A Tismoo é uma startup de biotecnologia, a primeira do mundo de medicina personalizada voltada ao autismo e síndromes relacionadas.[2] É uma empresa brasileira, criada em abril de 2016,[1][3][4] com sede em São Paulo e dois escritórios nos Estados Unidos, em San Diego (Califórnia) e em Miami (Flórida). A startup faz análises em genes de crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e síndromes relacionadas para identificar o tratamento mais adequado,[1] tem como um de seus cofundadores o neurocientista brasileiro Alysson Muotri, professor da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA), conhecido por avançadas pesquisas na área, tendo, em novembro de 2010, curado pela primeira vez na história um neurônio autista em laboratório e foi capa da renomada revista científica Cell.[5]

Tismoo
Tismoo
Razão social Tismoo Biotech Laboratorio Ltda.
Empresa de capital fechado
Slogan The biotech company
Atividade Serviços de Saúde
Fundação 2 de abril de 2016 (2016-04-02)
Fundador(es)
  • Alysson Muotri
  • Carlos Gadia
  • Gian Franco Rocchiccioli
  • Graciela Pignatari
  • Marco Antonio Innocenti
  • Patrícia Beltrão Braga
  • Roberto Herai
Sede São Paulo, SP, Brasil
Locais São Paulo (Brasil), San Diego (EUA) e Miami (EUA)
Serviços T-Array®, T-Exom®, T-Gen®, Tismoo24/7®
Website oficial www.tismoo.us/pb/
  • Notas de rodapé / referências
  • [1]

A startup é o primeiro laboratório no mundo exclusivamente dedicado a análises genéticas com foco em perspectivas terapêuticas personalizadas para o autismo e outros transtornos neurológicos de origem genética, tais como Síndrome de Rett, Síndrome de Timothy, Síndrome do X Frágil, Síndrome de Angelman, CDKL5, Síndrome de Phelan-McDermid, entre outros. A ideia dos cientistas da Tismoo é utilizar os exames genéticos como ferramenta de diagnóstico e permitir que técnicas e estudos de ponta realizados nas universidades possam ser colocados em prática para o benefício das pessoas que estão no espectro do autismo e de suas famílias.[1]

Para o nascimento da startup, foram necessários dois anos de planejamento e investimento retirado do bolso dos próprios sócios. Seis meses depois do lançamento, a Tismoo já havia realizado cerca de 50 análises completas do genoma de pacientes.[3]

No fim de 2015, na Universidade da Califórnia em San Diego, Muotri desenvolveu a técnica de criação de minicérebros,[6][7] miniaturas tridimensionais de cérebros vivos — do tamanho de uma ervilha, como o cérebro de um feto — que simulam o desenvolvimento do cérebro humano a partir de células-tronco do paciente, usando técnica de células-tronco pluripotentes induzidas (criada pelo prêmio Nobel Shinya Yamanaka). A Tismoo planeja usar esta técnica dos minicérebros em busca de melhores tratamentos e o entendimento genético do autismo.[8]

Histórico

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Em maio de 2016, a Tismoo foi a primeira startup a publicar um trabalho na Nature,[9][10][11] tendo sua pesquisa reconhecida em uma das revistas científicas mais respeitadas do mundo.[12][13][14] O trabalho é sobre o Zika vírus e sua relação com o alto índice de microcefalia no Brasil. Por meio de sua tecnologia de minicérebros,[15] a startup brasileira ajudou a demonstrar a relação entre a versão brasileira do vírus e como ele atua causando malformação do córtex e levando a essa condição neurológica.[16][17][18]

Em abril de 2018, a Tismoo lançou, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD), o projeto 1.000 Genomas Brasileiros.[19] O objetivo principal desta iniciativa é criar a maior base de dados genômicos de autistas brasileiros, a fim de ajudar a entender melhor o perfil genético do transtorno no Brasil, além de viabilizar a implantação de uma plataforma de Inovação Aberta (Open Innovation), disponível a cientistas do mundo todo e acelerando as inovações nesta área.[20][21] Até o momento, em todo o mundo, a ciência já identificou quase 800 genes relacionados ao autismo, porém muitos deles ainda são desconhecidos. Para este projeto, serão priorizadas famílias com baixa-renda comprovada e autistas clássicos (não sindrômico).[22]

