Argentina 2–2 Inglaterra (Copa do Mundo de 1998)

A partida entre Argentina e Inglaterra foi realizada em 30 de junho de 1998,[1] e foi válida pelas oitavas de final da Copa da França.

Argentina x Inglaterra
Evento Copa de 1998 (Oitavas de Final)
2 a 2 no tempo normal e 0 a 0 na prorrogação
Pênaltis:
Argentina 4 - 3 Inglaterra
Data 30 de junho de 1998
Local Stade Geoffroy-Guichard, Saint-Étienne,  França
Árbitro Dinamarca Kim Milton Nielsen
Público 30.600

Este jogo é lembrado pelo gol épico do jovem atacante inglês Michael Owen, então com apenas 18 anos de idade, lembrando o gol marcado por Maradona contra a mesma Inglaterra, em 1986. Porém, nos pênaltis, a Argentina levou novamente a melhor, vencendo o time inglês por 4 a 3.

Cenário Pré-Jogo editar

12 anos depois, argentinos e ingleses encontrariam-se novamente em uma partida de Copa, desta vez nas oitavas-de-final (em 1986, haviam se enfrentado nas quartas, com vitória da Argentina por 2 a 1). No papel, a equipe sul-americana contava com Gabriel Batistuta liderando o ataque, e o meio-de-campo, capitaneado por Diego Simeone, tinha como destaques Juan Sebastián Verón e Matías Almeyda, auxiliados por Javier Zanetti e Ariel Ortega. O volante Fernando Redondo e o atacante Claudio Caniggia, também jogadores importantes da Albiceleste, foram preteridos por Daniel Passarella por um motivo incomum: o uso de cabelos compridos. Já a Inglaterra, embalada pelo título no Torneio da França, realizado em 1997, apostava na força de sua defesa, liderada pelo experiente goleiro David Seaman, no meio-de-campo, com David Beckham e Paul Scholes armando as jogadas, e nos gols do artilheiro Alan Shearer - embora sentisse a ausência de Paul Gascoigne e Stuart Pearce, não-convocados pelo técnico Glenn Hoddle para a Copa.

O jogo editar

Primeiro tempo: início eletrizante e gol épico de Owen editar

Logo aos 5 minutos, Simeone apareceu de surpresa no ataque e foi derrubado por Seaman. Pênalti que Batistuta cobrou no canto - o goleiro inglês tocou na bola, mas insuficiente para impedir o gol. Porém, quatro minutos depois e empurrada pela torcida, a Inglaterra mandou-se para o ataque com Owen, que, após receber passe de Scholes, cavou um pênalti ao receber um tranco de Roberto Ayala. Shearer cobrou com força, sem chance para Carlos Roa, empatando o confronto.

Aos 16 minutos, o lance mais bonito da partida: após desarme de Paul Ince, que passou a bola a Beckham, Owen recebeu passe do camisa 7, dominou a bola com precisão, livrou-se de José Chamot - que tentou desequilibrar o jovem atacante, sem êxito - , gingou para cima de Ayala e chutou na saída do goleiro argentino. O gol de Owen é considerado um dos mais bonitos da história das Copas.

Enquanto a Argentina penava para superar a marcação de Ince, Tony Adams e Sol Campbell, Beckham chamava a responsabilidade nas ações ofensivas, assim com Scholes e Owen, que incomodavam Ayala e Chamot. Aos 46 minutos, falta na entrada da área em favor da Argentina. Batistuta e Verón eram os encarregados pela cobrança, que parecia ser ensaiada; "Batigol" passou por cima da bola, "La Brujita" passou a Zanetti, que estava sozinho atrás da barreira, e chutou de perna esquerda, fuzilando Seaman.

Segundo tempo: malandragem de Simeone, expulsão de Beckham e gol anulado editar

No segundo tempo, os argentinos decidiram "cozinhar" o jogo, usando a catimba para mexer com o brio dos ingleses. O English Team sentiu a pressão logo no primeiro minuto: Após levar um tranco, Beckham revidou com um pontapé na perna de Simeone, que simulou ter sofrido uma agressão. O árbitro dinamarquês Kim Milton Nielsen caiu na encenação do argentino e mostrou cartão vermelho a Beckham, reduzindo a Inglaterra a 10 jogadores. A torcida inglesa reprovou a atitude de Beckham, que foi severamente criticado[2]. Em 2017, Simeone revelou como provocou a expulsão do inglês, negando que havia sido xingado por ele[3].

