Travancinha

freguesia do município de Seia, Portugal

Travancinha é uma povoação portuguesa sede da Freguesia de Travancinha do Município de Seia, freguesia com 12,66 km² de área[1] e 387 habitantes (censo de 2021)[2], tendo, por isso, uma densidade populacional de 30,6 hab./km².

Portugal Portugal Travancinha 
  Freguesia  
Símbolos
Brasão de armas de Travancinha
Brasão de armas
Localização
Travancinha está localizado em: Portugal Continental
Travancinha
Localização de Travancinha em Portugal
Coordenadas 40° 25' 25" N 7° 49' 22" O
Região Centro
Sub-região Beiras e Serra da Estrela
Província Beira Alta
Distrito Guarda
Município Seia
Código 091224
Administração
Tipo Junta de freguesia
Características geográficas
Área total 12,66 km²
População total (2021) 387 hab.
Densidade 30,6 hab./km²
Outras informações
Orago Nª Srª do Rosário
Sítio Site oficial

Geografia

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Situa-se esta freguesia no extremo poente do município, confinando com o de Oliveira do Hospital. Assente na planície do chamado “baixo concelho”, a uma altitude de 380 metros, Travancinha tem o seu ponto mais elevado na Borceda, onde existe o marco geodésico denominado Pilar da Borceda.

Demografia

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A população registada nos censos foi:[2]

População da Freguesia de Travancinha[3]
AnoPop.±%
1864 917—    
1878 1 063+15.9%
1890 957−10.0%
1900 1 017+6.3%
1911 1 052+3.4%
1920 949−9.8%
1930 753−20.7%
1940 959+27.4%
1950 1 045+9.0%
1960 817−21.8%
1970 759−7.1%
1981 670−11.7%
1991 630−6.0%
2001 546−13.3%
2011 472−13.6%
2021 387−18.0%
Distribuição da População por Grupos Etários[4]
Ano 0-14 Anos 15-24 Anos 25-64 Anos > 65 Anos
2001 82 79 245 140
2011 52 55 231 134
2021 42 30 203 112

História

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Como certidão da sua provecta idade, Travancinha apresenta vestígios de um velho castro e de uma calçada romana, além de sepulturas cavadas na rocha. Também o seu topónimo, diminutivo arcaico de Travanca, indicia uma remota antiguidade.

As mais antigas referências a Travancinha datam dos primórdios da monarquia portuguesa, mais concretamente do reinado de D. Sancho I. D. Dulce, a esposa deste monarca, teve o senhorio desta terra, fruto das compras que fez a vilãos foreiros. Antes da rainha a possuir, Travancinha era toda foreira à coroa. A infanta D. Mafalda herdou as propriedades de sua mãe, aumentando o seu património com muitas outras que adquiriu um pouco por toda a região de Seia, incluindo aqui na freguesia.

Nas Inquirições de D. Afonso III, faz-se menção a um tal Mendes Dias, um dos muitos cavaleiros vilãos aqui proprietários, que vendeu as suas herdades a algumas Ordens. Uma delas, a de Aviz, era possuidora de vários casais em Travancinha doados por D. Mafalda: “que dedit ipsi ordini regina donna Mafalda”. Em 1258, D. Urraca Fernandes era a dona de seis casais herdados de D. Pedro Velho.

A criação da freguesia é “posterior ao século XIV e obra da igreja de Santa Eulália, que instituiu uma filial na ermida de Santa Maria com o título de curato anexo”. Pelos finais dos padroados, ainda o prior de Santa Eulália apresentava o cura de Travancinha com uma renda de trinta mil reis e pé-de-altar.

O lugar de Casal foi outrora um concelho com foral dado por D. Manuel I, em Lisboa, a 21 de Novembro de 1514. Não se sabe a data exacta da sua extinção, mas em novembro de 1836 já o Casal estava integrado na vila de Ervedal da Beira. Travancinha fez igualmente parte do concelho de Ervedal até 24 de Outubro de 1855, data em que passou a integrar o de Seia, após a extinção daquele. Alguns autores afirmam que Sameice era a única freguesia constitutiva do concelho de Casal, para além da própria vila, mas outros traçam um mapa bastante mais alargado, do qual se infere serem várias as freguesias que o formavam: “Do concelho do Casal, apenas ficaram no concelho de Seia as freguesias de Sameice, Travancinha e Várzea de Meruge. Entretanto transferiram-se para o concelho de Oliveira do Hospital, Meruge e S. Paio de Codeço.

