Agamemnon

herói da Grécia antiga
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Agamemnon, Agamenon, Agamenão[1] ou Agamémnon[2][3] (em grego antigo, Aγαμέμνων, "muito resoluto") foi um dos mais distintos heróis gregos, filho (ou neto) do rei Atreu de Micenas e da rainha Aerope,[4] e irmão de Menelau.[5][6]

Suposta Máscara de Agamémnon
Descoberta por Heinrich Schliemann em 1876, em Micenas

Não se sabe se de facto existiu, mas é citado como o rei de Micenas que comandou o épico cerco dos Aqueus à cidade de Troia, na Guerra de Troia, descrita na Ilíada.

Antepassados

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Existem várias versões sobre quem foram os pais de Agamemnon e Menelau.

Vários autores os consideram como filhos de Atreu,[4][7][8][9][10] sendo sua mãe Aérope.[4][11][nota 1] Plístene aparece na Fábula 86, de Higino, como um filho de Atreu que Tiestes criou como se fosse seu, e que Atreu matou pensando que matava um filho de Tiestes.[12]

Em outras versões, Agamemnon e Menelau são filhos de Plístene, filho de Atreu.[13][14] Segundo Tzetzes, que se baseou em Hesíodo e Ésquilo, a esposa de Plístene era Cléola, filha de Dias e a mãe de Plístene era Aérope;[13] Dias possivelmente era outro filho de Pélope. Segundo uma das versões encontradas em Pseudo-Apolodoro, a esposa de Plístene era Aérope, filha de Catreu.[14]

A história da família de Agamemnon, indo até o lendário rei Pélope, tinha sido manchada por violação, assassínio, incesto, e traição. Os gregos acreditavam que este passado violento lançou infortúnios sobre a inteira Casa de Atreu.

Atreu, o pai de Agamemnon, foi assassinado por Egisto, que se apoderou do trono de Argos e governou juntamente com o seu pai Tiestes. Durante este período, Agamenon e Menelau procuraram refúgio em Esparta. Casaram-se com as princesas espartanas Clitemnestra e Helena, respectivamente. Agamenon e Clitemnestra tiveram quatro filhos: três filhas, Ifigênia, Electra, Crisotêmis e um filho, Orestes.

Menelau herdou o trono de Esparta, enquanto Agamemnon, com a ajuda do irmão, expulsou Egisto e Tiestes para recuperar o reino do seu pai. Alargou os seus domínios pela conquista, e tornou-se o rei mais poderoso da Grécia.

Em guerra

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Após o rapto de Helena, Agamemnon juntou as forças gregas para navegar para Troia. Preparando-se para partir de Áulis, um porto na Beócia, o exército de Agamemnon provocou a ira da deusa Ártemis. Há muitas razões para explicar tal ira: na peça "Agamemnon" de Ésquilo, Ártemis está zangada por causa dos mancebos que iriam morrer em Troia, enquanto que na "Electra" de Sófocles, Agamemnon tinha matado um animal sagrado para Ártemis, e depois gabou-se de que era semelhante a Ártemis na caça. Infortúnios, incluindo uma praga e falta de vento, impediram o exército de zarpar; finalmente, o adivinho Calcas anunciou que a ira da deusa apenas podia ser amansada com o sacrifício de Ifigénia (filha mais velha de Agamemnon). Dramatizações clássicas diferem em relação a com que vontade estavam quer pai quer filha quanto a este destino. Numa delas, Agamemnon inventou que ela estava prometida como esposa a Aquiles, mas acabou por sacrificar Ifigénia. A sua morte acalmou Ártemis, e o exército grego partiu para Troia. Muitas alternativas ao sacrifício humano foram apresentadas na mitologia. Outras fontes dizem que Agamemnon estava preparado para matar a filha, mas que Ártemis aceitou um veado no lugar de Ifigénia, e levou-a para Táurida, na Crimeia. Hesíodo disse que ela se tornou a deusa Hécate.

Agamemnon foi o comandante supremo dos gregos durante a Guerra de Troia. Durante a luta, Agamemnon matou Antifo. O conductor de carros de Agamemnon, Halaeso, lutou mais tarde com Eneias em Itália. A Ilíada conta a história da briga entre Agamemnon e Aquiles no ano final da guerra. Agamemnon tomou para si uma escrava atrativa e espólio de guerra, Briseis, que era de Aquiles. Aquiles, o maior guerreiro da altura, saiu da batalha por vingança, e quase custou a guerra aos gregos.

Embora não igual a Aquiles em bravura, Agamemnon era um representante digno da autoridade real. Como comandante supremo, convocou os príncipes para a assembleia e conduziu o exército grego na batalha. Ele próprio lutou, e realizou muitos feitos heróicos, até ser ferido e ser forçado a voltar para a sua tenda.

A sua falha principal era a sua arrogância vaidosa. Uma opinião demasiado exaltada da sua posição fê-lo insultar Crises e Aquiles, lançando grande infortúnio sobre os gregos.

Após a tomada de Troia, Cassandra, princesa da cidade (filha do rei troiano Príamo) e profetisa condenada, caiu-lhe na sorte na distribuição dos espólios de guerra.

