As Amizades Particulares

As Amizades Particulares (Les amitiés particulières) é um romance do escritor francês Roger Peyrefitte, vencedor do Prêmio Renaudot e provavelmente a sua obra mais conhecida na actualidade. Fortemente autobiográfica, descreve as relações intimas de dois rapazes num colégio interno católico e como estas relações e os próprios meninos foram destruídos pela vontade de um padre de proteger o mais jovem dos dois.

As amizades particulares
Autor(es) Roger Peyrefitte
Idioma francês
País França
Gênero romance
Editora Éditions Jean Vigneau
Lançamento 1944
Capa de Lés Amitiés Particulières de Roger Peyrefitte (versão de 1944)

Trata-se de uma obra elogiada pelo seu estilo elegante e pela discrição com que os temas principais, a homossexualidade e a pedofilia, são abordados. Um exemplo da elegância mencionada é a pergunta de Alexandre a Georges: "Georges, sabes alguma coisa sobre as coisas que não se devem saber?"

O livro foi traduzido para português por Liberto Cruz e publicado em 1965 pela Ulisseia. Em 1964 foi adaptado ao cinema sob o título Les amitiés particulières, com realização de Jean Delannoy.

Enredo

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A história gira à volta de Georges de Sarre, um rapaz de 14 anos que é internado num colégio católico na França dos anos 20 do século XX. Ao conhecer os seus colegas sente-se imediatamente atraído sexualmente por Lucien Rouviére, sobre quem o antipático Marc de Blajan o informa que alguns alunos "podem parecer bons, mas de facto não o são". Georges fica consternado ao saber que Lucien já tem namorado, André Ferron. Ciumento, faz amizade com Lucien e consegue destruir a sua relação com André, conseguindo maquiavelicamente que este seja expulso do colégio.

Os seus avanços sobre Lucien são mal sucedidos e Georges decide iniciar uma "relação especial", uma amizade homossexual, com um belo estudante de 12 anos, Alexandre Motier. Os directores do colégio, padres católicos, condenam a relação, mesmo quando esta não ultrapassa alguns beijos e poemas. O autor, Peyrefitte, deixa à imaginação do leitor decidir se os dois chegam a consumar sexualmente a sua relação, mas de qualquer maneira o desfecho acaba por ser trágico para os dois rapazes, pois apesar da aparência de indignação, os padres sentem-se atraídos sexualmente pelos jovens.

Um deles em especial, o Padre de Trennes, costuma convidar rapazes para o seu quarto durante a noite, oferecendo-lhes bebidas e cigarros (e supostamente outras coisas). Georges mantem as suas conspirações maquiavélicas (que supostamente lhe terão servido de formação para a sua futura carreira diplomática) e consegue com uma carta anónima provocar a expulsão do Padre de Trennes. No entanto, o Padre Lauzon, que secretamente se apaixonou por Alexandre, descobre a relação que existe entre os dois rapazes e exige o seu fim imediato.

O Padre Lauzon convence Georges a entregar-lhe as cartas de amor e Alexandre, o que significava à época, o terminar de um namoro. Alexandre, não sabendo que Georges fora obrigado a este gesto e que não deixar de estar enamorado dele, suicida-se. Quando o Padre Lauzon tenta confortar Georges, este acusa-o de estar apaixonado por Alexandre.

Relação com a vida de Peyrefitte e outras obras

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Supõe-se que este livro seja fortemente autobiográfico, com Georges de Sarre no papel do alter ego de Peyrefitte. Tal como no livro, Peyrefitte enamorou-se de um colega mais novo num colégio interno católico e, tal como no livro, o seu amigo acabou por se suicidar.

Nos livros As Embaixadas e O Fim das Embaixadas o leitor pode observar de novo Georges de Sarre agora na sua carreira como embaixador na Grécia, onde volta a encontrar o Padre de Trennes. Tal como na ficção, Peyrefitte foi diplomata nos anos 30 e 40 so século XX.


Peyrefitte foi (quase sempre) amigo de Henry de Montherlant, que na fase final da sua vida escreveu um romance (Les garçons, 1969) sobre uma relação semelhante à de As Amizades Particulares. É conhecida uma vasta quantidade de correspondência entre os dois autores sobre, entre outras coisas, o amor de rapazes.

Ligações externas

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