdato de amónio
Identificadores
Número CAS 15060-55-6
ChemSpider 10764593
Número RTECS QA4668250
SMILES
InChI
1S/Mo.2H3N.4S/h;2*1H3;;;;/q;;;;;2*-1/p+2
Propriedades
Fórmula molecular H8N2MoS4
Massa molar 260,28 g/mol
Aparência cristais vermelhos
Ponto de fusão

decomp ~ 155 °C[1]

Basicidade (pKb) decompõe-se
Estrutura
Estrutura cristalina B. Hill, H.-W. Lerner and M. Bolte (2010). Acta Crystallographica E. 66 (13). doi:10.1107/S1600536810003016 
Riscos associados
Principais riscos
associados
tóxico
Compostos relacionados
Compostos relacionados (NH4)2[WS4],
MoS2
Página de dados suplementares
Estrutura e propriedades n, εr, etc.
Dados termodinâmicos Phase behaviour
Solid, liquid, gas
Dados espectrais UV, IV, RMN, EM
Exceto onde denotado, os dados referem-se a
materiais sob condições normais de temperatura e pressão

Referências e avisos gerais sobre esta caixa.
Alerta sobre risco à saúde.

Tetratiomolibdato de amónio é o composto químico com fórmula [NH4]2MoS4. Este sal de amónio vermelho vivo é um reagente importante na química do molibdénio e tem sido usado na química bio-inorgânica. O anião tiometalato tem a propriedade distintiva de sofrer oxidação nos centros de enxofre concomitante com a redução do metal de Mo(VI) para Mo(IV).

Preparação e estrutura editar

O sal contém o anião tetraédrico [MoS4]2-. O composto é preparado tratando soluções com molibdato, [MoO4]2- com sulfureto de hidrogénio na presença de amónia:[2]

[NH4]2[MoO4] + 4 H2S → [NH4]2[MoS4] + 4 H2O
 
O anião [MoS4]2-.


Reações editar

O anião é também um excelente ligando. Por exemplo, com fontes de Ni(II), forma [Ni(MoS4)2]2-. Muita da química do tiomolibdato resulta de estudos sobre sais de catiões orgânicos quaternizados, tais como [NEt4]2[MoS4] e [PPh4]2[MoS4] (Et = C2H5, Ph = C6H5).[3] Estes sais orgânicos são solúveis em solventes orgânicos polares como a acetonitrila e dimetilformamida.

A descomposição térmica de [NH4]2[MoS4] produz trissulfureto de molibdénio (MoS3), amónia (NH3) e sulfureto de hidrogénio (H2S), entre 155 °C e 280 °C[1]

(NH4)2(MoS4) → MoS3 + 2 NH3 + H2S

MoS3 decompõe-se então em dissulfureto de molibdénio (MoS2) num intervalo de temperaturas bastante amplo dos 300 °C aos 820 °C. PA decomposição perfeita em MoS2 sob gás inerte requer pelo menos 800°C segundo a reação seguinte,

MoS3 → MoS2 + S

mas também pode ser obtida a 450°C, se existir hidrogénio suficiente.[4]

MoS3 + H2 → MoS2 + H2S

Compostos relacionados editar

São conhecidos vários tio- e seleno- aniões incluindo (A = catião de metal alcalino, [PPh4]+, [NEt4]+):

  • A3[VS4][5]
  • A3[NbS4][5]
  • A3[TaS4][5]
  • A2[MoSe4]
  • A2[WS4][6]
  • A2[WSe4]
  • A[ReS4][7]

Entre os aniões tetraédrios mais complexos incluem-se A2[MoS4-xOx] e A2[WS4-xOx].

Usos editar

O tetratiomolibdato de amónio foi inicialmente usado terapeuticamente no tratamento da toxicose do cobre em animais. Foi depois apresentado como um tratamento para a doença de Wilson, uma doença hereditária do metabolismo do cobre, em humanos; age competindo com a absorção de cobre nos intestinos e ao aumentar a excreção. Descobriu-se possuir também um efeito inibitório sobre a angiogénese, provavelmente por via da inibição do processo de translocalização da membrana dependente do ião Cu envolvendo uma via de secreção não clássica.[8] Tal torna-o um interessante objeto de investigação como tratamento do cancro, degeneração macular relacionada com a idade, e outras doenças que apresentem deposição excessiva de vasos sanguíneos.[9]

Referências

  1. a b Prasad, T. P.; Diemann, E. ; Müller, A. (1973). «Thermal decomposition of (NH4)2MoO2S2, (NH4)2MoS4, (NH4)2WO2S2 and (NH4)2WS4». Journal of Inorganic and Nuclear Chemistry. 35 (6). 1895 páginas. doi:10.1016/0022-1902(73)80124-1 
  2. Müller, A.; Diemann, E.; Jostes, R.; Bögge, H. (1981). «Transition Metal Thio Anions: Properties and Significance for Complex Chemistry and Bioinorganic Chemistry». Angewandte Chemie International Edition in English. 20 (11). 934 páginas. doi:10.1002/anie.198109341 
  3. Coucouvanis, D. (1998). «Syntheses, Structures, and Reactions of Binary and Tertiary Thiomolydate Complexes Containing the (O)Mo(Sx) and (S)Mo(Sx) Functional Groups (x = 1, 2, 4)». Advances in Inorganic Chemistry. Advances in Inorganic Chemistry. 45: 1–73. ISBN 9780120236459. doi:10.1016/S0898-8838(08)60024-0  |capítulo= ignorado (ajuda)
  4. Brito, J. L. ; Ilija, M. ; Hernández, P. (1995). «Thermal and reductive decomposition of ammonium thiomolybdates». Thermochimica Acta. 256 (2). 325 páginas. doi:10.1016/0040-6031(94)02178-Q 
  5. a b c Lee, S. C.; Li, J.; Mitchell, J. C.; Holm, R. H., (1992). «Group 5 Tetrathiometalates: Simplified Syntheses and Structures». Inorg. Chem. 31 (21): 4333–4338. doi:10.1021/ic00047a021 
  6. Srinivasan, B. R.; Poisot, M.; Näther, C.; Bensch, W. (2004). «Diammonium tetrathiotungstate(VI), [NH4]2[WS4], at 150 K». Acta Crystallographica E. E60 (11): i136–i138. doi:10.1107/S1600536804023761 
  7. Goodman, J. T.; Rauchfuss, T. B., (2002). «Tetraethylammonium-tetrathioperrhenate [Et4N][ReS4]». Inorganic Syntheses. 33: 107–110 
  8. Nickel, W (2003). «The Mystery of nonclassical protein secretion, a current view on cargo proteins and potential export routes». Eur. J. Biochem. 270 (10): 2109–2119. PMID 12752430. doi:10.1046/j.1432-1033.2003.03577.x 
  9. Brewer GJ, Hedera P, Kluin KJ; et al. (2003). «Treatment of Wilson disease with ammonium tetrathiomolybdate: III. Initial therapy in a total of 55 neurologically affected patients and follow-up with zinc therapy». Arch Neurol. 60 (3): 379–85. PMID 12633149. doi:10.1001/archneur.60.3.379