Usuário(a):Caverna06/Traduções/2

El Chapulín Colorado
Chapolin (BR)
Informação geral
Formato série
Duração 30 minutos
Criador(es) Roberto Gómez Bolaños
Elenco Roberto Gómez Bolaños
Carlos Villagrán
Ramón Valdés
Florinda Meza
Rubén Aguirre
Edgar Vivar
María Antonieta de las Nieves
Horacio Gómez Bolaños
Angelines Fernández
Raúl Padilla
País de origem México México
Idioma original espanhol
Temporadas 7
Episódios 253 (como programa independente)
411 (incluindo esquetes) (lista de episódios)
Produção
Produtor(es) Roberto Gómez Bolaños
Enrique Segoviano
Narrador(es) Gabriel Fernandéz
Exibição
Emissora original México Televisa
Transmissão original 1º de setembro de 197014 de outubro de 1979
Cronologia
Programas relacionados El Chavo del Ocho

El Chapulín Colorado (Chapolin no Brasil) é uma série de televisão mexicana exibida originalmente entre 1970 e 1979. Criado e estrelado pelo ator e escritor Roberto Gómez Bolaños, a série parodiava os heróis norte-americanos e fazia constantemente críticas sociais em relação à América Latina.

Nos primeiros episódios a falta de estrutura da pequena emissora local em que era exibido era muito evidente. Poucos atores participavam, entre eles se destacavam Ramón Valdez e Maria Antonieta de las Nieves, que já trabalhavam no programa de Chespirito desde 1968. Os capítulos tinham em média 10 minutos de duração, ainda dentro do programa Chespirito. Lá surgiram, ainda como figurantes, Florinda Meza e Carlos Villagrán.[1]

Nos anos 80 e começo dos 90, Bolaños resolveu reviver seu personagem. Junto com os antigos membros do elenco fez diversas regravações de episódios clássicos do seriado, além de produzir novas histórias. A série só foi acabar definitivamente em 1992.[1]

Produção editar

Antecedentes editar

Em 1968, Roberto Bolaños escrevia roteiros para "Cómicos & Canciones" e para a dupla de comediantes "Viruta e Capulina", quadros do programa Sábados de La Fortuna. Com o sucesso desses quadros, passou a escrever roteiros de humor para diversos comediantes. Foi quando o produtor Sergio Peña ofereceu-lhe um espaço no programa. Seriam duas ou três intervenções de oito a dez minutos cada, todos os sábados. Bolaños criou, então, dois quadros: "Los Supergenios de la Mesa Cuadrada" e "El Ciudadano Gómez". Em 1970, a emissora Televisión Independiente de México resolve aumentar para uma hora o tempo de exibição dos projetos de Bolaños, que teria, agora, um programa só seu. Os quadros foram unificados e criou-se Chespirito, que era exibido às segundas-feiras em horário nobre, e incluía diferentes esquetes de humor.[2]

Foi então que nasceu o Chapolin Colorado. O herói foi bem aceito e ofuscou o maior sucesso de Bolaños até então, Los Supergenios de la mesa cuadrada, e ganhou espaço próprio. Os estilos de humor dos dois programas eram bem diferentes: "Los supergenios" fazia piada em cima de notícias do dia-a-dia. Lidava com o factual e muitas vezes se referia a questões políticas. Tinha, portanto, um humor datado, além de ser um programa eminentemente adulto. Chapolin, ao contrário, não tinha piadas datadas, o que permitiu que o programa durasse muito tempo. Possuía um humor abrangente e, assim, mais comercial.[2]

Concepção editar

Na ocasião da primeira confecção do uniforme, só havia quatro cores de tecido na emissora: azul, preto, branco e vermelho. Preto não era interessante porque, para Chespirito, dava a impressão de luto. Branco também era ruim para a televisão, por ser uma cor muito clara, que refletia no vídeo analógico da época. Azul inviabilizava o uso do chroma key, recurso que Chespirito planejava usar. Optou-se, então, pelo vermelho, não porque contivesse algum significado especial, mas por simples eliminação. E surgiu o "colorado" do nome do personagem. Bolaños até chegou a cogitar o nome "El Chapulín Justiciero", mas logo percebeu a carga moral que esse nome trazia. Como a intenção não era política e sim cômica, "Colorado" foi o escolhido.[3]

