Wagner Antônio Pires de Sá

Wagner Antônio Pires de Sá é um empresário brasileiro, sócio de uma empresa especializada em fabricar produtos químicos e ex-presidente do Cruzeiro Esporte Clube.[1]

Wagner Pires de Sá
Nome completo Wagner Antônio Pires de Sá
Conhecido(a) por Wagner Pires de Sá,

Presidente-raiz[1], Rainha da Inglaterra[1], Biruta de Aeroporto[2]

Nascimento
Naturalidade: São Gotardo, Minas Gerais[3]
Educação UFMG[3]
Ocupação Empresário, Ex-presidente do Cruzeiro Esporte Clube[1]

Biografia editar

Pires de Sá nasceu em São Gotardo, Minas Gerais e se formou em economia na Universidade Federal de Minas Gerais em Belo Horizonte.[3] Trabalhou na Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e na Secretaria da Fazenda de Minas quando participou das negociações que trouxeram a FIAT para Minas Gerais e presidiu a Fundação Vale do Rio Doce.[4][5]

No Cruzeiro Esporte Clube, Wagner chegou a ser diretor de planejamento quando Benito Masci (1985-1990) era presidente. No início da década de 1990, tornou-se conselheiro nato, além de ter sido integrante e presidente do Conselho Fiscal nas gestões da família Perrella entre as décadas de 1990 e 2000.[6] Ele foi autor do plano diretor para a construção da Sede Campestre do clube mineiro.[4]

Em 2 de outubro de 2017, foi eleito Presidente do Cruzeiro Esporte Clube para triênio 2018/2020, sendo o candidato da situação com apoio de Gilvan de Pinho Tavares, vencendo o candidato apoiado por Zezé.[7] No dia 18 de dezembro de 2017, Wagner Pires tomou posse junto com o presidente eleito do conselho deliberativo, Zeze Perrella. Apesar de apoiar o candidato derrotado nas eleições, Perrella se aliou a Wagner após o pleito e juntos apoiaram a chapa “Somos Todos Cruzeiro”, que elegeu os novos conselheiros efetivos e suplentes para o próximo triênio.[8]

Assim que tomou posse, Wagner nomeou Itair Machado como vice-presidente de futebol e Sérgio Nonato para a função de diretor-geral, o que gerou descontentamento de seus apoiadores o ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares e o antigo dirigente Bruno Vicintin. Apesar disso, Sá tinha o apoio do grupo "Família União" que era a maioria no Conselho Deliberativo. Muitos desses conselheiros ganharam cargos diretivos com remunerações vultosa nas Tocas da Raposa I e II, na sede administrativa e nos clubes sociais do Barro Preto e da Pampulha.[1]

No primeiro ano de gestão do Wagner, o Cruzeiro Esporte Clube conquistou os títulos de Campeão Mineiro e o hexacampeonato da Copa do Brasil com direito a premiação recorde de R$ 61,9 milhões. Nesse período de títulos, Sá comemorou de forma excêntrica a ponto de ser apelidado de "presidente-raiz" pelos torcedores celestes.[1][3] Além disso, o mandatário recebeu o título de Cidadão Honorário de Belo Horizonte, em solenidade realizada no plenário da Câmara Municipal da capital mineira. A condecoração foi proposta pelo vereador Professor Wendel Mesquita.[3]

A partir do ano de 2019, a gestão de Wagner começou a ruinar após reportagem exibida em 26 de maio no programa Fantástico, da TV Globo, sobre investigação da Polícia Civil contra a diretoria por suspeitas de lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e falsidade ideológica, além de possíveis quebras de regra da CBF, da Fifa e do Governo Federal. A denúncia mais grave era sobre um empréstimo de R$ 2 milhões adquirido com o empresário Cristiano Richard dos Santos Machado, sócio de firmas que atuam na locação de veículos e de equipamentos de proteção. Para abater o débito, a gestão de Pires de Sá incluiu parte dos direitos de jogadores do profissional, como David (20%), Raniel (5%), Murilo (7%), Cacá (20%), e de outros jogadores que passaram pela base e foram negociados, como Gabriel Brazão (20%) e Vitinho (20%). Além de inserir participação em uma possível venda do promissor Estevão William, de 12 anos, que, pelas leis trabalhistas, só poderá assinar vínculo laboral a partir dos 16 anos. Outras denúncias foram superfaturamento de serviços, notas frias, comissões abusivas para empresários de atletas, aumentos substanciais nos salários de dirigentes, entre os quais Itair Machado, de R$ 180 mil mensais (multa rescisória de R$ 2 milhões), e Sérgio Nonato, de R$ 125 mil mensais (multa rescisória de R$ 1 milhão). Integrantes de outras pastas também tinham remunerações abusivas. Outras irregularidades investigadas foram apontadas na contratação de conselheiros para a prestação de serviços e o pagamento a torcidas organizadas.[1]

