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Olivério Mário de Oliveira Pinto (Jaú, 11 de março de 1896 – Piracicaba, 13 de junho de 1981) foi um médico e zoólogo brasileiro considerado o pai da zoologia no Brasil. Foi casado com Alice Alves de Camargo por 57 anos e teve filhos.[1]
As obras mais marcantes de Olivério Pinto dizem respeito à classificação e distribuição de aves no Brasil. Nelas são discutidas em detalhes, e com maior clareza, as variações geográficas e aspectos zoogeográficos que separavam as espécies de sub espécies da avifauna.[2] Foi o primeiro autor a publicar um trabalho cujos dados tinham organização diferente à forma convencional da literatura na época.[3]
Seu cargo mais importante foi o de diretor do Departamento de Zoologia da Secretaria da Agricultura de São Paulo, oficializado em 1939, e que deu margem à sua atribuição mais conhecida de pai da ornitologia - área da zoologia.[4]
Biografia
editarOlivério Pinto nasceu em 1896 na cidade de Jaú, no interior do estado de São Paulo, Brasil. Era filho de Estevam de Oliveira Pinto e Eudóxia Costa de Oliveira Pinto.[5]
Em 1905, período em que ainda era criança, mudou-se para Salvador com a sua família. Durante seus estudos fundamentais na escola, já mostrava um grande interesse pela zoologia, mas devido à falta de um ensino superior em ciências naturais na cidade, acabou estudando medicina na Faculdade de Medicina da Bahia - a primeira escola de medicina a ser fundada no Brasil. Formou-se em 1921, aos 25 anos de idade.[6]
No mesmo ano, Olivério retornou para São Paulo e se estabeleceu em Araraquara, onde passou a trabalhar como médico, fundando e dirigindo o primeiro laboratório de análises clínicas da região. Ele também lecionou Ciências Naturais na Escola de Odontologia e Farmácia na cidade. E em 1924, casou-se com a sua esposa Alice Alves de Camargo.[6]
De volta para a capital paulista, Olivério dedicou-se mais exclusivamente à pesquisa zoológica. Foi nomeado assistente da área de zoologia, na subseção de vertebrados do Museu Paulista da USP - Universidade de São Paulo.[1] Em 1929, subiu para o cargo de chefe da Divisão de Aves da mesma instituição. Em 1931 começou um estudo sobre os sciurídeos (esquilos) brasileiros, mas também publicou outros trabalhos sobre mamíferos, mais especificamente, primatas.[7] No mesmo ano, descreveu um caso de albinismo de um perdiz - ave galiforme - Rhynchotus, iniciando uma grande força tarefa para a ornitologia brasileira.[7]
Ainda em São Paulo, ele também chegou a produzir desenhos técnicos para o zoólogo Afrânio do Amaral - que na época era diretor do Instituto Butantan. Percebendo o talento e o conhecimento de Pinto, Amaral o designou para o cargo de pesquisador em zoologia - a qual manteve sua familiaridade para a área de ornitologia.[5] Em 1938, publicou sua obra que ficou mais conhecida: o Catálogo das Aves do Brasil. Em 1939, tornou-se diretor superintendente do Departamento de Zoologia da Secretaria de Agricultura de São Paulo - originado a partir da separação do Museu Paulista da USP. Foi o criador e o primeiro editor das publicações científicas "Arquivos de Zoologia" e "Papéis Avulsos", que ainda hoje representam a produção daquela Instituição.[7]
Aposentou-se 17 anos depois, em 1956, mas continuou suas pesquisas da área, contribuindo para o acervo do Museu Paulista da USP.[1]
Em dezembro de 1978, após anos de busca frustrada em campo, uma equipe de pesquisa orientada por Olivério, encontrou a espécie Arara-Azul Anodorhychus leari Bonaparte no nordeste do estado da Bahia. Considerando a importância dessas aves tanto para cientistas como para ornitólogo, o achado foi tomado como uma grande conquista na história da ornitologia mundial.[8] A A.leari, como era conhecida, representou por mais de cem anos um dos maiores enigmas da ornitologia sul-americana. Antes, ela era conhecida apenas por representantes de procedência incerta - definidos simplesmente como oriundos do Brasil - que chegavam aos zoológicos e coleções particulares através do comércio de aves vivas.[8] Na mesma proporção em que houve uma grande satisfação por essa descoberta, houve também a preocupação com a precária situação populacional da ave. Contudo, o fato de que parte da ocorrência da A.leari encontrava-se dentro da Estação Ecológica do Raso da Catarina - entre o rio São Francisco e o rio Vaza-Barris, na Bahia - indicava a possibilidade de garantia da preservação dessa espécie.[8] A Revista Brasileira de Zoologia publicou um artigo sobre a descoberta da Arara-Azul A.leari na época em que essa notícia foi divulgada. Os principais objetivos da publicação eram apresentar a metodologia de pesquisa, os dados que caracterizavam a situação da espécie, e contribuir para a concretização da possível preservação.[8]
