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A Fortaleza de São Miguel de Luanda com ordem militar localiza-se no antigo monte de São Paulo, actualmente denominado de Morro da Fortaleza, nas proximidades da ponte da Ilha de Luanda, na cidade de Luanda, província de Luanda, em Angola.
História
editarErguida por determinação do primeiro Governador, Paulo Dias de Novais, em 1575, é a primeira estrutura defensiva construída em Luanda (e em Angola).
No contexto da Dinastia Filipina, a cidade de São Paulo de Luanda foi alçada à categoria de capital administrativa da região de Angola em 1627. Para a sua defesa, foi erguida uma nova fortificação, concluída em 1634.
O forte e a cidade caíram em mãos da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais no período de 24 de Agosto de 1641 a 15 de Agosto de 1648, quando foram recuperadas para a Coroa Portuguesa por uma expedição armada na Capitania do Rio de Janeiro, no Brasil, por Salvador Correia de Sá e Benevides. Durante o período de ocupação Neerlandesa foi denominado como Fort Aardenburgh. Em 1650 o governador Salvador Correia de Sá e Benevides apresentou ao Conselho Ultramarino os novos planos de fortificação de Luanda, a cargo do engenheiro francês Pedro Pelique, que trouxera do Rio de Janeiro (SANTOS, 1967:22). O forte, que até à invasão holandesa se chamara de São Paulo, teve o seu nome trocado para São Miguel, santo da particular devoção de Salvador Correia de Sá.[1]
Sob o governo de Francisco de Távora (1669-1676), o forte foi reconstruído em alvenaria, ficando concluídos um baluarte e duas cortinas. Sob o governo de César Meneses (1697-1701) foi erguida, no interior da fortificação, a Casa da Pólvora (op. cit., p. 27).
A Portaria de 15 de Setembro de 1876 estabeleceu o Depósito de Degredados de Angola, nas dependências da fortaleza. Entretanto, a instituição só começou a funcionar em 1881, sendo realizadas algumas obras de adaptação para esse fim, como a construção de um edifício de dois pavimentos.
No século XX, com a extinção do Depósito de Degredados, por Portaria de 8 de Setembro de 1938, do então ministro das Colónias Francisco José Vieira Machado, a fortaleza foi classificada como Monumento Nacional por Decreto Provincial de 2 de Dezembro do mesmo ano. Nela veio a instalar-se, no ano seguinte, o Museu de Angola, criado pela portaria n.º 6, tendo sido feitas as necessárias obras de adaptação, como a colocação de painéis de azulejos numa casamata com cenas da história de Angola e de exemplares da fauna e flora nativos.
Em 1961 o acervo do museu foi retirado por completo e a fortaleza voltou a assumir funções militares, nela tendo ficado sediado o Comando das Forças Militares Portuguesas.
Após a Independência, em 1978 as dependências da fortaleza passara a albergar o Museu das Forças Armadas.
Considerada como um dos principais patrimónios edificados da capital e do país, em 1995 sofreu intervenções de conservação no exterior do edifício, encontrando-se bem conservada. De propriedade do Estado, está afectada ao Ministério da Defesa e ao Ministério da Cultura.
Características
editarA fortaleza de S. Miguel tem uma forma muito irregular;... O poligono da fortificação de S. Miguel, pode considerar-se inscripto em uma curva fechada oblonga, cujo diametro maior é de 340 pés e o menor de 47. O seu perimetro está dividido em 17 frentes de desigual grandesa, formando angulos salientes e reintrantes, para que as partes mais expostas aos ataques sejão defendidas por aquellas que o estão menos, e só uma abaluartada, segundo o primeiro sisthema de Vauban, ou quatro traçado francez, com revelim na frente, cercada de estrada coberta e explanada. As mais frentes não tem fosso, para as aproximar, quanto possível, a encosta do monte.