A crise político administrava refletiu no futebol, uma vez que o time do Cruzeiro fez uma campanha muito ruim no Campeonato Brasileiro. Enquanto a torcida se frustrava com tropeços contra adversários, o mandatário evitava dar entrevistas para imprensa. Inicialmente, Wagner Pires não queria sair da presidência, inclusive dizendo que “só renuncia quem é covarde”, além de chamar os “torcedores de internet” de “robôs criados”. Já o presidente do Conselho Deliberativo Zezé Perrella chamou Wagner de Pires de Sá de ‘Rainha da Inglaterra’, já que Itair Machado e Sérgio Nonato eram quem davam ordens no clube. No início de outubro, a dupla saiu do Cruzeiro, e Zezé foi nomeado gestor de futebol. O discurso mudou em relação a Wagner, sendo poupado de críticas. No entanto, o Cruzeiro não resistiu e caiu para a Série B em 17º lugar, com 36 pontos em 38 rodadas. No jogo do rebaixamento na derrota para o Palmeiras no dia 8 de dezembro, por 2 a 0, houve quebradeira e pancadaria no Estádio Mineirão. Ao ser destituído da gestão de futebol, em dezembro, Perrella tornou a atacar Wagner, chamando-o de "biruta de aeroporto".[1][2]

No dia 19 de dezembro de 2019, Wagner Pires assinou uma carta de renúncia ao cargo de presidente do Cruzeiro. Segundo Sá, para o bem do clube e disse que o rebaixamento para Série B foi a maior tristeza de sua vida.[9]

Em 2020, o Cruzeiro ajuizou ação na Justiça contra o ex-presidente Wagner Pires de Sá pelo uso indevido do cartão corporativo do clube. De acordo com o então presidente Sergio Santos Rodrigues, o processo contém documentos que comprovam o uso do cartão em casas de prostituição em Portugal e Porto Alegre.[10] Em 2021, o clube ganhou na justiça o direto de restituição do uso indevido do cartão corporativo, o que corresponde a mais de R$ 62 mil.[11]

Em 15 de outubro de 2020, após investigações da Polícia Civil referente as irregularidades supracitadas, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) denunciou Wagner Pires de Sá, Itair Machado e Sérgio Nonato, ex-dirigentes do Cruzeiro e outras seis pessoas, um ex-assessor de futebol do clube, três empresários e o pai de um atleta das categorias de base da Raposa.[12] No dia 6 de novembro, a Justiça aceitou a denúncia oferecida pelo MPMG contra os ex-dirigentes e o ex-presidente virou réu nos crimes de lavagem de dinheiro, apropriação indébita, falsidade ideológica e formação de organização criminosa. Ainda segundo o órgão, o prejuízo estimado em decorrência dessas práticas gira em torno de R$ 6,5 milhões.[13]

Referências

  1. a b c d e f g h Arruda, Rafael (21 de dezembro de 2019). «Gestão de economista Wagner Pires arruinou finanças e mergulhou Cruzeiro na Série B». Superesportes. Consultado em 14 de janeiro de 2021 
  2. a b Drummond, Felippe (12 de dezembro de 2019). «Perrella ataca Serginho e Itair e chama Wagner Sá de 'biruta de aeroporto'». O TEMPO. Consultado em 14 de janeiro de 2021 
  3. a b c d e Leite, Lucas (10 de dezembro de 2018). «Presidente do Cruzeiro, Wagner Pires de Sá recebe título de cidadão honorário de Belo Horizonte.». Cruzeiro Esporte Clube Site Oficial. Consultado em 14 de janeiro de 2021 
  4. a b «Wagner Pires de Sá será o candidato da situação à presidência». O TEMPO. 27 de junho de 2017. Consultado em 14 de janeiro de 2021 
  5. Mattar, Tiago (9 de dezembro de 2017). «Com 'upgrade', Cruzeiro define data e prepara posses de Perrella e Wagner Pires». Superesportes. Consultado em 14 de janeiro de 2021 
  6. Duarte, Gabriel (4 de setembro de 2017). «Eleição no Cruzeiro: conheça as propostas do candidato da situação, Wagner Pires». Globo Esporte. Consultado em 14 de janeiro de 2021 
  7. Amaral, Thaynara (2 de outubro de 2017). «Em votação acirrada, Wagner Pires de Sá é eleito novo presidente do Cruzeiro». Globo Esporte. Consultado em 14 de janeiro de 2021 
  8. Castro, Gláucio (18 de dezembro de 2017). «Wagner Pires de Sá assume presidência e pode anunciar reforço». O TEMPO. Consultado em 14 de janeiro de 2021 
  9. Dias, Rodrigo (20 de dezembro de 2019). «"Renuncio para o bem do Cruzeiro", afirma Wagner Pires de Sá». R7. Consultado em 14 de janeiro de 2021 
  10. «Cruzeiro revela ação na Justiça contra Wagner Pires e novo gasto em casa de "entretenimento adulto"». Globo Esporte. 25 de junho de 2020. Consultado em 14 de janeiro de 2021 
  11. Fernandes, Thiago (16 de julho de 2021). «Cruzeiro: Justiça decide, e Pires de Sá devolverá R$ 62 mil por gasto em cartão». Jornal O TEMPO. Consultado em 29 de julho de 2021 
  12. «MPMG denuncia Wagner Pires de Sá e Itair Machado e mais oito pessoas por crimes no Cruzeiro». IstoÉ. 15 de outubro de 2020. Consultado em 15 de janeiro de 2021 
  13. Borges, Lucas (11 de novembro de 2020). «Justiça aceita denúncia do MP, e Wagner Pires de Sá e Itair Machado viram réus em quatro crimes». Hoje em Dia. Consultado em 15 de janeiro de 2021