Usuário:Yleite/Pedomorfose

Em biologia do desenvolvimento, pedomorfose refere-se à mudança filogenética através da qual os indivíduos adultos de uma espécie retêm características previamente encontradas em indivíduos juvenis. É um processo comum em animais domesticados pelo Homem. Este processo ocorre naturalmente em muitas espécies animais, especialmente anfíbios (podendo ser obrigatória ou facultativa). Também tem grande importância na evolução inicial dos chordata.


Pedomorfose é uma transição evolutiva na qual o tempo de maturação sexual de um organismo é alterado e este retém características juvenis sendo esses caracteres inexistentes no individuo adulto. O resultado disso é um ser que é morfologicamente juvenil e diferente do adulto e é sexualmente maduro tendo a capacidade de se reproduzir. [1].


A pedomorfose é um conceito útil e comumente discutido em biologia do desenvolvimento animal, no entanto, ela é menos discutida por botânicos, e há menos exemplos na literatura para as plantas [2].


E a pedomorfose é uma das formas principais de heterocronia que significa uma mudança evolutiva no tempo de desenvolvimento. Sendo imediatamente óbvio que a perda da capacidade de se desenvolver em uma forma adulta completa pode resultar em características que são seletivamente vantajosas. [3].


No entanto, desde que foi proposta em 1922 pelo zoólogo marinho Walter Garstang, a pedomorfose tem sido considerada como um conceito muito importante na biologia evolutiva animal. Tendo sido usada, com diferentes graus de controvérsia, para explicar a evolução dos insetos a partir de ancestrais de miriápodes e para muitos recursos que distinguem os humanos dos primatas [4].


As duas principais formas de Pedomorfose são a Neotenia e a Progênese editar

Neotenia editar

Neotenia ocorre quando o desenvolvimento somático diminui em tempo absoluto, enquanto a maturação sexual continua na mesma velocidade empregada no ancestral [5].


O melhor exemplo de neotenia estudado são as salamandras do gênero Ambystoma, que têm um ciclo de vida dividido em duas fases, na primeira parte do ciclo o animal jovem vive na água com a forma de girino e respirando através de brânquias e posteriormente o organismo passa por uma metamorfose na qual se torna um individuo adulto terrestre e respirando através de pulmões, o que corresponde à segunda etapa do ciclo [2].

 
Ambystoma mexicanum



No entanto, algumas espécies não sofrem metamorfose, permanecendo na forma juvenil, apesar de se tornarem sexualmente maduros como o axolotle mexicano que é o Ambystoma mexicanum. Outras espécies dentro do gênero são facultativamente neotenicas quer dizer que eles mantêm a forma juvenil quando o alimento é abundante na água, mas passam por metamorfose em habitats onde a comida é escassa. E há espécies que nunca se submetem a metamorfose e são conhecidas como neotenicas obrigatórias [2].


Progênese editar

Progênese ocorre quando o desenvolvimento reprodutivo é acelerado, enquanto o desenvolvimento somático continua na velocidade constante [5].


Tal como acontece com os indivíduos neotenicos, as espécies que ocupam um nicho diferente dos seus ancestrais, talvez tenham uma vantagem seletiva em certas condições. No entanto a progênese também resulta numa redução global do ciclo de vida do organismo e isto aumenta a velocidade à qual uma linhagem pode sofrer com uma mudança evolucionária, podendo conferir vantagens aos seres [2].


Os exemplos mais estudados de progênese são encontrados nos insetos, pois eles crescem através de mudas e ficam com formas diferentes do corpo depois de cada muda. Isto torna mais fácil de reconhecer quando uma espécie tornou-se sexualmente madura mais cedo em comparação com sua espécie ancestral [2].

 
Pulgão


Por exemplo, alguns pulgões atingem a maturidade sexual em um estágio anterior ao desenvolvimento da asa sendo então diferentes de seus parentes próximos que atingem a maturidade sexual após o aparecimento das asas. São, portanto, mais rápidos na reprodução e com o desenvolvimento distinto já que eles não têm asas [2].


