The River of Doubt

The River of Doubt: Theodore Roosevelt’s Darkest Journey (em português: O Rio da Dúvida: a sombria viagem de Theodore Roosevelt e Rondon pela Amazônia) é o primeiro livro da escritora estadunidense Candice Millard, lançado nos Estados Unidos em 2006, e que teve sua publicação no Brasil em 2007 pela Companhia das Letras (São Paulo), com tradução de José Geraldo Couto e prefácio de Marta Amoroso.

The River of Doubt
The River of Doubt: Theodore Roosevelt’s Darkest Journey
O Rio da Dúvida: a sombria viagem de Theodore Roosevelt e Rondon pela Amazônia (BR)
Autor(es) Candice Millard
Idioma Inglês
País  Estados Unidos
Linha temporal 1913-1914
Localização espacial Brasil
Editora Broadway
Lançamento 2006
Edição brasileira
Tradução José Geraldo Couto
Editora Companhia das Letras
Lançamento 2007
ISBN 978-85-359-1072-8

O livro relata a Expedição Científica Rondon-Roosevelt, cuja organização iniciou em 1913, e que ocorreu em 1914, tendo como missão o mapeamento de um rio desconhecido, descoberto no fim de uma das expedições de Cândido Rondon, em 1909, e que até então permanecia inexplorado. Cândido Rondon e Theodore Roosevelt, acompanhados por uma equipe de exploradores, entre eles o filho de Roosevelt, Kermit, desceram o rio, enfrentando as dificuldades da selva amazônica. Concomitantemente, o livro salienta as diferenças da personalidade dos dois exploradores, ambos considerados grandes homens em suas características de liderança e carisma.

O rio em questão, que até então era conhecido como Rio da Dúvida, recebeu posteriormente o nome de Rio Roosevelt. Anteriormente, outro livro contara a história da expedição, “Through the Brazilian Wilderness” (Pelas Selvas Brasileiras, Ed. Capo Paperback), escrito em 1914 por Theodore Roosevelt.

Enredo editar

 
Retrato oficial de Theodore Roosevelt, feito por John Singer Sargent.
 
Da esquerda para a direita: Padre Zahm, Rondon, Kermit, Cherrie, Miller, quatro brasileiros membros da expedição, Roosevelt, Fiala. Foto de 1914.

O Presidente Theodore Roosevelt era conhecido pelo seu espírito aventureiro, tendo participado de vários safáris na África e excursões no interior dos Estados Unidos. Em 1913, após dois mandatos como presidente e de uma tentativa frutrada para um terceiro mandato, resolveu fazer uma expedição por terras brasileiras. Entre os vários itinerários, resolveu-se por uma desafiadora missão: mapear um rio que fora descoberto por Cândido Rondon, no final de uma excursão que fizera em 1909, e que ainda não fora devidamente explorado.

O rio em questão, que fora chamado por Rondon de Rio da Dúvida justamente pela incerteza sobre o seu curso, apesar de seus 1600 quilômetros de extensão ainda permanecia inexplorado, e Roosevelt resolveu tomar a missão de seu mapeamento, tendo como guia Cândido Rondon, então com 48 anos, que passara a metade da vida explorando a Amazônia, tendo percorrido 22,5 mil quilômetros de território selvagem.[1] Rondon só aceitou a missão, porém, sob a garantia de que seria um empreendimento científico sério.

 
Cândido Rondon em 1930.

A descida do rio foi entre fevereiro e abril de 1914, e os participantes da expedição, entre eles o 3º filho de Roosevelt, Kermit, passaram por várias dificuldades, desde doenças tropicais, fome, hostilidade indígena, insetos, piranhas, até dificuldades de relacionamento dentro da própria equipe. Durante a expedição, três dos homens morreram, e a vida de Roosevelt – que teve uma infecção – e de seu filho – que quase morreu de malária – esteve muitas vezes em risco.

O livro traça também um comparativo entre a personalidade de dois homens tão distintos, em busca de uma mesmo objetivo: Roosevelt e Rondon. Cândido Mariano da Silva Rondon era um homem incansável e indomável na vastidão da Amazônia, e escreveria: “A morte e os perigos, não importa quanto sofrimento tragam, não devem atrapalhar a missão da expedição”.[2] Era um homem disciplinado, e esperava essa mesma disciplina de seus homens.[1] Levantava às 4 horas da manhã, nadava, fazia a barba sem espelho e tomava um desjejum simples. Não usava bebidas alcoólicas e nem permitia que seus homens o fizessem. Defendia tenazmente os índios, chegando a não deixar seus homens revidarem quando ameaçados[1] ou atacados. Ordenava que nunca atirassem, e acreditava que a missão de proteger e pacificar os índios era maior que sua própria vida, e a de seus comandados.

Roosevelt, por sua vez, era um homem mais flexível, portanto, mais querido pelos seus homens, tendo a aparência mais divertida e despreocupada. Falava muito, de forma a se tornar, para o grupo, um “contador de histórias”. Embora simpatizasse com os índios, estava mais propenso “a conquistar do que a ser morto”.[1] Apesar de nunca ter se livrado completamente do “modelo da fronteira americana com o qual havia crescido”, em sua autobiografia, escreveria: “muitos dos homens brancos eram, eles próprios, brutais e sem lei, e propensos a cometer abusos contra os índios”.[3]

Notas e referências editar

  1. a b c d Millard, Candice. O Rio da Dúvida. [S.l.]: São Paulo: Companhia das Letras. ISBN 978-85-359-1072-8 
  2. VIVEIROS, Ester de. Rondon conta sua vida (Rio de Janeiro, 1958). In: MILLARD, C. O Rio da Dúvida. Companhia das Letras, 2007, p. 207
  3. ROOSEVELT, Theodore. An Autobiography, Nova Iorque, 1913. In: MILLARD, C. O Rio da Dúvida. Companhia das Letras, 2007, p. 123

Referências bibliográficas editar

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