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Portugal Portugal Gontães 
  Freguesia  
Localização
Região Norte
Sub-região Douro
Distrito Vila Real
Município Vila Real
Administração
Tipo Junta de freguesia
Características geográficas
População total 180 hab.


Introdução editar

Gontães é uma aldeia da freguesia de São Miguel da Pena ou, como é atualmente conhecida, união das freguesias de Pena, Quintã e Vila Cova [1]. Situada a aproximadamente oitocentos metros de altitude, esta aldeia tem uma paisagem fantástica.



História editar

A origem do nome é germânica, e o nome original - Gonti - baseou-se no nome Suevo Gonta, muito usado no século XI. A fundação da aldeia, enquanto civilização, data dos finais do século V, época em que as invasões bárbaras ocorreram. Da aldeia, pode ver-se o que parece ser um balcão roqueiro de um castelo, ou o que resta de uma fortificação [2]. Situada a cerca de oitocentos metros de altitude, Gontães encontrava-se numa posição estrategicamente ideal para o povo bárbaro que fundou a aldeia. Apesar da sua origem, existem provas de ocupação romana. Os romanos aproveitaram o ferro abundante na região, devido à sua excelente qualidade. Prova disso é a moeda do início do século IV, do imperador Constantino I, encontrada num escorial da aldeia.


População editar

A população ronda aproximadamente as 180 pessoas, a maior parte envelhecida. Após um surto de emigração, que durou dos anos sessenta aos anos noventa, a população foi diminuindo e, hoje em dia, o número de habitantes com menos de trinta anos é extremamente baixo. No entanto, os emigrantes visitam frequentemente a terra, sendo as alturas mais comuns a Páscoa, o Natal e os meses de verão.


Geografia editar

Gontães situa-se no concelho e distrito de Vila Real, na região de Trás-os-Montes[3] a oitocentos metros de altitude. Tal como é característico desta região transmontana, o relevo é acidentado e consiste essencialmente de montanhas e vales. [4]


Património editar

Igreja Matriz editar

 
Igreja Matriz

Esta igreja foi movida e reconstruída no século XVIII [5] pelo facto de a sua anterior localização não ser adequada, presumivelmente devido à acumulação excessiva de água. A igreja foi movida do local onde está o atual cemitério, tendo sido edificada onde eram antes sepultadas as pessoas. A primeira igreja era de arquitetura românica, como se pode comprovar ao observar o exterior da igreja atual, bem como pelo facto deste estilo arquitetónico ter surgido na Europa no século X. Apesar da atual igreja manter o exterior românico, o seu interior foi reformado para o estilo arquitectónico chã, caracterizado por ser uma versão mais “pobre” do estilo barroco. No entanto, é possível encontrar ainda algumas características góticas. No adro estão implantadas dez cruzes, além do belíssimo cruzeiro, e podem ser encontradas duas sepulturas medievais, às quais se junta uma outra atrás da igreja. Ainda dentro da igreja, existem duas sepulturas com várias ossadas. [6]

Capela de Santa Sofia editar

 
Capela de Santa Sofia

Esta capela data do século XVIII, tendo sido formalmente adicionada ao registo da diocese de Braga a 12 de setembro de 1733. O responsável pela sua construção foi Manoel Gonçalves (1703-1767). Esta capela é de arquitectura chã. A sua fachada é simples e tem no seu interior uma imagem de Santa Sofia. Segundo os locais, a capela serviu de igreja temporária durante a reconstrução da igreja matriz (algures entre 1733 e 1758).


Capela de Nossa Senhora dos Outeiros editar

Localizada no topo de um monte, esta capela foi construída no final do século XVIII ou no início do século XIX. A capela é de arquitetura chã, em granito. O seu exterior é extremamente simples, tendo apenas a parte frontal alguns detalhes, tal como uma janela redonda em enxalço.


