Zilton de Araújo Andrade

médico, pesquisador e professor universitário brasileiro

Zilton de Araújo Andrade (Santo Antônio de Jesus, 14 de maio de 1924Salvador, 22 de julho de 2020) foi um patologista, pesquisador e professor universitário brasileiro.

Zilton de Araújo Andrade
Conhecido(a) por pioneiro no estudo das doenças parasitárias endêmicas no Brasil
Nascimento 14 de maio de 1924
Santo Antônio de Jesus
Morte 22 de julho de 2020 (96 anos)
Salvador
Residência Brasil
Nacionalidade brasileiro
Cônjuge Sônia Gumes Andrade
Alma mater
Prêmios Grande oficial da Ordem Nacional do Mérito Científico (2002)
Orientador(es)(as) Lucien Alphonse Joseph Lison
Instituições
Campo(s) Agronomia
Tese Alterações testiculares em ratos tratados pela DL-Ethionine (1956)

Grande oficial da Ordem Nacional do Mérito Científico e membro titular da Academia Brasileira de Ciências, Zilton foi professor emérito e pesquisador da Universidade Federal da Bahia e pesquisador sênior da Fiocruz Bahia.[1] É considerado uma das maiores autoridades mundiais em doenças parasitárias.[2]

Biografia editar

Zilton nasceu no município de Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo Baiano, em 1924. Era filho de Guiomar de Araújo Andrade e Flávio Henrique Andrade. A família se mudou para Salvador, onde Zilton foi interno no Colégio Ipiranga, cursando o científico no Colégio da Bahia. A decisão de estudar medicina veio através de leituras de obras científicas e da biografia de grandes cientistas. O livro que mais o impressionou na época foi Caçadores de micróbios, de Paul de Kruif.[3]

Em 1950, Zilton se formou em medicina pela Universidade Federal da Bahia. Partiu para a residência médica pela Universidade de Tulane, em Nova Orleans, em 1951 e retornou ao Brasil em 1953. Em 1956 defendeu o doutorado em patologia pela Universidade de São Paulo, com estágio de pós-doutorado no Hospital Monte Sinai, em Nova Iorque, entre 1960 e 1961.[2][3]

Carreira editar

Tornou-se professor titular da Universidade Federal da Bahia em 1974 e professor emérito em 1985, tendo fundado a Residência Médica em Patologia, o Mestrado e o Doutorado em Patologia da universidade. Ganou projeção nacional e internacional na produção de conhecimento científico na área de doenças infecciosas e parasitárias com destaque para Doença de Chagas, esquistossomose e Leishmaniose. Na área diagnóstica dedicou-se à Patologia Hepática. Publicou 277 artigos científicos, orientou 59 alunos de mestrado e doutorado.[2]

Entre 1984 e 1994 foi pesquisador titular da Fiocruz Bahia e em 1995, tornou-se pesquisidor emérito da instituição. Foi Chefe do Departamento de Anatomia Patológica e Medicina Legal e do Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Universitário Prof. Edgard Santos, da Universidade Federal da Bahia e Diretor do Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz da Fundação Oswaldo Cruz do Ministério da Saúde.[4]

Seus principais linhas de pesquisa eram relacionadas a modelos experimentais de fibrose (esquistossomose murina e fibrose septal associada com infecção por Capillaria hepatica no rato) e cirrose (pelo tratamento com tetracloreto de carbono no rato) hepáticas e à patologia das doenças parasitárias, especialmente Esquistossomose e doença de Chagas.[5]

Zilton era membro da Academia de Medicina da Bahia (cadeira 31)[6] e sócio-emérito da Sociedade Brasileira de Patologia. Era também membro da Academia Brasileira de Ciências e membro honorário da Sociedade Latino-Americana de Patologia, da Sociedade Americana de Medicina Tropical e Higiene (EUA) e da Sociedade Argentina de Cardiologia.[3] Foi também membro honorário da Academia Nacional de Medicina.[7]

Em 2011, Zilton lançou o livro Realidade brasileira em debate que reúne de artigos seus publicados na coluna que manteve no jornal Tribuna da Bahia entre 1985 e 1987. O livro, publicado pela Editora da Ufba, aborda o ensino universitário e a pesquisa científica, além de questões como políticas de saúde, reformas política, agrária e educacional e política internacional.[3]

Morte editar

Zilton deu entrada na emergência do Hospital da Bahia, em Salvador, em 22 de julho de 2020, com um quadro de choque hipovolêmico devido a uma hemorragia digestiva alta, que evoluiu para uma parada cardiorrespiratória. Ele morreu aos 96 anos e foi sepultado no Cemitério Jardim da Saudade, na capital baiana.[3][8][9]

Prêmios e honrarias editar

Entre as condecorações mais importantes que recebeu estão a de comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico – Presidência da República do Brasil (1995) e Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, da presidência da República do Brasil (2005). Recebeu também o Prêmio Alfred Jurzykowski da Academia Nacional de Medicina e o Prêmio Nacional de Ciência e Tecnologia do CNPq. Zilton foi agraciado ainda com a Comenda Euryclides de Jesus Zerbini, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, e a Medalha de Alto Mérito, do Conselho Regional de Medicina da Bahia, entre muitas outras premiações.[3]

Referências

  1. «Zilton de Araújo Andrade». Academia Brasileira de Ciências. Consultado em 23 de março de 2021 
  2. a b c «Zilton de Araujo Andrade». Herois da Saúde na Bahia. Consultado em 23 de março de 2021 
  3. a b c d e f «Presidência da Fiocruz lamenta o falecimento do pesquisador-emérito Zilton de Araújo Andrade». Fiocruz. Consultado em 23 de março de 2021 
  4. «Prof. Dr. Zilton de Araújo Andrade (período de 1964-1966)». Sociedade Brasileira de Patologia. Consultado em 23 de março de 2021 
  5. «Nota de falecimento - A SBI lamenta a morte do médico e pesquisador Zilton Andrade». Sociedade Brasileira de Imunologia. Consultado em 23 de março de 2021 
  6. «Zilton de Araújo Andrade». Academia de Medicina da Bahia. Consultado em 23 de março de 2021 
  7. Nota de pesar - Prof. Zilton de Araújo Andrade
  8. «Pesquisador Zilton de Araújo Andrade morre aos 96 anos em Salvador». G1. Consultado em 23 de março de 2021 
  9. «Nota de pesar - Prof. Zilton de Araújo Andrade». Faculdade de Medicina da Bahia. Consultado em 23 de março de 2021