Vetulicola (do Latim vetuli, que significa "velho," ou "antigo," e cola, que significa "habitante.")[1] é um gênero de animais marinhos do período Cambriano da China. É o táxon epônimo do extinto e enigmático filo Vetulicolia, cujas relações taxonômicas ainda são incertas apesar de descobertas recentes indicarem que são cordados primitivos.[2]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaVetulicola
Ocorrência: Cambriano 542–513 Ma
Exemplares de Vetulicola rectangulata e V. cuneata
Exemplares de Vetulicola rectangulata e V. cuneata
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Subfilo: Vetulicolia
Classe: Vetulicolida
Ordem: Vetulicolata
Família: Vetulicolidae
Género: Vetulicola
Espécie-tipo
Vetulicola cuneata
Hou, 1987
Espécies

Descrição editar

O espécie tipo, Vetulicola cuneata (Hou, 1987) possui um corpo composto de duas partes distintas de comprimento similar. A parte anterior é retangular com uma estrutura similar a uma carapaça com quatro placas de origem cuticular e uma grande boca na porção dianteira. A parte posterior é afinada, coureácea e orientada dorsalmente. Uma série de aberturas pareadas laterais conectam a faringe ao meio externo, possivelmente caracterizando aberturas branquiais primitivas. V. cuneata podia atingir tamanhos de até 9 cm de comprimento. É teorizado que os Vetulicola eram nadadores detritivoros ou filtradores.

Outas espécies de Vetulicola descritas são V. rectangulata (Luo & Hou, 1999), V. gantoucunensis (Luo et al., 2005), V. monile (Aldridge, Hou, Siveter, Siberet and Gabbott, 2007), e V. longbaoshanensis. A abertura da boca em todas as outras espéies é menor e bem menos pronunciada do que em V. cuneata. Todas as outras espécies, com exceção deV. gantoucunensis, são menores que a especie tipo.

Taxonomia editar

A posição taxonomica de Vetulicola é controversa. Vetulicola cuneata foi originalmente descrita como um crustáceo similar à Canadaspis e Waptia, mas a ausência de pernas, presença de aberturas branquiais e a "carapaça" composta de quatro placas articuladas distintas são caracteísticas não encontradas em nenhum outro artrópode. Shu et al. classificou Vetulicola na família Vetulicolidae, ordem Vetulicolida e filo Vetulicolia dentro dos deusterostômios.[3] Shu (2003) argumenta que os vetulicolídeos eram um grupo de deuterostômios branquiados primitivos especializados.[4] Dominguez & Jefferies classificam Vetulicola como um urochordado, e possivelmente como um representante basal dos Appendicularia.[5] Em contraste, Butterfield coloca Vetulicola entre os artrópodes.[6] A descoberta de um organismo relacionado na Austrália, Nesonektris, no depósito de Emu Bay Shale do Cambriano Inferior das Ilhas dos Canguru, somada a reinterpretação das "entranhas espiraladas" dos vetulicolídeos como suas notocordas fossilizadas reafirmaram a identificação desses organismos como urochordados.[2]

Paleobiologia editar

Vetulicola era o hospedeiro do organismo simbionte Vermilituus gregarius, que parecia viver dentro da porção anterior do corpo das diversas espécies de vetulicolídeos. Apenas cerca de 2% dos organismos de Vetulicola pareciam ter infestações de Vermilituus. Nessas condições, a quantidade de indivídeos de Vermilituus ultrapassar as dezenas: Um dos espécimes fossilizados de Vetulicola apresenta cerca de 88 indivíduos de Vermilituus dentro de seu corpo. Apesar da relação simbiótica, quantidades como essa provavelmente eram detrimentais à Vetulicola hospedeira.[7][8]

Referências

  1. Lacalli, Thurston C. (2002). «Vetulicolians—are they deuterostomes? chordates?». BioEssays (em francês) (3): 208–211. ISSN 1521-1878. doi:10.1002/bies.10064. Consultado em 29 de abril de 2021 
  2. a b García-Bellido, Diego C.; Lee, Michael S. Y.; Edgecombe, Gregory D.; Jago, James B.; Gehling, James G.; Paterson, John R. (21 de outubro de 2014). «A new vetulicolian from Australia and its bearing on the chordate affinities of an enigmatic Cambrian group». BMC Evolutionary Biology (em inglês) (1). 214 páginas. ISSN 1471-2148. PMC 4203957 . PMID 25273382. doi:10.1186/s12862-014-0214-z. Consultado em 30 de abril de 2021 
  3. Shu, D.-G.; Morris, S. Conway; Han, J.; Chen, L.; Zhang, X.-L.; Zhang, Z.-F.; Liu, H.-Q.; Li, Y.; Liu, J.-N. (novembro de 2001). «Primitive deuterostomes from the Chengjiang Lagerstätte (Lower Cambrian, China)». Nature (em inglês) (6862): 419–424. ISSN 1476-4687. doi:10.1038/35106514. Consultado em 29 de abril de 2021 
  4. Shu, Degan (1 de abril de 2003). «A paleontological perspective of vertebrate origin». Chinese Science Bulletin (em inglês) (8): 725–735. ISSN 1861-9541. doi:10.1007/BF03187041. Consultado em 29 de abril de 2021 
  5. Dominguez, Praticio; Jefferies, Richard (2003). «Fossil evidence on the origin of Appendicularians.». International Urochordate Meeting. Consultado em 29 de abril de 2021 
  6. Butterfield, N. J. (1 de fevereiro de 2003). «Exceptional Fossil Preservation and the Cambrian Explosion». Integrative and Comparative Biology (1): 166–177. ISSN 1540-7063. doi:10.1093/icb/43.1.166. Consultado em 29 de abril de 2021 
  7. Huilin, L. U. O.; Xiaoping, F. U.; Shixue, H. U.; Yong, L. I.; Liangzhong, Chen; Ting, Y. O. U.; Qi, L. I. U. (2005). «New Vetulicoliids from the Lower Cambrian Guanshan Fauna, Kunming». Acta Geologica Sinica - English Edition (em inglês) (1): 1–6. ISSN 1755-6724. doi:10.1111/j.1755-6724.2005.tb00860.x. Consultado em 29 de abril de 2021 
  8. Li, Yujing; Williams, Mark; Harvey, Thomas H. P.; Wei, Fan; Zhao, Yang; Guo, Jin; Gabbott, Sarah; Fletcher, Tom; Hou, Xianguang (18 de setembro de 2020). «Symbiotic fouling of Vetulicola, an early Cambrian nektonic animal». Communications Biology (1). ISSN 2399-3642. doi:10.1038/s42003-020-01244-1. Consultado em 30 de abril de 2021 

Ligações externas editar