A progênese entre as espécies de plantas têm sido descritas com referência tanto para o desenvolvimento de uma planta inteira quanto para o desenvolvimento de órgãos. As flores de a abóbora cultivar C. argyrosperma var. argyrosperma são produzidas em nós significativamente mais cedo do que as do progenitor selvagem C. argyrosperma, subsp. Sororia. Neste exemplo, a progênese está associada à reprodução anterior e um encurtamento do potencial do ciclo de vida das plantas ou aumento no número de descendentes. [6].

 
Cucurbita argyrosperma


Um dos melhores exemplos de progênese em plantas é fornecido por um conjunto de observações das flores autógamas (flores que se auto-polinizam antes da abertura) como as da espécie Lamium collomia , que exibem deiscência das anteras precoce e receptividade do estigma, ao passo que as flores alógamas do ancestral ainda estão amadurecendo [7]. [8]







Pedomorfose facultativa versus obrigatória editar

A pedomorfose obrigatória é uma transição evolucionária que pode ser bem sucedida apenas sob condições ambientais particulares. No entanto, a pedomorfose facultativa é uma forma de flexibilidade do desenvolvimento que pode fornecer a muitas espécies a oportunidade de responder aos fatores ambientais no local em que se encontram. Como as plantas são geralmente muito mais adeptas a aclimatação que os animais, pode-se esperar que a pedomorfose facultativa seja particularmente difundida entre as plantas [2].


Observações finais editar

Mudanças na taxa de desenvolvimento são as principais causas de transição evolutiva em plantas e animais. Por isso a pedomorfose é um conceito que merece ser considerada por qualquer biólogo que estude o desenvolvimento de plantas e animais com interesse evolutivo.[2]


Referências editar

  1. [1]
  2. a b c d e f g h MATHEW, S. B. et al. A plant developmentalist’s guide to paedomorphosis: reintroducing a classic concept to a new generation. Science Direct.Trends is Plant Science, Reino Unido, Department of Plant Sciences, University of Cambridge, Downing Street, Cambridge CB2 3EA, UK Volume 15, Issue 5, May 2010, pages 241–246.doi.org/10.1016/j.tplants.2010.02.004. 1385(10)00030-0 Erro de citação: Código <ref> inválido; o nome "MATHEW" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
  3. ALBERCH, P. et al. (1979) Size and shape in ontogeny and phylogeny. Paleobiology, v. 5, nº 3, pages. 296–317.[ http://ib.berkeley.edu/labs/wake/1979_Paleobiology_SizShapOnt.pdf]
  4. GARSTANG,W. The theory of recapitulation: a critical restatement of the biogenetic law. J. Linn. Soc. Zool. V. 35, Issue 232, pages 81– 101, September 1922. [2]
  5. a b RIDLEY, MARK. Evolução, Porto Alegre, 3º edição Erro de citação: Código <ref> inválido; o nome "Ridley" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
  6. JONES, C.S. (1992) Comparative ontogeny of a wild cucurbit and its derived cultivar. Evolution,v 46,pages 1827–1847.[ http://www.jstor.org/discover/10.2307/2410034?uid=3737664&uid=2129&uid=2&uid=70&uid=4&sid=21102566954667]
  7. LORD, E.M. (1982) Floral morphogenesis in Lamium amplexicaule L. (Labiatae) with a model for the evolution of the cleistogamous flower. Bot. Gaz. v.143, nº 1,pages. 63–72.[3]
  8. MINTER, T.C. and LORD, E.M. (1983) A comparison of cleistogamous and chasmogamous floral development in Collomia grandiflora Dougl. Ex Lindl. (Polemoniaceae). Am. J. Bot. v. 70, nº10, pages. 1499–1508. [4]