Mesmo com um jogador a menos, o English Team equilibrava as ações com Owen e Scholes no meio-de-campo, com Shearer isolado no ataque. Embora com mais posse de bola, a Argentina não conseguia chegar ao gol com mais objetividade, sendo neutralizada por Campbell e Adams. Nem as alterações de Passarella (Hernán Crespo no lugar de Batistuta e Marcelo Gallardo substituindo Claudio López) surtiram efeito. Campbell chegou a marcar o terceiro gol, que daria a vitória à Inglaterra, mas o árbitro preferiu anular, alegando falta de Shearer que não existiu. Após o lance, Verón engatou um contra-ataque para Crespo, interceptado por Darren Anderton.

Decisão nos pênaltis editar

Depois de uma prorrogação sem grandes jogadas de ataque pelos dois lados, argentinos e ingleses disputariam uma vaga nas quartas-de-final. Sergio Berti abriu a série de cobranças. O meia cobrou no canto, Seaman foi na bola, mas não impediu o gol. Alan Shearer, da mesma forma que no tempo normal, converteu a cobrança no ângulo, não dando chance a Roa.

Crespo foi o primeiro a desperdiçar a cobrança, espalmada por Seaman. Ince, um dos destaques no meio-de-campo, também cobrou o pênalti no canto esquerdo, mas Roa espalmou. Verón converteu o terceiro pênalti, no ângulo direito de Seaman. Antes da cobrança de Paul Merson, Roa reclamou da bola fora do lugar, e levou cartão amarelo. O jogador do Middlesbrough chutou forte no canto direito, empatando a disputa. Gallardo converteu a quarta cobrança ao chutar forte no mesmo lugar. Seaman também foi na bola, mas não conseguiu defender.

Owen empatou novamente a disputa, não dando chances ao goleiro argentino, tendo cobrado o penal no ângulo direito. O zagueiro Ayala desempatou logo em seguida, cobrando rasteiro. David Batty teria a responsabilidade: se ele desperdiçasse, a Argentina se classificaria às quartas-de-final; se convertesse, a decisão seria nas cobranças alternadas. Porém, o meia do Newcastle United, que entrara no lugar de Scholes, perdeu a cobrança, que parou nas mãos de Roa.

Detalhes editar

30 de junho de 1998 Argentina   2–2   Inglaterra Stade Geoffroy-Guichard,   Saint-Étienne
21:00
Batistuta   6' (pen)
Zanetti   45+1'
2–2
0–0
Relatório
Shearer   6' (pen)
Owen   16'
Público: 30,600
Árbitro:   Kim Milton Nielsen
    Penalidades  
Berti  
Crespo  
Verón  
Gallardo  
Ayala  
4 – 3   Shearer
  Ince
  Merson
  Owen
  Batty
 
Argentina
Inglaterra
GK 1 Carlos Roa   110'
LE 22 Javier Zanetti
LD 14 Nelson Vivas
Z 2 Roberto Ayala
Z 3 Chamot
MD 5 Matías Almeyda   73'
MC 8 Diego Simeone     47'   91'
MC 11 Juan Sebastián Verón   44'
ME 10 Ariel Ortega
AT 7 Claudio López   68' (20)
AT 9 Gabriel Batistuta   68' (19)
Reservas:
GK 12 Germán Burgos
GK 17 Pablo Cavallero
LE 4 Mauricio Pineda
DC 6 Roberto Sensini
DC 13 Pablo Paz
MC 15 Leonardo Astrada
ME 16 Sergio Berti   91'
AT 18 Abel Balbo
AT 19 Hernán Crespo   68' (9)
MC 20 Marcelo Gallardo   68' (7)
AT 21 Marcelo Delgado
Técnico:
  Daniel Passarella
GK 1 David Seaman   5'
DC 12 Gary Neville
DC 5 Tony Adams
DC 2 Sol Campbell
MD 14 Darren Anderton   97'
ME 3 Graeme Le Saux   71'
MC 7 David Beckham   47'
MC 4 Paul Ince   10'
MC 16 Paul Scholes   78'
AT 20 Michael Owen
AT 9 Alan Shearer  
Reservas:
GK 13 Nigel Martyn
GK 22 Tim Flowers
DC 6 Gareth Southgate   71'
MC 8 David Batty   97'
AT 10 Teddy Sheringham
MC 11 Steve McManaman
MC 15 Paul Merson   78'
MC 17 Rob Lee
DC 18 Martin Keown
AT 19 Les Ferdinand
DC 21 Rio Ferdinand
Técnico:
  Glenn Hoddle

Assistentes:
  Halim Abdul Hamid
  Mohamed Al Musawi
Quarto árbitro:
  Rune Pedersen


Referências

  1. «Ficha do jogo». Futpédia. Consultado em 13 de julho de 2015 
  2. «Inglaterra x Argentina: como Beckham virou o vilão inglês da Copa de 1998». Premier League Brasil. Consultado em 2 de maio de 2020 
  3. «Simeone conta como provocou expulsão de Beckham da Copa-98». UOL Esporte. Consultado em 22 de março de 2017 
  Este artigo sobre futebol é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.