Tia Nastácia

personagem da obra de Monteiro Lobato
 Nota: Se procura a banda de rock, veja Tianastácia.

Tia Nastácia é uma personagem da obra de Monteiro Lobato. Foi de suas mãos que surgiu a boneca Emília.

Tia Nastácia

Tia Nastácia e Dona Benta, Jacira Sampaio interpretou a Tia Nastácia entre 1977 e 1986
Informações gerais
Criado por Monteiro Lobato
Informações pessoais
Idade 66 anos (O Saci)[1]
70 anos (Caçadas de Pedrinho)[2]
Características físicas
Sexo Feminino
Família e relacionamentos
Família Tiaga(Mãe) Citada em "Histórias da Tia Nastácia"
Informações profissionais
Aliados Pessoal do Sítio
Inimigos Cuca
Pesadelo
Minotauro
Vários

A inspiração editar

 
Anastácia se encontra à direita, segurando Guilherme Monteiro Lobato, em 1913.

Quando vivo, Monteiro Lobato disse ao jornalista Silveira Peixoto em uma entrevista, que a personagem de seus livros foi inspirada em uma mulher chamada Anastácia, que trabalhava em sua casa como cozinheira, e babá de seus filhos. A "Anastácia real" é descrita como uma negra alta, magra, de canelas e punhos finos, um personagem com características mais próximas da realidade das trabalhadoras negras mas que não deixa de ser um retrato de sua condição na sociedade.

Em entrevista para a Gazeta-Magazine em 1943, Lobato respondeu ao repórter Silveira Peixoto sobre como havia surgido a cozinheira do Sítio: "Tive em casa uma Anastácia, ama do meu filho Edgard. Uma preta alta, muito boa, muito resmunguenta, hábil quituteira… Tal qual a Anastácia, ou a tia Nastácia dos livros."[3] Ele também cita a mesma no ano de 1912 em quanto fala ao amigo Godofredo Rangel, sobre seus filhos: "O peralta é o Edgard. Põe-me doido e é escandalosamente protegido pela mãe e a tia Anastácia, a preta que eu trouxe de Areias e o pega desde pequenininho. Excelente preta, com um marido mais preto ainda, de nome Esaú."

Uma visão da época editar

Nas antigas casas de fazenda, como em muitas nas cidades, era comum a figura da velha matrona negra, solteirona, solícita e de pouca instrução.[carece de fontes?]

A figura de Tia Nastácia na maioria das ilustrações dos livros de Lobato, lembra um pouco um antigo estereótipo conhecido nos Estados Unidos como "Mammy"[4] hoje em dia considerado racista, geralmente representado por uma mulher gorda de pele escura, vestindo um avental com um lenço na cabeça, que normalmente é uma empregada doméstica, cozinheira, costureira ou enfermeira. Este estereótipo aparece em alguns desenhos animados antigos, como em um desenho da Disney de 1935 chamado "Os Três Gatinhos Orfãos" (Three Orphan Kittens), nos clássicos desenhos de Tom e Jerry dos anos 40 e peças publicitárias da época.

A personagem editar

A extrema bondade de tia Nastácia dava-lhe, no contexto do Sítio do Picapau Amarelo, o verdadeiro ar de brasilidade, junto a uma Dona Benta de formação cultural européia. Enquanto esta falava de Hans Staden, e apresentava aos netos a Mitologia Grega, foi pela boca de tia Nastácia que dezenas de Histórias do folclore brasileiro foram sendo narradas, com deleite, aos meninos do Sítio. Por seus lábios, personagens menosprezados do rico fabulário popular encontraram meios de chegar aos leitores mirins do Brasil, e tia Nastácia tornou-se o centro das atenções, em "Histórias de tia Nastácia" - um dos livros da série. Tia Nastácia é a personagem que representa a sabedoria popular, a sabedoria do povo.

Negra, de beiços grandes, assustada e medrosa, uma cozinheira de mão cheia. Sem os seus quitutes, a vida no Sítio não teria "sabor"… Tia Nastácia é famosa por causa de seus deliciosos bolinhos, de modo que, segundo o livro O Saci:

"… _quem comia uma vez os seus bolinhos de polvilho não podia nem sequer sentir o cheiro de bolos feitos por outras cozinheiras (…)".

O problema é quando a prezada cozinheira mostra anseios de levar o porco Rabicó para o forno, e só não fez isso pois o pobre poltrão é salvo da panela por Narizinho.

Supersticiosa, a tudo esconjura com um "cruz-credo". Ou, como resumiu Emília, num raro elogio:


Na televisão editar

Tia Nastácia foi interpretada por Jacyra Sampaio, na famosa adaptação do Sítio do Picapau Amarelo da TV feita pela Rede Globo. A atriz faleceu em 1998. Dhu Moraes interpretou entre os anos de 2001 e 2006, na série de 2001, e fez uma Tia Nastácia mais magra, a atriz ficou muito conhecida com a personagem. Em 2007, Rosa Marya Colin interpretou a personagem.

Intérpretes editar

 
Zeni Pereira interpretando Tia Nastácia nos anos 50

Tia Nastácia na cultura brasileira editar

 
Tia Nastácia em um selo postal brasileiro do ano de 1973

Para a versão de 1977 do Sítio, o músico Dorival Caymmi escreveu uma nova versão de sua canção "História Pro Sinhozinho" intitulada de "Tia Nastácia", a qual foi gravada pelo próprio e utilizada como tema oficial da personagem. Na versão de 2001 foi regravada por Zeca Pagodinho, sendo a gravação mais conhecida. Essa canção se tornou popular também em torcidas de futebol do Brasil com versões próprias, além de ter sido regravada por diversos outros artistas. [5] [6]

Referências

  1. O Saci 1 ed. [S.l.]: Globo. 2007. p. 12. ISBN 978-85-250-4390-0 
  2. Caçadas de Pedrinho 3 ed. [S.l.]: Globo. 2009. p. 35. ISBN 978-85-250-4804-2 
  3. Zöler, Zöler (2018). «3.2.1 tia Nastácia 1910». Lobato Letrador. 3º passo 1 ed. [S.l.]: Tagore Editora. p. 130. 408 páginas. ISBN 9788553250332 
  4. The Mammy Caricature
  5. «"O Palmeiras não tem Mundial": conheça a origem e por que essa música gruda na cabeça». ge. Consultado em 5 de dezembro de 2023 
  6. «Música de Caymmi vira provocação contra Palmeiras por Mundial». GZH. 13 de setembro de 2019. Consultado em 5 de dezembro de 2023