Alminhas editar

Localizadas na encruzilhada entre dois caminhos, ou em estradas secundárias de acesso a povoações rurais, o intuito das alminhas é lembrar as almas dos que já partiram, bem como a necessidade de rezar por elas. Algumas foram construídas em locais onde ocorreu a morte de alguém, embora estas sejam raras e costumem estar assinaladas apenas com uma cruz de granito. Existem dois tipos de alminhas: as pobres - painéis afixados ou pintado directamente na pedra, ou colocados em nichos com uma cruz; e as ricas, em nichos abertos em pequenas capelinhas de pedra com telhado e barras de ferro. Em Gontães, todas as alminhas são pobres e, portanto, esculpidas em pedra [7].

Cruzeiros editar

A cruz mede, dita e marca os lugares sagrados: igrejas, claustros, cemitérios, praças, caminhos, encruzilhadas - espaços sob os quais aparece a imagem adorada de um altar[8]. Existe um cruzeiro no adro da Igreja Matriz de São Miguel da Pena [9]. Este é de granito e tem 3,42 m de altura, e data do século XVIII. [10]



Apiloadores editar

 
Apiloadores

Os apiloadores, localmente conhecidos como malgas dos mouros são uma espécie de pias, escavadas na face lisa de pedra dura, com o diâmetro de um palmo e com meio palmo de profundidade. Esta espécie de construção pode estar relacionada com a extração do ferro da pedra. A sua origem está associada aos romanos, tendo sido encontrada uma moeda do imperador Constantino I, nos anos setenta, datada do início do século IV. Esta moeda foi encontrada num escorial e foi doada pelo Padre João Parente ao museu de arqueologia e numismática de Vila Real. No entanto, a moeda ou se encontra entre as trinta mil por catalogar, ou entre as três mil e quinhentas roubadas. Existe também um apisoado que foi utilizado para esmagar milho [11].

Cruz Cremadoiro editar

No topo de uma colina, atrás do cemitério, existe um cruzeiro, conhecido como cruz do cremadoiro, que data do século XVI. Visto que, na altura, a prática da cremação era considerada pecado, pensa-se que a cruz esteja relacionada com a inquisição que se instaurou em Portugal no século XVI. Assim sendo, tanto o nome como a sua data de origem estariam explicados.


Picarreira editar

Pensa-se que, na Picarreira, existe uma espécie de pintura, criada sobre um penedo de granito, que parece representar um cavaleiro com uma lança e um escudo, a montar ou a atacar um animal. A cerca de metade do caminho em direção ao topo da Picarreira, pode encontrar-se também um grande penedo com duas formas serpentiformes. Reza a lenda que as víboras eram deuses da vida e da morte, pelo que o povo esculpia estas formas serpentiformes em baixo relevo, tanto para as venerar como para avisar transeuntes de que naquele local habitavam víboras.


Moinhos editar

 
Moinho

Registam-se quatro moinhos de água neste local. Todos funcionavam com um mecanismo que aproveitava a energia cinética resultante da movimentação de águas. Esta energia permitia moer os cereais predominantes na área (centeio e milho). Os moinhos eram usados por todos os habitantes, o que levou à necessidade de recorrer a “retadas”. A hora e o dia da semana em que cada habitante tinha direito de usufruto eram decididos assim que formavam família própria, e apenas podiam moer os cereais que pretendiam transformar em farinha nessa altura. O horário de utilização dos moinhos era decidido por sorteio e era permanente. Cada habitante só podia usar o moinho uma vez por semana. Dos quatro moinhos que ainda existem, pelo menos dois têm mais de cem anos. Três destes moinhos encontram-se na zona do Castanheiro da Vaca e o último nos limites da aldeia da zona da Lapa.