Retorno à Grécia

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O regresso de Agamemnon
De uma ilustração de 1879 de Stories from the Greek Tragedians de Alfred Church

Quando Tróia finalmente foi derrotada, Agamenon recebeu a jovem Cassandra, filha de Príamo, como parte do que lhe cabia no saque. Porém, esta era amada por Apolo, de quem recebera o dom da profecia. Ao se recusar a cumprir os desejos de Apolo, ele a maldiçoou e fez com que ninguém acreditasse em suas predições. Sendo assim, quando Agamenon a levou consigo, ela lhe avisou de que ele morreria caso voltasse à sua pátria, mas não foi ouvida.

Após uma viagem violenta, Agamemnon, sua esposa Climnestra e Cassandra se perderarm e acabam na Argólida, país de Egisto. Egisto, seduziu Clitemnestra e convidou Agamemnon para um banquete, onde este foi traiçoeiramente morto. Segundo Píndaro e os tragediógrafos, Agamemnon foi assassinado pela esposa sozinho no banho. Clitemnestra também matou Cassandra. A sua cólera face ao sacrifício de Ifigénia, e os seus ciúmes de Cassandra são apontados como os motivos do seu crime. Egisto e Clitemnestra então governaram o reino de Agamemnon durante um tempo, mas o assassinato de Agamémnon acabou por ser vingado pelo seu filho Orestes (possivelmente com a ajuda de Electra).

Agamemnon na ficção e filmes contemporâneos

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Escritores modernos de viagens no tempo e romance ficcionais tentam muitas vezes mostrar a Guerra de Troia "como aconteceu realmente", baseados nos achados arqueológicos sobre a Civilização Micênica. Tais autores usam frequentemente Agamemnon como o arquétipo de rei Micénico, dando vida a velhos artefactos ao vestir-lhes uma cara familiar. De particular interesse é a trilogia de viagens no tempo Island in the Sea of Time, Against the Tide of Years e On the Oceans of Eternity de S. M. Stirling, onde o destino que acontece à Casa de Atreu é tão horrível quanto retratado na tradição mitológica. O horror é providenciado por um vilão viajante no tempo que está bem informado acerca da mitologia.

Acredita-se[quem?] que Agamemnon tenha sido o antigo antepassado ou parente da família nobre Atreides das séries clássicas de ficção científica de Duna de Frank Herbert (Note que o apelido, Atreides é derivado do nome do pai de Agamemnon, Atreu). Há muitas semelhanças entre a história de Agamemnon e Duna, tal como o protagonista da série Dune, Paul Atreides, sendo ambos heróis trágicos.

Agamemnon faz uma aparição no filme Time Bandits, encarnado pelo ator Sean Connery, embora a sua representação no filme pareça mais similar a Odisseu. Máscaras muito parecidas com a famosa Máscara de Agamémnon também são usadas no filme.

Ele também apareceu no filme Troia de 2004, encarnado pelo escocês Brian Cox.

Agamemnon era o nome do navio militar comandado por Horatio Nelson, que começou a sua reabilitação seguindo o spito de ricos comerciantes de açúcar. O autor de Babylon 5, J. Michael Straczinsky, usou essa informação para escolher um nome para o navio de comando do seu herói protagonista John Sheridan. Assim, Agamemnon era o nome do "Earth Fleet Destroyer" que John Sheridan comandava perto do fim da 4ª temporada de Babylon 5.

Também foi um rei na peça Troilus and Cressida (Troilo e Créssida), de Shakespeare.

Árvore genealógica

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Árvore genealógica baseada em João Tzetzes,[13] acrescentando a paternidade de Atreu e Dias:
Pélope
Atreu
Aérope
Dias
Plístene
Cléola
Agamemnon
Menelau
Anaxíbia

Ver também

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Precedido por
Tiestes
Rei de Micenas
Sucedido por
Egisto

Notas

  1. Na 97a Fábula, Higino apenas menciona Agamemnon como filho de Aérope, mencionando Menelau como irmão de Agamemnon;

Referências

  1. Will Durant; Gulnara Monteiro Lobato (trad.) (1955). «XIII - Moral e costumes atenienses». História da Civilização. 2º, Tomo I, Livro II. São Paulo: Cia Editora Nacional. p. 369 
  2. Machado, José Pedro (1993) [1984]. Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa. I 2.ª ed. 2.ª ed. Lisboa: Horizonte / Confluência. p. 57. ISBN 972-24-0842-9 
  3. Gonçalves, Rebelo (1947). Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa. Coimbra: Atlântida - Livraria Editora. p. 149 
  4. a b c Pseudo-Apolodoro, Biblioteca, Epítome 3.12
  5. Grimal, Pierre, Dicionário da Mitologia Grega e Romana, Rio de Janeiro: Ed. Bertrand Brasil, p.11
  6. Spalding, Tassilo Orpheu, Dicionário da Mitologia Greco-Latina, Belo Horizonte: Ed. Itatiaia, p.8
  7. Pausânias (geógrafo), Descrição da Grécia, 3.1.5
  8. Higino, Fábulas, CXXIV, Reis dos Aqueus
  9. Higino, Fábulas, LXXXVIII, Atreu
  10. Higino, Fábulas, XCV, Ulisses
  11. Higino, Fábulas, XCVII, Os que foram à Guerra contra Troia, e o número dos seus navios
  12. Higino, Fábulas, LXXXVI, Filhos de Pélope
  13. a b c João Tzetzes, Exeg. Iliad. 68. 19H
  14. a b Pseudo-Apolodoro, Biblioteca, 3.2.2

Bibliografia

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Ligações externas

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A Vingança de Agamenon (livro de Anrrique Ayres Victoria). Reedição em Bibliotrónica Portuguesa.