Ver também

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Referências

  1. a b c d «Cientistas brasileiros criam startups inovadoras em saúde | EXAME». exame.abril.com.br. Consultado em 12 de abril de 2018. Cópia arquivada em 13 de abril de 2018 
  2. Saleh, Naíma. «EXCLUSIVO! Autismo: Nasce a primeira startup do mundo dedicada ao transtorno». Revista Crescer. Consultado em 13 de abril de 2018 
  3. a b «A Tismoo é a primeira startup que usa sequenciamento genético para entender e tratar o autismo no Brasil». Projeto Draft 
  4. «Startup brasileira atua com medicina personalizada para o autismo - Saúde Business». Saúde Business. Consultado em 14 de abril de 2018. Cópia arquivada em 13 de novembro de 2017 
  5. «'A cura é possível, é só uma questão de 'quando, diz Alysson Muotri». O Globo. 2 de abril de 2016 
  6. Pianetti, Paulo (10 de janeiro de 2018). «Medicina personalizada para o autismo». Estado de Minas. Consultado em 13 de abril de 2018 
  7. Garcia, Rafael (29 de outubro de 2015). «Cientista que criou 'minicérebros' nos EUA trará técnica para o Brasil». G1. Consultado em 13 de abril de 2018 
  8. «Novo laboratório em SP cria 'minicérebros' para tratamento de autismo». G1 
  9. Cugola, Fernanda R.; Fernandes, Isabella R.; Russo, Fabiele B.; Freitas, Beatriz C.; Dias, João L. M.; Guimarães, Katia P.; Benazzato, Cecília; Muotri, Alysson R.; Pignatari, Graciela C. (junho de 2016). «The Brazilian Zika virus strain causes birth defects in experimental models». Nature (em inglês). 534 (7606): 267–271. ISSN 1476-4687. doi:10.1038/nature18296. Consultado em 13 de abril de 2018 
  10. Saraiva, Jacilio (30 de novembro de 2016). «Biotecnologia conquista novos nichos de mercado». Fapesp na Mídia. Fapesp. Consultado em 14 de abril de 2018. Cópia arquivada em 14 de abril de 2018 
  11. Cugola, Fernanda R.; Fernandes, Isabella R.; Russo, Fabiele B.; Freitas, Beatriz C.; Dias, João L. M.; Guimarães, Katia P.; Benazzato, Cecília; Almeida, Nathalia; Pignatari, Graciela C. (9 de junho de 2016). «The Brazilian Zika virus strain causes birth defects in experimental models». NCBI (em inglês). 534 (7606): 267–271. ISSN 1476-4687. PMC 4902174 . PMID 27279226. doi:10.1038/nature18296. Consultado em 13 de abril de 2018 
  12. Bicudo, Lucas (18 de maio de 2016). «Startup brasileira de biotecnologia tem trabalho reconhecido em uma das revistas mais respeitáveis de ciências | StartSe». StartSe. Consultado em 13 de abril de 2018. Cópia arquivada em 14 de abril de 2018 
  13. «Autismo – startup brasileira atua com medicina personalizada». Revista News. 15 de janeiro de 2018. Consultado em 14 de abril de 2018 
  14. Saraiva, Jacilio (30 de novembro de 2016). «Biotecnologia conquista novos nichos de mercado». Valor Econômico. Consultado em 13 de abril de 2018 
  15. «Tecnologia da TISMOO foi usada em pesquisa sobre zika vírus e publicada na Nature » DC Inovação » Diário do Comércio». DC Inovação. Diário do Comércio. 17 de junho de 2016. Consultado em 14 de abril de 2018. Arquivado do original em 14 de abril de 2018 
  16. Monteiro, Rejane (17 de maio de 2016). «Startup brasileira realiza feito inédito no mundo científico». Segs.com.br. Consultado em 13 de abril de 2018 
  17. «Com 'minicérebro', start-up investiga terapias alternativas e ação da zika». Folha de S.Paulo 
  18. Martins, Raphael (9 de abril de 2018). «Muotri, da UC San Diego: Estamos perto da cura do zika | EXAME». Revista Exame. Consultado em 14 de abril de 2018. Cópia arquivada em 14 de abril de 2018 
  19. «Startup cria projeto para desenvolver maior base de dados genéticos do mundo sobre o autismo brasileiro - InvesteSP». Investe SP. Governo do Estão de São Paulo. 6 de abril de 2018. Consultado em 14 de abril de 2018 
  20. «Startup cria projeto para desenvolver maior base de dados genéticos do mundo sobre o autismo brasileiro | CM Comunicação». crismoraes.com.br. Consultado em 12 de abril de 2018 
  21. «Startup cria projeto para desenvolver maior base de dados genéticos do mundo sobre o autismo brasileiro – Jornal Dia Dia». jornaldiadia.com.br. Consultado em 12 de abril de 2018 
  22. «Startup cria projeto para desenvolver maior base de dados genéticos do mundo sobre o autismo brasileiro | Portal Hospitais Brasil». Portal Hospitais Brasil. 4 de abril de 2018 

Ligações externas

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