Usuário(a) Discussão:Raimundo57br/discussão38
A economia do México entre a crise da dívida externa, no início da década de 1980, e 1994, incorporação ao Nafta.
Antecedentes
editarNa década de 1940, o México adotou uma política de substituição de importações com o objetivo de obter superávit na balança comercial. Desse modo, o crescimento econômico ultrapassava 6% ao ano, mantendo uma taxa anual de inflação de 3% a.a. Este período de crescimento ficou conhecido como o “milagre mexicano”[1].
Entre 1955 e 1976, a moeda mexicana se valorizou 33% em relação ao dólar, o que iria contribuir para o aumento do desequilíbrio comercial externo (populismo cambial).
Em 1975, as indústrias maquiladoras começaram a se instalar em decorrência de concessões tarifárias que os Estados Unidos fizeram ao México e à América Central. Entretanto as exportações de tais indústrias, ainda eram pouco significativas.
Durante a década de 1970, ocorreram melhorias sociais significativas: o desemprego caiu, a distribuição de renda era a melhor da América Latina, entretanto o desequilíbrios na balança de pagamentos e nas contas públicas, trouxeram grandes problemas quando o Federal Reserve aumentou os juros no início da década de 1980.
De modo geral, cabe mencionar que:
- entre 1970 e 1974, ocorreu uma expansão industrial (durante esse período, o PIB do México, cresceu a uma taxa média de 6,5%) atrelada ao aumento do desequilíbrio das contas publicas e da inflação, que saltou de uma média de 5%, entre 1969 e 1972, para 27%, no período entre 1979 e 1981;
- entre 1974 e 1977, foram adotadas políticas ortodoxas para combater a inflação, que geraram uma leve desaceleração econômica;
- entre 1977 e 1981, houve o auge do investimento na produção e na exportação de petróleo, em conjunto com um aumento da dívida externa, que entre 1979 e 1981, cresceu de 40 para 75 bilhões de dólares; e do déficit publico.
No governo de José López Portillo (1976-1982), ocorreu o início da transição de uma postura nacionalista para uma postura mais subordinada às diretrizes ditadas pelos Estados Unidos. Essa transição iria se intensificar para possibilitar a adesão do México ao Nafta.
No final da década de 1970 e início da década de 1980, foram descobertas novas reservas de petróleo. Nesse contexto, foram tomados diversos empréstimos para viabilizar a exploração das novas reservas. Ocorreu um aumento na oferta de empregos, crescimento da renda per capta, mas, por outro lado, aumento do endividamento público, desse modo, a dívida externa chegou a cerca de 85 bilhões de dólares.
O crescente desequilíbrio das contas externas até 1980 decorreu, em grande medida:
- do cambio valorizado que desestimulou as exportações não-petroleiras e reduzia o custo das importações que reduziam a participação da indústria nacional também no mercado interno (doença holandesa);
- redução da produção dos bens de capital, que foram substituídos pelos importados;
No entanto, a partir de outubro de 1979, teve início uma forte elevação dos juros pelo Federal Reserve, iniciada sob o comando de Paul Volcker, nomeado para o cargo por Jimmy Carter. Essa alta foi mantida e intensificada no início do governo Reagan. Esse processo gerou uma elevação dos serviços das dívidas nos países latinoamericanos que somada à redução de investimentos causada pela referida elevação gerou a Crise da dívida externa latino-americana[2].
em 1982, os preços do petróleo, que até então estavam elevados devido à crise do petróleo de 1973, sofreram uma forte redução[1].
Em 1982, teve início o governo de Miguel de la Madrid em um contexto de forte crise econômica.
Esse novo governo, que iria até 1988, adotou uma diretriz de conceder um maior papel do mercado na economia. No campo da política externa ocorreu uma maior aproximação com os Estados Unidos.
Nesse período, aumentou o grau de integração da economia do México à economia norte-americana, bem antes de o Nafta entrar em vigor. Em meados da década de 80 a economia mexicana já era bastante dependente dos investimentos e do comércio com os EUA, além do aumento da imigração.
Após a moratória, o México entrou em um período de recessão. Foram adotadas medidas ortodoxas para conter os gastos públicos e combater a inflação. Outro fato que agravou a situação foi um terremoto que ocorreu no dia 19 de setembro de 1985, e causou grandes danos na Cidade do México.
O governo de Miguel de la Madri lançou quatro programas de estabilização:
- "Programa Imediado de Reordinación Económica" (PIRE);
- "Programa Extendido de Reordinación Económica" (PERE);
- "Programa Aliento y Crecimiento" (PAC); e
- "Pacto de Solidariedad Económica" (PSE).
O FMI e Banco Mundial, entenderam que o PIRE e o PERE eram muito heterodoxos.
No âmbito do PIRE:
- A inflação, que encerrou o ano de 1982 a 98,9%, encerrou o ano de 1983 a 80,8%;
- Com a desvalorização do câmbio, em 1983 alcançou-se um superávit na balança comercial;
Em 1985, o PIRE foi substituído pelo PERE que, manteve a disciplina monetária, mas reduziu a fiscal. Com o aumento dos gastos públicos, a inflação voltou a subir. O terremoto de 1985 e as sucessivas quedas no preço do petróleo, a partir de 1986, também contribuíram para o fracasso do PERE.
Em meados de 1986, o governo de La Madrid criou o PAC, que tinha como premissa o sucesso do Plano Baker para a renegociação da dívida externa. No entanto, o Plano Baker fracassou o que levou também ao fracasso do PAC.
A continuidade da crise crise finalmente fez com que a Bolsa de Valores Mexicana quebrasse em 1987. Isso levou o presidente a adotar medidas heterodoxas e houve uma mudança substancial no modelo de desenvolvimento.
Referências
- ↑ a b A Restauração da Economia Mexicana, acesso em 18 de abril de 2019.
- ↑ O PERÍODO DE 1981 A 1985 DO GOVERNO REAGAN E O PROCESSO DE CONSOLIDAÇÃO DOS EUA COMO PRINCIPAL POTÊNCIA MUNDIAL, acesso em 19 de abril de 2019
- ↑ MÉXICO DA CRISE DA DÍVIDA EXTERNA AO ADVENTO DO NAFTA, acesso em 13 de abril de 2019.