Alfred Neubauer (Neutitschein, 29 de março de 1891Stuttgart, 22 de agosto de 1980) foi um dirigente esportivo austríaco, famoso chefe de equipe da Mercedes-Benz, que ficaria conhecida pelo título de Flechas de Prata, entre meados dos anos de 1920 e 1950.

Alfred Neubauer
Alfred Neubauer
Nascimento 29 de março de 1891
Nový Jičín
Morte 22 de agosto de 1980 (89 anos)
Estugarda
Cidadania França
Ocupação piloto, piloto, engenheiro

Vida editar

Durante sua juventude, Neubauer costumava fazer reparos nos veículos do exército imperial austro-húngaro, função que também exerceu durante a Primeira Guerra Mundial.[1] Após o término desta, ingressou na Austro-Daimler, filial austríaca da Daimler, onde foi apontado como piloto de testes principal da fábrica por Ferdinand Porsche.[2] Entre 1922 e 1923, Neubauer participou de algumas competições, mas conseguindo apenas resultados insignificantes. Durante este último ano, Porsche se transferiu para a fábrica principal da empresa, tendo Neubauer seguido o mesmo caminho, continuando em sua função de piloto de testes.[1] Decidiu encerrar sua carreira como piloto em 1926, após continuar tendo apenas resultados insignificantes, passando a partir de então, a desempenhar uma função até então inexistente: Rennleiter (chefe de equipe em alemão numa tradução livre), da equipe Mercedes-Benz.[1]

Em sua nova função, uma de suas primeiras inovações foi introduzir placas informando aos pilotos da equipe suas posições nas corridas, assim como outras informações, uma vez que até então, o piloto geralmente só sabia sua posição na corrida após o término dessa.[1][2] Os resultados dessas novas inovações logo seriam sentidos pela equipe, com Rudolf Caracciola, um dos melhores e mais famosos automobilistas da época, vencendo diversas corridas, com destaque para a vitória em parceria com Wilhelm Sebastian na edição de 1931 da Mille Miglia,[2] a primeira vez que uma equipe de fora da Itália vencia a corrida.[3]

Flechas de Prata editar

 Ver artigo principal: Flechas de Prata

Neubauer, entretanto, passaria a realmente se destacar, assim como a própria Marcedes-Benz, a partir de meados dos anos 1930, quando, após um investimento de 250 mil reichsmarks do governo alemão na empresa,[4] passou a dominar as principais competições da época, ao lado da Auto Union - que também recebera um investimento de 250 mil reichsmarks do governo alemão.[4] Foi durante esse período que os carros de corrida da Mercedes passaram a ser conhecidos como Flechas de Prata. O motivo para a coloração prateada dos veículos é controverso, mas a versão mais conhecida da história, publicada em suas memórias, assim como do piloto Manfred von Brauchitsch, eles tiveram a ideia de remover a pintura, deixando os veículos apenas nas chapas de alumínio, após o Mercedes-Benz W25, o primeiro veículo construído após o investimento do governo, ultrapassar em um quilograma os 750 permitidos pelos regulamentos das principais competições de fórmula da época. E seria com o W25 que a Mercedes passaria a dominar as principais competições da época, com destaque o Campeonato Europeu de Automobilismo, vencendo em 1935[5] e entre 1937 e 1939,[6] sendo os três primeiros com Caracciola, e o último, bastante controverso, com Hermann Lang.[7]

Com o início da Segunda Guerra Mundial, a equipe viu em pouco tempo a necessidade de se retirar das competições, passando as fábricas da empresa a priorizar a construção de veículos para fins militares, assim como a paralisação das principais competições na época.[8][9] A equipe só viria a ser revivida novamente durante os anos 1950, se tornando dominante novamente entre os anos de 1954 e 1955, quando dominou a Fórmula 1, a sucessora do Campeonato Europeu, e a partir de então, a principal competição de automobilismo, com Juan Manuel Fangio, o qual conquistou os títulos nos dois anos de forma dominante.[8][9] O sucesso, entretanto, acabaria sendo interrompido em 1955, quando a equipe se retirou das competições de automobilismo após a tragédia de Le Mans em 1955, onde um acidente envolvendo um dos pilotos da equipe durante a edição daquele ano das 24 Horas de Le Mans, Pierre Levegh, causou a morte de 84 pessoas, além do próprio.[10]

Bibliografia editar

  • Rendall, Ivan (1995), The Chequered Flag : 100 years of motor racing, ISBN 0297835505, Weidenfeld & Nicolson 

Referências

  1. a b c d «"Alfred Neubauer - Biography"». Consultado em 15 de agosto de 2015 
  2. a b c «"Alfred Neubauer – the legendary racing manager at Mercedes-Benz"». Consultado em 15 de agosto de 2015 
  3. «"Mille Miglia - 1931"». Consultado em 15 de agosto de 2015 
  4. a b Rendall, p. 136.
  5. «"MERCEDES-BENZ: Daimler-Benz Aktiengesellschaft, Untertürkheim, Stuttgart"». Consultado em 15 de agosto de 2015 
  6. «"Auto Union Type C: 16 cilindros, 530 cv e 340 km/h… em 1936!"». Consultado em 15 de agosto de 2015 
  7. «"GRAND PRIX WINNERS 1934-1949"». Consultado em 15 de agosto de 2015 
  8. a b «"MERCEDES AMG PETRONAS - Silberpfeile"». Consultado em 15 de agosto de 2015. Arquivado do original em 24 de maio de 2016 
  9. a b «"650 cv e 350 km/h nos anos 1930: as primeiras Flechas de Prata da Mercedes-Benz"». Consultado em 15 de agosto de 2015 
  10. «"As Flechas de Prata da Mercedes-Benz: a conquista da Fórmula 1, uma tragédia em Le Mans e o esportivo mais rápido do mundo"». Consultado em 15 de agosto de 2015