Atão (em armênio: Ատոմ; romaniz.: Atom) foi um nobre armênio (nacarar) do século V, membro da família Genúnio.

Atão Genúnio
Etnia Armênio
Religião Catolicismo

O nome Atão (Ատոմ, Atom) tem origem incerta.[1] Foi registrado o nome de um cita, cuja leitura foi variadamente feita como Atamo (em grego: Αταμος) ou Atato (em grego: Ατατος), dada a semelhança entre ambas as letras na inscrição. Ferdinand Justi, ao defender a primeira leitura, assumiu ter relação com o nome Atão (Ատոմ, Atom).[2] Por outro lado, Hračʻya Ačaṙyan propôs a segunda leitura e assumiu ter relação com o nome Atato.[3]

Contexto

editar
 
Dracma de Vararanes V (r. 420–438)

Em 428, os nacarares da Armênia peticionaram ao xainxá Vararanes V (r. 420–438) para que destronasse o rei Artaxias IV (r. 422–428) e abolisse a dinastia arsácida. Para governar o país, Vemir-Sapor foi nomeado como marzobã e e Vaanes II foi designado à tenência real.[4] Vemir-Sapor morreu em 442, após uma administração considerada justa e liberal, na qual conseguiu manter a ordem sem ferir o sentimento nacional de frente. Vasaces I substituiu-o como marzobã.[5] Vararanes permitiu a manutenção do cristianismo, enquanto procurava acabar com a influência do Império Bizantino sobre a Igreja da Armênia ao anexá-la à Igreja do Oriente. Contudo, seu filho e sucessor, Isdigerdes II (r. 438–457), era um pietista masdeísta e se comprometeu a impor o masdeísmo na Armênia, exigindo que a nobreza apostatasse e fundando templos de fogo sobre igrejas.[6]

 
Dracma de Isdigerdes II (r. 438–457)
 
Soldo de Teodósio II (r. 408–450)

Atão era irmão de Arrastão.[7] De acordo com Lázaro de Farpe, esteve presente no Concílio de Artaxata convocado pelo católico José I, o marzobã Vasaces Siuni, o asparapetes Vardanes II e o vitaxa da Marca da Ibéria.[8][9] A intenção do encontro, ocorrido em 450 segundo Nicholas Adontz[10], era responder ao edito enviado por Mir-Narses, em nome de Isdigerdes, que exigia que a nobreza se convertesse ao zoroastrismo.[11][12] Pouco depois, participou na embaixada de Maictes à corte de Constantinopla para solicitar apoio militar do imperador Teodósio II (r. 408–450) contra Isdigerdes II.[13][14] Ao retornar, esteve entre os nobres que mantiveram-se fieis a Vardanes II, não aceitando seguir o pró-iraniano Vasaces I.[15][16] Com a derrota da rebelião após a Batalha de Avarair de 26 de maio de 451, Atão esteve entre os nobres que foram à corte persa de Ctesifonte, onde, perante Isdigerdes, fez acusações contra Vasaces I e suas atitudes ímpias e dúbias.[17] Depois disso, foi mantido em cativeiro na Hircânia com os demais armênios até 455.[18][19][20]

Após Avarair, os armênios foram constantemente chamados pelos iranianos para expedições militares distantes e foram obrigados a aceitar o crescente poder dos apóstatas. No contexto, receberam bem o apelo da revolta de Vactangue I (r. 447/9–502/22), que sublevou contra os persas.[21] Em 481, participou ao lado de Arrastão na revolta contra o Império Sassânida liderada por Vaanes I na Armênia. Nesse ano, esteve na Batalha de Acori, que opôs um pequeno contingente de 400 revoltosos e um exército de sete mil soldados liderados pelo marzobã Adargusnas (465–481), onde liderou com Arrastão a ala direita das tropas de Vaanes. Os irmãos quase conseguiram matar Gideão Siuni, um nobre armênio que aliou-se aos iranianos.[22] Em 482, também lutou na Batalha de Narseapate contra o grande exército iraniano liderado por Adanarses, que foi concluída com uma grande vitória armênia. Na ocasião, liderou a ala direita do exército.[23][24]

Referências

  1. Ačaṙyan 1942–1962, p. 253-254.
  2. Justi 1895, p. 48.
  3. Ačaṙyan 1942–1962, p. 252.
  4. Grousset 1973, p. 182-184.
  5. Grousset 1973, p. 187.
  6. Grousset 1973, p. 189-196.
  7. Settipani 2006, p. 325.
  8. Lázaro de Farpe 1985, p. 74-75 (II.23), 160 (II.47).
  9. Eliseu, o Armênio 1982, p. 258.
  10. Adontz 1970, p. 228.
  11. Grousset 1973, p. 191.
  12. Garsoïan 1997, p. 99-100.
  13. Grousset 1973, p. 196-199.
  14. Eliseu, o Armênio 1982, p. 122 e 184.
  15. Grousset 1973, p. 198-201.
  16. Eliseu, o Armênio 1982, p. 151.
  17. Eliseu, o Armênio 1982, p. 184.
  18. Lázaro de Farpe 1985, p. 159 (II.47).
  19. Eliseu, o Armênio 1982, p. 238, 301-302.
  20. Toumanoff 1989.
  21. Dédéyan 2007, p. 192.
  22. Lázaro de Farpe 1985, p. 235-236 (II.68-69).
  23. Lázaro de Farpe 1985, p. 246-252 (II.70-71).
  24. Chaumont 1986.

Bibliografia

editar
  • Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Ատոմ». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians]. Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã 
  • Adontz, Nicholas (1970). Armenia in the Period of Justinian. The Political Conditions Based on the Naxarar System. Translated with Partial Revisions, a Bibliographical Note and Appendices, by N.G. Garsoïan. Lovaina: Peeters Publishers 
  • Eliseu, o Armênio (1982). Thomson, Robert W., ed. History of Vardan and the Armenian War. Cambridge, Massachussetes: Harvard University Press 
  • Garsoïan, Nina (1997). «The Marzpanate (428-652)». In: Hovannisian, Richard G. Armenian People from Ancient to Modern Times vol. I: The Dynastic Periods: From Antiquity to the Fourteenth Century. Nova Iorque: Palgrave Macmillan. ISBN 978-1-4039-6421-2 
  • Grousset, René (1973) [1947]. Histoire de l'Arménie: des origines à 1071. Paris: Payot 
  • Justi, Ferdinand (1895). Iranisches Namenbuch. Marburgo: N. G. Elwertsche Verlagsbuchhandlung 
  • Lázaro de Farpe (1985). Bedrosian, Robert, ed. Ghazar P'arpec'i's History of the Armenians. Nova Iorque: Sources of the Armenian Tradition 
  • Settipani, Christian (2006). Continuité des élites à Byzance durant les siècles obscurs. Les princes caucasiens et l'Empire du vie au ixe siècle. Paris: de Boccard. ISBN 978-2-7018-0226-8 
  • Toumanoff, Cyril (1989). «Amatuni». Enciclopédia Irânica Vol. I Fasc. 9. Nova Iorque: Columbia University Press