Antônio Manuel de Sousa

político brasileiro

Antônio Manuel de Sousa (1776Jardim, 5 de setembro de 1857) foi sacerdote católico e político brasileiro.

Antônio Manuel de Sousa
Nascimento Rio Grande do Norte
Cidadania Brasil
Ocupação político
Religião Igreja Católica

Nasceu na província do Rio Grande do Norte, filho de José Soares de Lemos e de Maria Geralda de Sousa. Recebeu as ordens sacras no Seminário de Olinda em 1800 e, no ano seguinte, foi exercer o vicariato da freguesia de Apodi, da qual foi titular até 1808.

Tornou-se o primeiro vigário colado da freguesia de Jardim, no Ceará, onde permaneceu de 1816 até sua morte. Após a proclamação de independência, em 1822, foi eleito deputado geral à Assembleia Constituinte, porém não chegou a tomar assento em razão desta ser dissolvida por decreto de 13 de novembro de 1823. Participou do governo provisório da província. Era cavaleiro da Imperial Ordem de Cristo e cônego honorário da Capela Imperial[1].

Em 1831, foi um dos protagonistas do episódio conhecido como Sedição de Pinto Madeira. Foi um conflito violento entre a vila do Crato, liderada por liberais republicanos (destacando-se a família Alencar) e a de Jardim, dominada por Joaquim Pinto Madeira, o qual, junto com o padre, eram filiados à Coluna do Trono e do Altar, sociedade secreta sediada em Recife, fundada em 1828, que, mancomunada com o Partido Restaurador, tinha por objetivo disseminar a causa regressista e tradicionalista no norte do país. Havia muito as relações entre as duas vilas estavam desgastadas em razão do antagonismo ideológico-político de suas elites. Durante o Primeiro Reinado, Pinto Madeira, fiel ao poder central, trabalhou na repressão de sublevações liberais e republicanas encabeçadas pela família Alencar no Crato, como a Revolução de 1817 e a Confederação do Equador. Tal fidelidade ao imperador valeu a Pinto Madeira o reconhecimento por parte do governo e, por ato de novembro de 1824, foi nomeado comandante geral de Armas do Crato e do Jardim. Todavia, com a queda de Pedro I, a partir de articulações do Crato com o governo interino da província, desencadeou-se perseguição aos jardinenses. Não só tiraram as honrarias de Pinto Madeira como decretaram sua prisão e anunciaram devassa aos jardinenses, argumentando a necessidade de se combater a "conspiração restauradora em movimento". Sabedora dos preparativos que se faziam no Crato para uma expedição a Jardim, com o objetivo de levar à cadeia o famoso coronel de milícias, a câmara jardinense organizou um força, com o auxílio do vigário, a qual foi confiada ao comando do próprio caudilho. O exército “pintista” deixou Jardim a 17 de dezembro de 1831; bateu os legalistas no Sítio Buriti e no dia seguinte ocupou a vila inimiga, cuja população fugiu apavorada.

O padre armou seus correligionários com cacetes de madeira que a ele eram conduzidos para benzê-los. Dada a grande quantidade de cacetes que se prenunciava para receber a bênção, utilizou-se da ágil prática de escolher uma mata inteira de onde seria retirada a madeira para a confecção dos cacetes e pronunciou a sua benção sobre a mata. Em decorrência deste fato, passou a ser chamado de Benze-Cacetes. A rebelião foi sufocada em outubro do ano seguinte. Pinto Madeira foi preso e condenado à morte, em julgamento cuja parcialidade escandalosa foi reprovada no parlamento imperial. O padre Antônio Manuel, no entanto, foi absolvido[2].

De 1839 a 1846, foi vigário interino de Aquiraz, período em que perdeu a visão, retornando depois para Jardim, a qual paroquiou até sua morte. A casa em que viveu é conservada por aquele município como monumento histórico[3].

Referências editar