Bugyō (奉行?) era um título atribuído aos funcionários oficiais samurais durante o período feudal do Japão. Bugyō é traduzido comummente como comissário, magistrado ou governador, e era complementado de forma frequente por outros termos, com o objetivo de descrever com mais precisão os deveres ou a jurisdição de um determinado comissário.

Reconstrução da residência dos machi-bugyō, em Edo setentrional (atualmente Tóquio).

Período pré-Edo editar

Durante o período Heian (794 – 1185), o cargo ou título de bugyō era aplicado unicamente a um oficial, e quando o trabalho era terminado, o oficial deixava de ser designado por bugyō. No entanto, durante o período Kamakura (1185 – 1333), posteriormente, e até ao fim do período Edo (1603 – 1868), os cargos e títulos passaram a ser criados de forma mais permanente.[1] Com o tempo, chegaram a existir trinta e seis bugyō na burocracia do xogunato Kamakura.[2]

Em 1434, Ashikaga Yoshinori criou o Tosen-bugyō para regular as relações internacionais para o xogunato Ashikaga.[1]

Em 1587, uma frota japonesa invadiu Seul e um dos primeiros atos de Toyotomi Hideyoshi foi criar um bugyō para a cidade, reproduzindo um modelo familiar num ambiente desconhecido.[3]

Período Edo editar

Durante o período Edo, o número de bugyō se estendeu. A burocracia do xogunato Tokugawa foi ampliada sobre uma base ad hoc, como resposta às necessidades reconhecidas e às circunstâncias em constante mudança.

Lista editar

  • Edo machi-bugyō (江戸町奉行?) – Magistrados ou administradores municipais de Edo.[4]
    • Kita-machi-bugyō (北町奉行?) – Magistrado do norte de Edo.[5]
    • Minami-machi-bugyō (南町奉行?) – Magistrado do sul de Edo.[5]
  • Fushin-bugyō (普請奉行?) – Superintendentes de Obras Públicas.[6]
  • Gaikoku-bugyō (外国奉行?) – Comissários encarregados do comércio e das relações diplomáticas com os países estrangeiros, após 1858.[7]
  • Gunkan-bugyō (軍鑑奉行?) – Comissários encarregados dos assuntos navais (pós-1859).[7]
  • Gusoku-bugyō (具足奉行?) – Comissários encarregados de abastecer aos exércitos do xogunato.
    • Bugu-bugyō (武具奉行?) – