Os Ashigaru (pé ligeiro ou pé leve) (足軽) eram soldados de infantaria que eram utilizados pelos samurai no período feudal do Japão. A primeira referência conhecida aos ashigaru data do século XIV,[1] mas foi durante o Shogunato Ashikaga-Período Muromachi que a utilização dos ashigaru se tornou comum entre os diferentes grupos de guerreiros.[2]

Ashigaru equipado com armadura e jingasa a disparar com tanegashima.

Origem

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O imperador japonês Tenmu (673-86) tentou criar um exército nacional através do recrutamento, sem sucesso, e por volta do século X a base de formação das tropas era a cessão de homens pelos grandes fazendeiros. Estes, que também possuíam cavalos, deram início à classe de samurais, e os seus camponeses tornavam-se nos soldados de infantaria durante o tempo de guerra. Estes soldados a pé mantinham um grande relacionamento com os donos das terras, para além de fortes laços de lealdade, que já duravam há muitas gerações.[3]

Os donos das terras samurai e os seus soldados camponeses lutaram em muitos conflitos e guerras incluindo as invasões Mongóis em 1274 e 1281. Os constantes conflitos entre os séculos XIV e XVI, levaram à necessidade de contratação e utilização de soldados sem laços com os donos das terras -os mercenários. Estes eram de difícil controlo e tinham pouco treino militar, não sendo possível contar com eles durante um combate. No entanto, foram estes mercenários pontuais que se tornariam nos ashigaru.[4]

Armadura e armamento

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Tanegashima utilizada pelos ashigaru.

Os Ashigaru estavam armados com naginata, yari, yumi e espadas japonesas.[5] No Japão, a armadura dos Ashigaru variou consoante o período, desde a a sua ausência até uma bastante pesada. Podiam consistir de um tipo de chapéus cónico designado por jingasa feitos de couro endurecidos e lacados ou ferro; armadura peitoral (dou ou dō); elmo (kabuto); capuz (tatami zukin); mangas (kote); protecção do queixo (suneate); e protecção das coxas (haidate).

As batalhas do período Sengoku (séculos XV e XVI) requeriam que fosse fabricado um grande volume de armaduras para cada novo exército de ashigaru. Munições de fraca qualidade (okashi),[6] protecções peitorais (dou or dō) e elmos (kabuto) eram fabricados em larga escala, incluindo armaduras tatami que podiam ser dobradas.[7] As armaduras Tatami eram feitas com pequenas placas rectangulares (karuta) ou hexagonais (kikko) ligadas entre elas por correntes (kusari) e ligadas a um interior de tecido.[8] No século XVI, os ashigaru estavam também equipados com a tanegashima, uma arma de fogo tipo arcabuz.[9][10] Por detrás dos seus elmos, nas costas, podiam usar umas pequenas bandeiras designadas por sashimono que serviam para identificá-los durante as batalhas.[11]

Fim do recrutamento

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Após o início do Xogunato Tokugawa, o recrutamento dos ashigaru diminuiu drasticamente. Depois da subida ao poder de Oda Nobunaga, os ashigaru foram, gradualmente, tornando-se profissionais, afastando-se da imagem de soldados recrutados junto de camponeses. Quando do começo do período Edo, os ashigaru passaram a ser a classe mais baixa dos samurais, e a utilização do recrutamento foi abandonada por mais de 200 anos no Japão.

Galeria

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Referências

 
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