Minas editar

As minas do Cando situam-se no limite da aldeia, perto de Vila Cova. Em 1880, as minas estavam em plena exploração pela companhia alemã Maximiliano Scherek. A exploração cessou por motivos desconhecidos algures antes dos anos quarenta, passando então a ser exploradas as minas de Vila Cova. Supõe-se que a exploração das minas, em geral, date já do tempo dos romanos. Contudo, pensa-se que, por volta de 1200, as minas da aldeia estivessem a ser exploradas. Com efeito, em 1292, Gontães pagava um foro anual de “dez massas de ferro boas e direitas”. Nas minas do Cando podia encontrar-se volfrâmio, antimónio, estanho, chumbo e ferro. É possível também encontrar, ainda hoje, mármore, encontrando-se alguns pedaços à entrada da mina. Estas minas eram particularmente atrativas devido ao facto de serem xistosas, o que facilitava a remoção dos minerais de interesse. Atualmente, a única entrada acessível às minas apresenta um muro que tapa aproximadamente dois terços da abertura. Segundo os locais, o muro foi feito para evitar que as vacas entrassem quando as eram levadas a pastar naquela zona.


Lavadouros editar

Os lavadouros de Gontães foram construídos em granito, localmente denominado pedra “gran”. Estes nem sempre estiveram no local onde se encontram agora. Antigamente, os habitantes lavavam a roupa num rego localizado um pouco mais distante do lugar atual. Os lavadouros foram construídos há cerca de sessenta anos, entre finais da década de quarenta e inícios da década de cinquenta. A água dos lavadouros vem da nascente daquele que é conhecido como Largo da Fonte. Hoje, junto a estes lavadouros mais antigos, existe um lavadouro de cimento coberto, para que as pessoas possam lavar a sua roupa quando está a chover ou mais frio. Este lavadouro foi construído nos anos oitenta. Atualmente, apesar de praticamente todos os lares terem máquinas de lavar roupa, é costume as mulheres lavarem certas peças de roupa nos lavadouros. Geralmente são roupas que desbotam facilmente, ou que consideram demasiado delicadas para meter na máquina. Os lavadouros são comunitários e frequentados apenas pelas mulheres, uma vez que existe ainda uma mentalidade enraizada, segundo a qual estas tarefas domésticas fazem parte dos deveres de uma mulher, e não de um homem. As mulheres encontram-se nos lavadouros e aproveitam para socializar e partilhar notícias sobre a aldeia.


Cultura editar

Tecelagem editar

 
Tecelagem

A tecelagem era praticada localmente e consistia em tecer fios, através da urdidura (fios colocados no sentido vertical no tear) e da trama (fios colocados na horizontal), para produzir uma peça de tecido. Comummente, faziam-se toalhas, lençóis, cortinas e outros tipos de têxteis decorados com croché e bordados. Porém, já não se pratica esta atividade devido ao fácil acesso a produtos têxteis nos mercados.

Hoje em dia, existe apenas um tear em Gontães. Para obter os fios de linho, a tecedeira deixava o linho (uma planta de género lináceo) a demolhar num poço perto do “Lameiro do Luís”, a principal fonte de linho da localidade. Com este método, pretendia-se que o linho 'inchasse' para que depois pudesse ser estendido ao sol a secar, tendo o cuidado para que não secasse demasiado. Seguidamente, amassava-se o linho seco para proceder à extração dos fios usados nos teares.


Opas editar

O termo 'opas', apesar de ser usado nas aldeias para se referir a certas pessoas que acompanham um funeral, refere-se, na verdade, às capas usadas por estas. Geralmente, os participantes das opas podem ser adultos ou crianças, mas, na aldeia de Gontães, apenas as crianças podem participar. Segundo os locais, o acompanhamento do funeral por parte das crianças com as capas (opas) simbolizava a partida do defunto para o céu, sendo as crianças uma representação dos anjos que guiam a alma para a paz eterna.

A irmandade da freguesia é a Sagrado Coração de Jesus. As opas variam conforme a irmandade, pelo que, em Gontães, usam-se as capas vermelhas. Embora estas sejam as originais, podiam ainda ser usadas capas brancas e azuis. As opas cobriam o corpo até às ancas, porém, a principal diferença está no design. As opas vermelhas consistiam numa única capa com uma só cor, enquanto as opas brancas e azuis eram, na verdade, compostas por duas camadas de capas. A secção branca cobria o corpo até às ancas, enquanto a porção de tecido azul cobria apenas os ombros.