Baseado na cor escolhida Bolaños teve a idéia de fazer do super-herói um gafanhoto. Isso porque, no México, há uma espécie de gafanhoto vermelho conhecido como chapulín, que é usado na alimentação. A palavra chapulín vem do náuatle, língua dos astecas, e significa grilo, gafanhoto. Em se tratando de super-heróis, é comum que tenham estampada em seus uniformes a primeira letra de seus nomes, mas Chapolin tem duas: (CH). Entretanto no alfabeto espanhol é considerado uma única letra (che), mesmo que seja escrita com dois caracteres. O castelhano tem ainda as letras ll (elle) e ñ (eñe).[3]

Elenco e personagens editar

Chespirito, tinha feito o personagem para que outros atores o interpretassem como um filme, e que rapidamente foi rejeitado devido as características do personagem. O próprio Chespirito abandonou esta ideia e o fez como um quadro em seu programa, dando vida ao personagem.[4] O seriado tinha apenas o protagonista como personagem fixo, mas possuía algums personagens que frequentemente apareciam em episódios, como os vilões Quase Nada, Tripa Seca, Rasga Bucho, Chinesinho, entre outros. Em alguns episódios, a crítica aos heróis norte-americanos se torna ainda mais visível, com as aparições de Super Sam, interpretado por Ramón Valdés, um super-herói tipicamente norte-americano. O personagem tem em seu uniforme as cores da bandeira dos Estados Unidos, utiliza expressões em inglês, e carrega um saquinho de dinheiro, numa crítica direta ao capitalismo selvagem dos Estados Unidos.[5] Chapolin é um personagem atemporal. Aparece nos lugares mais exóticos das mais variadas épocas: no Velho Oeste, na Idade Média, no Renascimento ou até no Espaço sideral. Para que Chapolin apareça de qualquer lugar, sem o menor aviso, basta que alguém pronuncie as palavras "Oh! E agora quem poderá me defender?" e ele surge, frequentemente tropeçando em alguma coisa e sempre respondendo ao apelo: "Eu!". A começar pela entrada nada triunfal, o herói não impõe muito respeito e quase sempre é ridicularizado por seus inimigos.[6]

Legado editar

"Chapolin não tem as propriedades extraordinárias dos super-heróis: é tonto, desastrado e medroso. Mas também é um herói porque supera o medo e enfrenta os problemas e é aí que estão o heroísmo e a humanidade".

—Roberto Gómez Bolaños[7]

Chapolin Colorado surgiu para satirizar os heróis norte-americanos com seus "superpoderes" e fazer uma crítica social em relação à América Latina. É um herói "sem dinheiro, sem recursos, sem inventos sensacionais, débil e tonto". O personagem surgiu em um momento de grande visibilidade para a América Latina. A estreia da série, foi em 1970, ano da Copa do Mundo de Futebol, realizada no México. E, logo após a Olimpíada, sediada também na capital mexicana em 1968, a região foi palco de movimentos estudantis em protesto à Guerra Fria, disputa ideológica, militar e espacial, entre Estados Unidos e União Soviética. A influência estrangeira nos países latinos foi tema recorrente em "El Chapulín Colorado".[8]

Chapolin se enche de patriotismo ao declarar que seus defendidos não precisam de "heróis importados". O "polegar vermelho" surgiu quando o povo da América Latina se deu conta a urgência de se ter um herói local. Na série, a hegemonia dos países industrializados no mundo subdesenvolvido é simbolizada por meio de "Super Sam". O personagem é o paradigma do poderio norte-americano e usa um uniforme semelhante ao do Superman – com direito ao famoso símbolo no peito do traje azul – e cartola com as cores da bandeira norte-americana. Como nunca fora chamado para ajudar alguém, suas aparições eram fruto da intromissão nas ações do Chapolin. As referências históricas nos episódios de "El Chapulín Colorado", como a alusão à Guerra Fria ("De los metiches líbranos señor") e à relação entre norte-americanos e latino-americanos ("Todos caben en un cuartito, sabiéndolos acomodar"), permeiam o trabalho de Roberto Gómez Bolaños em "El Chapulín Colorado", buscando satirizar uma época conturbada no mundo dos anos 60 e 70 e a fraqueza latino-americana, em contraposição ao individualismo estadunidense.[8]

