A Farça foi um periódico quinzenal de cariz humorístico, publicado entre 20 de dezembro de 1909 e 27 de abril de 1910 em Coimbra, sendo seu proprietário e administrador Thomaz d’Alvim. Dirigido por Alberto da Veiga Simões e Luiz Filipe, apesar da sua curta duração, o jornal teve um importante papel na imprensa portuguesa, tornando-se num dos primeiros periódicos a publicar ilustrações modernistas em Portugal.

A Farça
A Farça
Capa do jornal A Farça, nº1 (20 de dezembro de 1909)
Periodicidade Quinzenal
Sede Coimbra
País Reino de Portugal
Fundação 20 de dezembro de 1909
Proprietário Tomás de Alvim
Director Alberto da Veiga Simões (diretor literário)
Luiz Filipe (diretor artístico)
Idioma Português europeu
Término de publicação 27 de abril de 1910

História editar

Criado ainda durante os últimos anos da Monarquia Portuguesa, após os três principais intervenientes terem-se conhecido na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, Thomaz d'Alvim, Alberto da Veiga Simões e Luís Filipe Gonzaga Pinto Rodrigues, conhecido como Luiz Filipe, a 20 de dezembro de 1909 foi fundado o jornal A Farça com o intuito de os seus fundadores criarem um espaço sem dogmas, onde a crítica política e social era realizada através do riso, da sátira e de desenhos humorísticos.[1] Como tal, o seu título remetia por si mesmo a uma crítica à sociedade portuguesa que, de acordo os seus redactores, vivia para as aparências, numa realidade onde a falsidade e a mentira andavam intrinsecamente de mãos dadas no seu dia-a-dia, tratando-se, pois, de um género de imprensa crítica.

“Não sabemos porque estranha degenerescência as classes dirigentes da nossa terra caíram na vida mentirosa da farça. Guerra Junqueiro, o grande crítico e o emocionante poeta finge-se filósofo do… radium e provador de vinhos… Farça. Teófilo Braga, poeta e cientista finge-se chefe político e é do directório republicano... Farça. Na política monárquica abundam cavalheiros, aliás conspícuos, capazes de serem óptimos regedores ou enxertadores de videiras que fingem de estadistas... Farça. Na família, nas escolas e na sociedade, a farça é a grande escola em voga. Estroinas há que não são capazes de compreender o que há de grande na harmonia do lar e que, na rua, no teatro e nos salões fingem carinhos familiares e ternuras de farça. Plebeus ostentam brasões nos anéis comprados com o lucro do balcão; estúpidos alargam a elevação da testa para fingirem de talentosos; alguns há que usam óculos fixos para fingirem de sábios à moda alemã. Tudo Farça”.

Texto de Carneiro de Moura

Apesar de ter tido apenas seis publicações até à sua extinção a 27 de abril de 1910, A Farça foi um dos primeiros periódicos portugueses ao utilizar pinturas e ilustrações modernistas nas suas páginas, juntamente com o jornal O Gorro.

Colaborações editar

Contando com várias colaboradores, na ilustração contou com os contributos de vários artistas portugueses, destacando-se os nomes de Luíz Filipe,[2] Cristiano Cruz,[3] Correia Dias, conhecido como Tira-Linhas, Cristiano de Carvalho, Cerveira Pinto, Emílio Martins, João Valério e M. Pacheco, tendo ainda apresentado nas suas páginas algumas reproduções de desenhos do italiano Adolfo Karolis e do norueguês Olaf Gulbransson.

Quanto à colaboração literária, contou com textos e crónicas de Alberto da Veiga Simões, Amílcar Ramada Curto, João Lopes Carneiro de Moura, Ana de Castro Osório, António Arroio, Augusto Gil, Manuel de Brito Camacho, Hipólito Raposo, António Sardinha e Afonso Lopes Vieira.

Ver também editar

Referências editar

  1. «A Farça [Coimbra, 1909-1910] em linha na Hemeroteca Digital». Centro de Investigação Media e Jornalismo 
  2. «Exposição "Luís Filipe e A Farsa da Vida" no Museu Bordalo Pinheiro». E-Cultura | Centro Nacional de Cultura. 2015 
  3. Rodrigues, António (1989). Christiano Cruz: cenas de guerra. [S.l.]: Quetzal Editores 

Ligações externas editar