Família Minhava editar

 
Casa que pertencia à família Minhava
 
Atual junta da aldeia

A família Minhava era a família mais influente de Gontães, tendo contribuído para o desenvolvimento da aldeia. Foi esta família que possibilitou a educação em grande parte dos locais, e ensinou muitos habitantes a tocar instrumentos musicais, para além de ser também muito influente a nível religioso.

A família teve início em Vilarinho e o nome “Minhava” foi acrescentado devido a um casamento de um elemento da família com uma senhora de Minhava, Adoufe: Joaquim Gonçalves Grilo (Vilarinho, S.Miguel da Pena) casou-se com Roza Alves Pires (Minhava, Adoufe). No entato, o nome “Minhava” só começa a ser utilizado na geração da Maria Emília Minhava (bisneta de Joaquim Gonçalves Grilo, do lado paterno da família).

Francisco Pereira Cabral (1779-1845), bisavô materno de Maria Emília Minhava, foi o responsável pela construção da Capela de Nossa Senhora dos Outeiros (ou Capelinha), que foi construída em Vilarinho mas que foi posteriormente mudada para Gontães pela sua bisneta, em 1948. Manoel Gonçalves (1703-1767), avô de Joaquim Gonçalves Grilo, foi o responsável pela construção da Capela de Santa Sofia, principal capela de Gontães. A atual junta era uma escola primária já nos anos 30, embora não se saiba ao certo o período do seu funcionamento. A responsabilidade pela escola recaía sobre a família Minhava, nomeadamente sobre Lídia Minhava, que aí foi professora, após ter doado o edifício para este propósito.

Esta família teve também alguma influência na marcha de Gontães, a qual foi escrita pelo Monsenhor Minhava:


Tuna editar

António Augusto Minhava, nascido em 1907, da família Minhava, e Manuel dos Anjos Pires, nascido em 1910, foram os dois fundadores da tuna de Gontães. Esta cessou actividade em 1960 e só voltou ao ativo em 1977. A tuna encomendava partituras às casas de música de Braga, Porto e Lisboa, sendo o seu reportório essencialmente constituído por marchas, valsas e rapsódias e, nos seus primórdios, alguns dos elementos também cantavam.

Em Dezembro de 1990, a tuna era apenas constituída por onze elementos, membros mais jovens que se juntaram a António Minhava, mas a nova tuna, de 1977, não conseguiu sobreviver à morte dos seus principais dinamizadores: Manuel Pires (1910-1995) e António Minhava (1907-1999). Os restantes elementos que constituíam a tuna, na década de setenta, eram: José Maio (viola), Ângelo Pires Clemente (violino), Manuel Augusto Ribeiro (violino), Luciano Artur Clemente, Joaquim da Eira (violoncelo), José Gonçalves Mota (violino), Manuel Augusto Clemente (viola), Toneco Silva, José Manuel Gramado (viola) e Manuel Aires Clemente [12].

Teatro editar

 
Salão Paroquial de Gontães

Em Gontães, assim como em localidades circundantes, existia um teatro cujos atores eram os habitantes da aldeia. As peças eram representadas no salão paroquial de Gontães que foi construído pelo Monsenhor Minhava. Os cenários eram feitos por Gabriel Clemente Pires e a tuna de Gontães era a orquestra responsável pela música que acompanhava as peças.

Outros Locais de Interesse editar

Em Gontães existe a casa do Guarda Florestal, que já não é utilizada, mas que servia de alojamento ao guarda florestal responsável pela zona.

Antigamente, havia um fontanário que era a única fonte de água potável da aldeia. No entanto, foi destruída para a construção da estrada. Em substituição, foram construídas fontes em vários pontos da localidade: no local conhecido como Largo da Fonte; no meio do povoamento, a caminho da capela e ao lado da Capela de Santa Sofia.


Gastronomia editar

 
Caldo de Farinha
 
Bolos de Calondro

Todas as receitas foram criadas em virtude da extrema pobreza em que se vivia nas aldeias, e o povo confecionava-as com os alimentos mais baratos produzidos na zona. Algumas das receitas típicas de Gontães são:

  • Caldo de Farinha.
  • Caldo de Cebola.
  • Bolos de Calondro.
  • Pataniscas de Broa de Milho.
  • Broa de Milho.
  • Broa de Carne.