Aos 85 anos, durante uma viagem para Águas de São Pedro com a família, Olivério começou a se sentir mal. Foi hospitalizado em Piracicaba, cidade do interior paulista, e morreu em 13 de junho de 1981.[1]
Deixou um amplo e diversificado arquivo de correspondências com inúmeros representantes importantes e exóticos da ornitologia da época - certamente contribuirá para a suplementação de outros grandes trabalhos adicionais à história da ornitologia.[7]
“Pelo exemplo deixado de homem correto, de cientista brilhante e sobretudo por ter construído o alicerce da nossa ornitologia, Olivério Pinto merece ser reconhecido como o ‘pai da ornitologia brasileira’” - ornitólogo Fernando Pacheco, coordenador da publicação clássica Ornitologia Brasileira - uma introdução.[7]
Museu de Zoologia da USP (MZU)
editarA zoologia começou a ser desenvolvida por viajantes da antiguidade. Através de escritos e ilustrações, faziam descobertas sobre espécies nativas. Os estudos desses viajantes norteiam até hoje pesquisas de cientistas. O estudo da zoologia foi introduzido no Brasil no século XIX, por pesquisadores naturalistas que realizavam expedições analisando diversos aspectos do território brasileiro, como os biomas.[9]
O Museu de Zoologia da USP (MZUSP), por exemplo, foi a primeira instituição brasileira a ser reconhecida como depositária pelo Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (Ministério do Meio Ambiente), e é hoje um dos maiores acervos zoológicos da América Latina.[9]
Assim como Olivério, pesquisadores - não só do Brasil - procuram até hoje o Museu de Zoologia para depositar seus próprios trabalhos, acessarem os acervos e colaborarem com as pesquisas que estão em andamento na instituição.[9]
O MZUSP também trabalha na formação de zoólogos. São utilizados os próprios acervos como base para a educação formal de graduandos e pós-graduandos de São Paulo e todo o país.[9]
Principais obras
editarA obra mais marcante de Olivério foi o Catálogo das Aves do Brasil, publicado entre 1938 e 1944, em dois volumes, com um total de 1266 páginas. Este foi o primeiro trabalho que organizou dados sobre nomes, classificação e distribuição de aves brasileiras. Em 1978, chegou a publicar uma versão atualizada da obra: o Novo Catálogo das Aves do Brasil.[2]
Publicou, no total, mais de 100 trabalhos científicos, dotados de ampla apuração e conceitos. Vários deles com mais de uma centena de páginas detalhadas. Olivério escrevia quase todos seus trabalhos à mão. Foram raras as vezes que utilizou a máquina de escrever. Tinha a Língua Portuguesa e o Latim na ponta da língua, dois aspectos que contribuíram para seus trabalhos ficarem mais eruditos.[2]
Em 1964, Olivério publicou outra obra de grande relevância: o 1º volume de Ornitologia Brasiliense, trabalho que demonstrava suas anotações e a preocupação em caracterizar gêneros, sub-famílias, famílias, sub-ordens e ordens, descrevendo a anatomia detalhadamente e somando à sua lista mais um trabalho na ornitologia brasileira com esse tipo de organização.[10] Apesar de concluídos, outros volumes da Ornitologia Brasiliense não chegaram a ser publicados.[2]
Seu último livro, A Ornitologia através das idades (século XVI a século XIX), foi publicado em 1979 e tratava da história da ciência do Brasil.[11] Foi a partir desse ano que Olivério, devido à saúde debilitada, interrompeu sua vida de produção acadêmica.[7]
A lista completa de obras pode ser conferida aqui.
Referências
- ↑ a b c d «Olivério Pinto». Wikipedia (em inglês). 14 de abril de 2018
- ↑ a b c d «N. 74 - Novembro/Dezembro 1996». www.ao.com.br. Consultado em 30 de novembro de 2018
- ↑ Camargo, Hélio. «Olivério Mário de Oliveira Pinto» (PDF). Arquivo de Zoologia do Estado de São Paulo. Consultado em 10 de outubro de 2018
- ↑ Camargo, Hélio. «Olivério Mário de Oliveira Pinto» (PDF). Arquivo de Zoologia do Estado de São Paulo. Consultado em 10 de outubro de 2018
- ↑ a b «Olivério Pinto». Wikipedia (em inglês). 14 de abril de 2018
- ↑ a b Camargo, Hélio. «Olivério Mário de Oliveira Pinto» (PDF). Arquivo de Zoologia do Estado de São Paulo. Consultado em 10 de outubro de 2018
- ↑ a b c d e f «N. 74 - Novembro/Dezembro 1996». www.ao.com.br. Consultado em 30 de novembro de 2018
- ↑ a b c d Sick, Gonzaga, Teixeira, Helmut, Luiz, Dante. «A Arara-Azul-de-Lear». Revista Brasileira de Zoologia. Consultado em 10 de outubro de 2018
- ↑ a b c d «MZUSP - Museu de Zoologia da USP». www.mz.usp.br. Consultado em 30 de novembro de 2018
- ↑ Pinto, Olivério M. de O; São Paulo (Brazil : State); Departamento de Zoologia (1964). Ornitologia brasiliense: catálogo descritivo e ilustrado das aves do Brasil. Primerio volume, Primerio volume, (em Spanish). São Paulo, Brasil: Departamento de Zoologia da Secretaria da agricultura do Estado de São Paulo
- ↑ Pinto, Olivério M. de O (1979). A ornitologia do Brasil através das idades (século XVI a século XIX). São Paulo: publisher not identified