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Imagem de guerreiros samurai da província de Satsuma durante a Guerra Boshin.

Samurai ( samurai?), geralmente referido em japonês como bushi (武士?) ou buke (武家?), eram uma vasta multiplicidade de guerreiros do antigo Japão, especialista na arte do sabre, seguidor de um código de honra e servidor de um senhor feudal. Uma elite militar que governou o país durante séculos (1100-1867).

A origem do samurai data do século X e foi-se tonificando no desfecho das Guerras Genpei em finais do século XII, quando foi instituído um governo militar sob a figura do shōgun, pelo qual o Imperador do Japão se apresentava à sua sombra como um mero espectador da situação política do país. O momento de maior fulguração nasceu durante o período Sengoku, uma época de grande instabilidade e contínuos conflitos de poder entre os diversos clãs existentes. Assim, esta fase conturbada da história do Japão, é referida como "o período dos estados beligerantes". A liderança militar do país continuaria nas mãos desta elite até à instituição do shogunato Tokugawa no século XVII, por parte de um poderoso latifundiário samurai (conhecidos por daimyō) chamado de Tokugawa Ieyasu que, paradoxalmente, se tornaria a mais alta autoridade ao ser nomeado shōgun. Este lutou a favor da redução dos privilégios e estatutos sociais da classe samurai, processo que finalmente terminou com o seu desaparecimento quando o imperador voltou ao seu papel enquanto governante durante a Restauração Meiji no século XIX.

A imagem de um samurai esteve mais relacionada a um arqueiro a cavalo do que propriamente a um espadachim, e foi até que a paz reinassem que a espada adquiriu a importância com a qual se lhe é atribuída atualmente. A fantasia e a realidade do samurai foi idealizada e entrançada na cultura do país, e as suas histórias têm servido de inspiração tanto para romances, como de filmes e banda desenhada.

Etimologia editar

 
Kanji da palavra samurai.

Apesar de não haver certezas sobre a origem exacta da palavra samurai (?), a maioria dos historiadores concorda que esta advém de uma variação do verbo, em japonês clássico, saburau que significa "servir", pelo que o termo derivado significa "aqueles que servem".[1][2][3]

O primeiro registo encontrado da palavra samurai data do século VIII e não existia aplicação do termo com um carácter marcial, mas sim utilizado para se referir aos servos domésticos encarregados de cuidar dos anciãos.[1] A palavra acabou por conduzir a um aspecto militar e o seu significado tal qual é hoje conhecido, surgiu com os gunkimono (軍記物?), uma série de histórias de guerra do século XII, através da qual foi possível estudar o comportamento, metodologia e aparência dessa elite aristocrática.[4]

Os termos bushi (武士?) e samurai (?)[5] são comummente empregues como sinónimos, apesar da diferença de que a palavra bushi significa apenas "guerreiro", independentemente do cargo ou posição hierárquica, enquanto que a palavra samurai se refere aos membros de uma elite militar.[6]

História editar

Antecedentes editar

Período Kofun editar

 Ver artigo principal: Período Kofun
 
Daisenryō-Kofun em Osaka, a maior tumba deste tipo, cuja sua construção data do século V EC.
 
Haniwa de um soldado do paríodo Kofun, exibido no Museu Nacional de Tóquio.

O período Kofun (古墳時代?) foi a continuação do período anterior conhecido como Yayoi (弥生時代 300 AEC - 250 EC?), e adquiriu o seu nome das mamoas funerárias onde os membros da classe aristocrática eram enterrados juntamente com as suas armas, armaduras, espelhos de bronze e jóias - kofun (古坟 lit. "antiga tumba" ou "tumulo antigo"?).[7] Nestas sepulturas eram também colocados junto aos corpos, estátuas de barro como representações de servos, animais e soldados; figuras estas conhecidas por haniwa (埴轮?), onde com elas foram substituídos os sacrifícios humanos. Estes enfeites tinham significados – os espelhos com moldura de bronze e trabalhados no verso, por exemplo, eram um símbolo de status na sociedade japonesa, pois eram encontrados em todos os túmulos de dignitários e inclusive faziam parte das próprias insígnias reais de muitos clãs. A partir dos estudos realizados sobre os haniwa, deduz-se que estes aristocratas eram os antepassados directos dos que mais tarde passariam a ser conhecidos por samurais [7] - termo cunhado oficialmente para se referir à classe guerreira de elite até ao século XII.[8]

Durante este período, o Japão estava intimamente relacionado com a situação de guerra na Coreia e China. No ano 400, um exército de infantaria acudiu em socorro o reino de Baekje,[9] no sudeste da península da Coreia, porém sofreu uma grave derrota às mãos da cavalaria do reino de Koguryo. Tal infortúnio motivou uma séria reanálise sobre as tácticas inimigas aplicadas nesse conflito. Enquanto que no Japão o cavalo era utilizado para trabalho no campo, a formação desses animais para o combate bélico foi intensificada no país, juntamente com o treino especializado dos cavaleiros feudais. No ano de 553, Baekje procurou novamente o apoio das tropas japonesas, agora impetrando por arqueiros e cavalaria, o que revela a importância destes elementos combinados nas guerras da época.[9]