Antigamente, a receita da broa de carne era essencialmente a mesma utilizada na confeção da broa de milho, adicionando-se apenas pedaços de carne de porco gorda. Isto devia-se à extrema pobreza e às poucas hipóteses de inovação na cozinha. Nos dias de hoje, podemos encontrar a receita desta iguaria na cadeia de padarias Fernandes&Fernandes.


Hábitos Alimentares e Agrícolas editar

 
Malápios

Nesta aldeia predominam as hortas e os lameiros. Entre as suas colheitas encontram-se o milho, a batata, o centeio, o feijão, a fava, a ervilha, a couve, a cebola, a cenoura, a salsa e o tomate. Eram produzidos também feno, milho e palha para alimentação do gado. Podemos encontrar ainda árvores de fruto, tais como cerejeiras, pereiras, macieiras, pessegueiros, nogueiras, figueiras e castanheiros e, atualmente, também quivis. Os malápios são uma variedade de maçã típica da zona e também encontrada na região da Beira.[13]

Após a matança do porco, as produções baseiam-se na alheira, na moura e no salpicão, adicionando-se ainda outras carnes à alheira e às mouras. O que não se categorizava por enchido era “salgado” numa caixa com sal. As partes restantes do animal, como as patas, a cabeça e o rabo eram cozidas e comidas com broa ou desfiadas para os enchidos. O pingo (banha de porco) era usado para temperar e fritar. Em Gontães comia-se predominantemente a carne de porco; eram raras as ocasiões em que se comia carne de vaca/vitela. Aos domingos comiam frango ou coelho. Os ovos eram guardados para fazer pão-de-ló na Páscoa, daí a tradição de se comer apenas um ovo cozido no próprio aniversário.

Havia o costume de comer toucinho com pão, cebola rachada com sal, caldo de cebola e pedaços de broa migada numa tigela com leite quente. No entanto, alguns destes petiscos são ainda hoje comidos, principalmente pelos habitantes mais antigos da aldeia. Atualmente, é também muito frequente comer-se feijão com couve, batatas cozidas e carne de porco. O presunto/pá é cozinhado em separado dos restantes ingredientes, sendo os enchidos (salpicão, linguiça, chouriça e orelheira) acompanhamentos das batatas. Na consoada, confecionam-se as típicas batatas cozidas com bacalhau e couve troncha, polvo cozido, arroz e bolos de calondro.


Festas Populares editar

Festa da Nossa Senhora de Fátima editar

 
Procissão da Nossa Senhora de Fátima

Celebra-se no segundo domingo de agosto. Hoje em dia, a procissão das velas realiza-se na sexta-feira que antecede o segundo domingo de agosto. Os habitantes percorrem a aldeia a pé com velas enquanto rezam o terço, liderados pelo padre. Uma missa é normalmente realizada na Capelinha, no segundo domingo de agosto. Existirem conjuntos musicais, marchas, leilões e outras atividades que apelam ao espírito comunitário dos habitantes, ao longo de aproximadamente três a quatro dias.

Carnaval editar

No passado, era costume os mais ricos partilharem comidas, que fossem consideradas iguarias, com os mais pobres. As pessoas andavam pelas ruas com pedras para fazerem barulho, e as mulheres mascaravam-se, geralmente usando calças, e iam às casas de familiares. Era também tradição os rapazes escreverem poemas sobre as raparigas da aldeia, e as raparigas retribuíam o gesto. Esses poemas eram depois lidos publicamente numa grande roda.

Outra tradição, que ainda hoje se pratica, é a do “Entruido” e da “Quaresma”. Eram feitos dois bonecos de palha, vestidos com roupas velhas, chamados Entruido, o homem, e Quaresma, a mulher. Estes eram pendurados algures na aldeia. Nos últimos anos foram pendurados nos postes de luz do largo localmente conhecido como Largo da Fonte. Na última noite de Carnaval estes bonecos eram queimados, assinalando o fim do Carnaval e o início da Quaresma. Mais tarde foi adicionada a queima de pneus à tradição, algo que atualmente já não se pratica.