Final da série editar

Quando Chespirito resolveu desistir de continuar fazendo seus programas, depois de mais de 10 anos ininterruptos, produziu o capítulo final do Chapolin, em 1979. O episódio recorda os melhores momentos da série e os atores Rubén Aguirre, Edgar Vivar e Florinda Meza conversam sobre o personagem criado por Chespirito. Eles dizem que o Chapolin é um herói humano, numeram suas virtudes e também relembram momentos da série. No final, Chespirito agradece ao público por tê-lo prestigiado durante mais de uma década, parabeniza seus amigos atores e também a equipe técnica, dando mais destaque ao diretor do programa, Enrique Segoviano. As últimas palavras do Chapolin Colorado em seu capítulo final foram, "Sigam-me os bons!". Depois disso, mostra-se a equipe desmontando e esvaziando o cenário, como um adeus definitivo.[9][10] Nos anos 80 o personagem voltaria às telas, porém do mesmo jeito que começou, como um quadro do programa Chespirito, conhecido no Brasil como Clube do Chaves. A série só foi acabar definitivamente em 1992.[1]

Exibição e repercussão editar

Em 1971, Chapolin e Chaves estreavam na programação da emissora Televisión Independiente de México, que obteve ótima aceitação do público, principalmente do infantil. O êxito em televisões mexicanas chamou atenção de empresários do ramo e assim passou a ser exibido na Guatemala e posteriormente passou a ser transmitido também no Equador, aceitação foi tanta que muitas outras emissoras latinas começaram a se interassar pelos seriados de Bolaños. As séries abriram as portas das televisões estrangeiras não só para Bolanões como para as produções mexicanas de uma maneira geral.[11] Em 1973, a Televisión Independiente de México se fundiria ao Telesistema Mexicano que eram três canais e dessa união surgiu a Televisión Via Satélite, mais conhecida como Televisa, que desde então, ficou responsável pelo seriado. Hoje, a emissora é a maior realizadora e exportadora de telenovelas do mundo. Chapolin fez muito sucesso e foi o primeiro seriado de televisão produzido no México a ser vendido para exibição no exterior. Teve até uma longa-metragem: Aventuras em Marte, lançado em 1981, era uma versão prolongada do episódio "O planeta Vênus".[12]

Ainda em 1973, as séries eram líderes em audiência em quase toda América Latina. No México, o sucesso do seriado foi tamanho que em 1975 chegou a registrar 60% de share (válor de referência que indica a quantidade de televisores sintonizados em um canal, em comparação com o total de televisores ligados). E conforme foram se tornando conhecidos, os personagens iam consolidando suas características.[13]

No Brasil editar

Há controvérsias sobre a estréia de Chapolin e Chaves no Brasil. Alguns fãs defendem que ela ocorreu no Programa do Bozo, às 12h de algum dia de agosto de 1984, não se sabe ao certo qual. No entanto, a informação oficial do Sistema Brasileiro de Televisão diz que a estréia ocorreu às 18h de 24 de agosto do mesmo ano, no programa TV Pown, apresentado por Sérgio Mallandro e Mara Maravilha.[12] Chapolin estreou no Brasil com a exibição do episódio "O cleptomaníaco", em que Ramón Valdés é um conde que rouba selos do personagem interpretado por Carlos Villagrán. A aceitação foi ótima, e em 1990 foi comprado um novo lote, de cerca de sessenta episódios. Chapolin, então, passou a ser exibido em horário nobre, às 21h. Em 1993, a abertura dos bonecos é substituída por uma feita pelo próprio SBT. No decorrer dos anos, o horário de exibição do seriado mudou diversas vezes, e passou até a ser transmitido duas vezes por dia.[12]

Referências

  1. a b c «Chapolin» (em potuguês). ChespitiroBR. Consultado em 4 de março de 2012 
  2. a b Kaschner, 2006, p.24.
  3. a b Kaschner, 2006, p.28.
  4. «Chapolin». Canal8. Consultado em 9 de março de 2012. Cópia arquivada em 9 de março de 2012 
  5. «História de Chapolin». Viladochaves. Consultado em 9 de março de 2012. Cópia arquivada em 9 de março de 2012 
  6. Kaschner, 2006, p.27.
  7. Kaschner, 2006, p.43.
  8. a b «Chapolin Colorado: a América Latina tem seu herói». Facasper. 14 de janeiro de 2010. Consultado em 5 de março de 2012. Cópia arquivada em 5 de março de 2012 
  9. Gustavo Berriel. «Curiosidades». Sitedochaves. Consultado em 7 de março de 2012. Cópia arquivada em 7 de março de 2012 
  10. «Curiosidades - parte 2». Chavesonline. Consultado em 7 de março de 2012. Cópia arquivada em 7 de março de 2012 
  11. Kaschner, 2006, pp. 117-118
  12. a b c Kaschner, 2006, p.25.
  13. Kaschner, 2006, p.54.