Período Asuka editar

 Ver artigo principal: Período Asuka

Em 602, o Príncipe Kume uma expedição à Coreia acompanhado por cerca de 120 ou 150 caciques locais, cada um com um posição importante, ostentados pelo título Kuni ni Miyatsuko. Cada um deles estava escoltado por um exército pessoal, dependendo das riquezas do feudo. Estas tropas constituíram o que seria o protótipo de um exército samurai séculos mais tarde.[9]

Conflitos continuaram a ocorrer na China e na Coreia. Em 618, a dinastia Tang tomou o poder na China e uniu-se ao reino coreano de Silla, com o propósito de atacar Baekje. Os japoneses enviaram três exércitos expedicionários (em 661, 662 e 663) para auxiliar o reino de Baekje. Durante estas batalhas, o Japão sofreu uma das piores derrotas da sua história antiga, perdendo cerca de 10 000 homens e vários barcos e cavalos.[10] Então, o país viu-se preocupado com uma possível invasão por parte da nova aliança entre Silla e a China. Assim, a costa norte de Kyūshū foi fortificada, onde se instalaram guardas e construíram almenaras nas margens das ilhas Tsushima e Iki.[11]

Após a morte do Imperador Tenji no ano 671, os povo japonês desprezaram a guerra que ocorria no exterior. Em 672, os seus dois sucessores disputaram o trono na Guerra Jinshin. Após a vitória do Imperador Tenmu em 672, este ordenou que todos os oficiais civis e militares dominassem as artes marciais.[11] Entretanto, em 702, os seus sucessores culminaram com as reformas militares com o Código Taihō (大宝律令 Taihō-ritsuryō?), através do qual foi estabelecido um imenso e estável exército conforme o sistema chinês. Cada heishi (soldado) era atribuído a um gundan (regimento) durante uma parte do ano e o restante tempo, este se dedicava à agricultura. Os soldados estavam individualmente equipados com arcos, uma aljava e um para de espadas.[12]

Notas

Referências

  1. a b (Turnbull 1996, p. 16).
  2. (Gaskin 2005, p. 4).
  3. (Izuka 2001, p. 10).
  4. (Turnbull 1996, p. 17).
  5. (Torres Grael 1998, p. 72).
  6. (Izuka 2001, p. 12).
  7. a b (Turnbull 2006a, p. 6).
  8. (Turnbull 2006a, p. 14)
  9. a b c (Turnbull 2006a, p. 15)
  10. (Turnbull 2006a, p. 17)
  11. a b (Turnbull 2006a, p. 18)
  12. (Turnbull 2006a, p. 19)

Bibliografia editar

Principal editar

  • Gaskin, Carol; Vince Hawkins, Juan Antonio Cebrian (2005). Breve historia de los samuráis. [S.l.]: Nowtilus S.L. 132 páginas. ISBN 8-49763-140-4 
  • Izuka, Kunio; Clive Sinclaire (2001). Samurai: The Weapons and Spirit of the Japanese Warrior. [S.l.]: Globe Pequot. ISBN 1-59228-720-4 
  • Ratti, Oscar; Adele Westbrook (2001). Secretos de los samurái: Estudio de las artes marciales del Japón. [S.l.]: Paidotribo. ISBN 8-48019-492-8 
  • Turnbull, Stephen (1996). Samurai Warfare. [S.l.]: Sterling Publishing Co. ISBN 1-85409-280-4 
  • Turnbull, Stephen (2003). Samurai: The World of the Warrior. [S.l.]: Osprey Publishing. ISBN 1-84176-740-9 
  • Turnbull, Stephen (2006a). Samuráis, La Historia de los Grandes Guerreros de Japón. [S.l.]: Libsa. ISBN 84-662-1229-9 
  • Turnbull, Stephen (2006b). Osaka 1615, the last battle of the samurai. Ilustrado por Richard Hook. [S.l.]: Osprey Publishing. ISBN 1-84176-960-6 

Secundária editar

  • Ashkenazi, Michael (2003). Handbook of Japanese Mythology. [S.l.]: ABC-Clio. ISBN 1-57607-467-6 
  • Brown, Steven T (2002). Theatricalities of Power: The Cultural Politics of Noh. [S.l.]: Stanford University Press. ISBN 0-8047-4070-4 
  • Carton, Adrian (2007). Aldrich, Robert, ed. Gleich und anders (em alemão). Hamburgo: Murmann. ISBN 978-3-938017-81-4 
  • Chan, Lesley (1998). Japão. [S.l.]: Ediciones Granica S.A. ISBN 8-47577-493-8 
  • Crompton, Louis (2006). Homosexuality & Civilization (em inglês). Cambridge y Londres: Belknap. ISBN 0-674-02233-5