Tradição dos Bombos editar

O bombo é um tambor cilíndrico, de grande dimensão, utilizado em baterias, orquestras e desfiles. Neste caso, o bombo em questão é o usado em desfiles, motivo pelo qual apresenta uma alça que permite aos músicos levarem-no a tiracolo. Na aldeia é tradição começar a tocar durante algumas horas, à noite, aproximadamente três semanas antes do Carnaval.

Caparrões editar

Os caparrões eram pessoas mascaradas, que andavam pela aldeia em completo silêncio. Era obrigatório tapar a cara e disfarçar qualquer detalhe que deixasse os demais habitantes adivinharem quem era a pessoa disfarçada. Por sua vez, as pessoas abordadas tinham o direito de fazer de tudo para que o caparrão acabasse por deixar escapar algum detalhe, que servisse de pista para pôr a descoberto a sua identidade.

S. Miguel – 29 de setembro editar

Antigamente era realizada uma procissão em honra de S. Miguel, à semelhança da procissão de Nossa Senhora de Fátima, e assistia-se à atuação de um conjunto musical, à noite. Eram também feitas corridas de burros, nas quais se faziam apostas. Atualmente, esta última não se realiza, mas ainda é rezada uma missa.

Bibliografia editar

  • Parente, João (2003) O Castro de São Bento (Concelho de Vila Real) e o seu Ambiente Arqueológico. Vila Real: Minerva Transmontana, Tipografia, Lda.
  • Borges, Júlio António (2006) Monografia do Concelho de Vila Real. Maia: SerSilito.
  • Aires, Ribeiro (2007) História das Freguesias do Concelho de Vila Real. Vila Real: Maronesa, Comunicação Social, Lda.


Ligações Externas editar

http://uf-pena-quinta-vilacova.pt/index.php/

http://www.cm-vilareal.pt/index.php/freguesias/item/56-uniao-das-freguesias-de-pena-quinta-e-vila-cova

  1. União de Freguesias de Pena, Quintã e Vila Cova. «Visitar». União de Freguesias de Pena, Quintã e Vila Cova. Consultado em 15 January 2017.  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  2. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. (1935) Enciclopédia: Lisboa.
  3. União de Freguesias de Pena, Quintã e Vila Cova. «Visitar». União de Freguesias de Pena, Quintã e Vila Cova. Consultado em 15 January 2017  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  4. Rotas de Portugal. «Trás-os-Montes e Alto Douro». Rotas de Portugal Online. Consultado em 15 January 2017  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  5. Freguesia de São Miguel da Pena. «Turismo». Freguesia de São Miguel da Pena. Consultado em 15 January 2017  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  6. Pinto, Bruno (2010) O Património da Catedral: paróquia São Miguel da Pena da Diocese Vila Real." Coimbra : B. M. N. Pinto.
  7. Parente, João (2015) As "Alminhas" na Diocese de Vila Real. Vila Real: Minerva Transmontana, Tipografia, Lda.
  8. Silva, José Carlos (2009) Origem dos Cruzeiros. Disponível em <http://arteepatrimonio.blogs.sapo.pt/1964.html>
  9. Freguesias de São Miguel da Pena. «Turismo». Freguesia de São Miguel da Pena. Consultado em 15 January 2017.  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  10. Associação Douro Histórico. «Circuito Carvalhal». Douro Histórico. Consultado em 15 January 2017.  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  11. Soares, Mário. (2004). Gontães. http://arqueologia.patrimoniocultural.pt/?sid=trabalhos.resultados&subsid=2300003&vp=150902
  12. Sardinha, José Alberto (2005) Tunas do Marão. Vila Verde: Tradisom. P.315-319.
  13. Rotas de Portugal. «Trás-os-Montes e Alto Douro». Rotas de Portugal Online. Consultado em 15 January 2017  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)