Zacimba Gaba

princesa africana, líder quilombola

Zacimba Gaba (Cabinda, séc. XVII)[1] foi uma princesa da nação Cabinda, em Angola, que foi levada escravizada da África para o Brasil em 1690, precisamente à Fazenda José Trancoso, no Espírito Santo. Zacimba sofreu uma série de castigos e violências por parte do dono da fazenda, envenenou-o com o chamado “pó de amansar sinhô” e liderou a fuga e a fundação de um quilombo às margens do riacho Doce.[2][3] Dedicou boa parte do seu tempo à construção de canoas e à organização de ataques noturnos no porto próximo à aldeia de São Mateus, libertando as pessoa negras recém-chegadas.[4]

Zacimba Gaba
Zacimba Gaba
Ilustração de Zacimba Gaba
Nome completo Zacimba Gaba
Nascimento Cabinda
Nacionalidade angolana

Biografia editar

Zacimba, princesa guerreira da nação Cabinda, foi sequestrada para o Porto da Aldeia de São Mateus, no Norte do Espírito Santo, por volta de 1690. Ao chegar lá ela foi vendida como escrava para o fazendeiro português José Trancoso. Ela foi torturada e estuprada até revelar que fazia parte da realeza em sua terra de origem. Contudo, ela proibiu seus companheiros escravizados de a libertarem até que ela conseguisse envenenar seus torturadores aos poucos. Zacimba envenenou o dono da fazenda José Trancoso lentamente, durante anos, utilizando um pó preparado com a cabeça moída de uma jararaca, o “pó de amassar sinhô". Quando Trancoso morreu envenenado, a princesa ordenou a invasão da Casa Grande pelos escravizados presos na senzala. Todos os torturadores foram mortos, mas a família do português foi poupada. Antes de fugirem, Zacimba guiou seu povo pela fazenda, guerreando contra os capatazes.[5]

Depois que conseguiu fugir, ela criou seu próprio quilombo localizado às margens do riacho Doce, nas proximidades do que é hoje o povoado da Vila de Itaúnas.[6][4] Este quilombo foi o primeiro de que se tem notícias, na região do Sapê do Norte. Onde futuramente se formariam diversas comunidades de remanescentes quilombolas que lutam pela posse definitiva de suas terras. A princesa passou o resto da vida guiando batalhas no porto de São Mateus pela libertação das pessoas negras vendidas e chegadas da África, e lutando pela destruição dos navios negreiros.[7][8]

Homenagem editar

No livro Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis, Jarid Arraes retrata a história de Zacimba em cordel.

(...) Quando Zacimba chegou

E então foi interrogada

Respondeu com altivez

Fez a história confirmada

Era sim uma princesa

Por seu povo era adorada (...)

 
Jarid Arraes, 2020, p. 158.

Em breve descrição, Arraes relata que Zacimba "(...) comandava emboscadas noturnas para libertar escravos dos navios negreiros", exaltando a relevância da princesa angolana na luta contra o racismo e o machismo.[9]

Referências editar

  1. Chan, Ana Julia (30 de julho de 2018). «Conheça a história de Zacimba Gaba, princesa guerreira que libertou escravos no Norte do ES». Folha Vitória. Consultado em 11 de janeiro de 2021 
  2. Romeu, Gabriela (20 de novembro de 2010). «Conheça a história de Zacimba Gaba, princesa africana que lutou contra a escravidão no Brasil». Folha de São Paulo. UOL. Consultado em 11 de janeiro de 2021 
  3. «Exposição Virtual Heroínas com Moldura» (PDF). Senado do Brasil. Consultado em 23 de fevereiro de 2023 
  4. a b «As histórias escritas por negros no ES, no Brasil e no mundo». A Gazeta. 18 de novembro de 2020. Consultado em 11 de janeiro de 2021 
  5. «Zacimba Gaba, a princesa angolana escravizada que lutou por liberdade». Ceará Criolo. 9 de Fevereiro de 2021. Consultado em 2 de Janeiro de 2023 
  6. «Museu Intercontinental África Brasil: espetáculo de assombrações - Alessandra Simões». ABCA. 22 de julho de 2018. Consultado em 20 de novembro de 2021. Cópia arquivada em 25 de janeiro de 2019 
  7. MACÊDO, Jhennefer Alves (2016). Do esquecimento ao protagonismo: As princesas negras na literatura juvenil (PDF). João Pessoa - PB: [s.n.] 
  8. «Prova, questões, Zacimba Gaba» (PDF). Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) Site oficial. Consultado em 20 de novembro de 2021 
  9. ARRAES, Jarid (2020). Heroínas Negras Brasileiras em 15 Córdeis. [S.l.]: Seguinte. p. 157. ISBN 978-8555341120 

Ligações Externas editar

Bibliografia editar

  • AGUIAR, M. (2007). História dos Quilombolas. São Mateus, ES: Memorial.
  • ARRAES, Jarid. "Zacimba Gaba". In: Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis. Seguinte, 2020.
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