As obras exteriores são o revelim que cobre a porta principal e uma bataria(obra de fortificação com peças assestadas,que podem atirar a barbete ou em canhoneiras. Fileira de peças de artilharia) inferior do lado que olha o N.E.. Esta bataria, tendo servido de fundição de artilharia - em tempo do Capitão General Sousa Coutinho, não está hoje frotificada convenientemente pois que para se construirem os telheiros e forno de reverbero, que ainda existe em bom estado, foi preciso tapar algumas canhoneiras, e alterar as muralhas de revestimento do S.O. e N.O.;...
A porta, que dá entrada á fortalesa, fica no meio da cortina que prende os dois baluartes, e é aberta na massa do seu reparo, ao lado da qual está o corpo da guarda, que serve de prisão aos galés. Não tem ponte, mas communica com fosso, por meio de uma rampa de alvenaria, que partindo do ressalto que impede, que a porta seja immediatamente forçada pelo inimigo, e cuja altura é de 56 polegadas; vai terminar um pouco alem do meio do fosso. Esta rampa, podia ser substituida por uma de madeira, descançada sobre cavalletes, pela vantagem de se poder destruir, ou retirar, com facilidade.
A largura do fosso defronte das faces, é menor que o dobro da altura da muralha, que reveste o recinto;... Defronte dos salientes, a largura do fosso é menor, afim de diminuir a frente das contrabaterias do sitiante - contra os flancos.
A fortalesa, gosa da vantagem de ter arvores plantadas no terrapleno do reparo, e na explanada, sendo para admirar que não as haja, no terrapleno da estrada coberta. As arvores plantadas em taes lugares, consolidão melhor as terras; tornão dificil a construção de aproxes; fornecem durante o sítio, madeiras e ramagens para blindagens, revestimentos, plataformas, e outras obras próprias á defensa.
S. Miguel, tem 82 canhoneiras, nas 16 frentes, não abaluartadas; 3 em cada face da frente abaluartada, 2 em cada flanco, e 7 na cortina, ou 23 na totalidade da dita frente, 16 no cavalleiro; 4 no revelim e 6 na bateria inferior, ou 131 por todas.
Tem a fortalesa, casa para residencia do Governador, que tem patente de Capitão; uma capella de invocação de S. Miguel, diversos armasens e o paiol construido na massa de reparo do lado do N.O., ao qual se desce por uma escada de tijolo, toda arruinada, até ao patamal em que está o guardafogo tem 18 pilares de alvenaria, fica ao abrigo dos tiros inimigos; distante do fogo, e preservado da humidade; porem parece não ter servido, se não de deposito de lenha, principal causa da ruina da escada; tem a fortalesa cosinha, e duas letrinas que estão muito arruinadas... [2]
As principais partes ou designações Fortaleza de S.Miguel, conforma o esquema, são as seguintes: [3]
2.Contra-escarpa do fosso do revelim
3.Revelim
4.Baluarte (Obra de fortificação constituindo um saliente numa linha fortificada de que faz parte: Compõe-se de duas faces a dois planos)
5.Cavaleiro (Construção acasamatada em lugar eminente ou com comandamento)
9.Canhoneiras (Abertura nas muralhas para assestar os canhões)
14.Cisterna (Edifício abobadado à prova de bombas)
15.Túnel
16.Merlão (Porção de espaldão compreendida entre canhoneira a canhoneira)[4]
Referências
Bibliografia
editar- BOXER, C. R.. Salvador de Sá and the Struggle for Brazil and Angola, 1602-1686. (1952)
- SANTOS, Nuno. A Fortaleza de São Miguel. Luanda: Instituto de Investigação Científica de Angola, 1967.
- XAVIER, Francisco. Trés fortalezas de Luanda em 1846. Museu de Angola, 1954.
Ver também
editarLigações externas
editar- (em português) Forte de São Miguel in: Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana
- (em inglês) Fortress of S. Miguel - UNESCO World Heritage Centre
- (em português) Museu Nacional de História Militar
- (em português) Sistema de Informação para o Património Arquitectónico