O concelho de Casal possuiu câmara municipal (edifício ainda existente), tribunal e cadeia. Tinha juiz, procurador, escrivão e destacamento militar. Como que lembrando e atestando aqueles tempos de glória e de especiais prerrogativas, o pelourinho conseguiu sobreviver à voragem dos dias, sendo um dos poucos que, no concelho, se encontram ainda de pé. Sobre o pelourinho do Casal, alguém escreveu: “O seu pelourinho era de madeira, e como Vila Nova se houvesse julgado com direito aos bens da casa arruinada pela política da época, como filho mais poderoso, veio buscá-lo. Carregou-o num carro de bois e ia--se embora com ele. Era no Verão: aquela gente dispersa pelos campos, tinha deixado o burgo deserto. A não ser a petizada que se divertia, todos trabalhavam deitando a água às hortas. Mas alguém que apareceu, lembrou-se de tocar os sinos a rebate e o povo acorreu pressuroso ao chamamento, em defesa do seu património artístico. Lá, já ao longe, quando o povo se juntou com alarido e pronto para castigar o desacato, houve pancadaria da rija, e os de Vila Nova voltaram derrotados, e para que não fosse possível repetir a proeza, trabalharam em bom granito da região um Pelourinho e ergueram-no em frente da casa da antiga Comenda”.

Entre o Casal e a sede da freguesia situa-se a igreja paroquial de invocação de Nossa Senhora do Rosário, uma construção do século passado. A Capela de Nossa Senhora das Virtudes é um templo edificado em 1742, conforme a inscrição aposta no campanário. Tem quatro altares, figurando a imagem do orago num deles.

Uma das figuras importantes desta freguesia foi o sargento-mor António de Mascarenhas, natural do lugar de Casal. Num instrumento de testemunhas para ser promovido, incluiu no seu currículo que no ano “de 1772 foi o suplicante oficial comandante no sítio da Cruz de Vasqueanes, no sítio da Senhora do Espinheiro, no lugar do Sabugueiro e no sítio da Senhora do Desterro… aí esteve sempre, com oficiais e soldados, por ordem que para isso teve, fazendo tudo com muita satisfação e zelo, do serviço de Sua Real Magestade”.

Cronologia

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  • 1527 - mencionado como concelho de Casal e Travancinha
  • 1836 - estava já integrado em Ervedal da Beira[5]
  • 1841 - possível extinção do estatuto de concelho[6]

Património

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Capela de Nossa Senhora das Virtudes - Travancinha
  • Igreja Matriz de Travancinha (século XVIII)
  • Capela de São Sebastião
  • Capela de Nossa Senhora da Ajuda
  • Capela de Nossa Senhora das Virtudes (1742)
  • Capela de Nossa Senhora da Saúde
  • Botica
  • Pelourinho
  • Casa da Câmara
  • Casa da Comenda
  • Fonte secular
  • Ponte romana
  • Cruzeiro Duplo Centenário
  • Alminhas
  • Tribunal
  • Cadeia

Pontos de interesse

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  • Caminho romano conhecido por “Canada das Cerejeiras”
  • Penedo de João Brandão
  • Lapa Seixinha
  • Blocos pedunculados
  • Pilar da Borceda - Marco geodésico
  • Penedo da Forca
  • Baloiço panorâmico Entre Serras[7]

Equipamentos

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  • Jardim de Infância de Travancinha

Referências

  1. «Carta Administrativa Oficial de Portugal CAOP 2013». descarrega ficheiro zip/Excel. IGP Instituto Geográfico Português. Consultado em 10 de dezembro de 2013. Arquivado do original em 9 de dezembro de 2013 
  2. a b Instituto Nacional de Estatística (23 de novembro de 2022). «Censos 2021 - resultados definitivos» 
  3. Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
  4. INE. «Censos 2011». Consultado em 11 de dezembro de 2022 
  5. Pelourinho de Casal na base de dados Ulysses da Direção-Geral do Património Cultural
  6. Pelourinho de Casal na base de dados SIPA da Direção-Geral do Património Cultural
  7. «Baloiço panorâmico Entre Serras • Togetherness • Centro de Portugal». togetherness.centerofportugal.com. Consultado em 8 de julho de 2021 

Ligações externas

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Unidades de alojamento

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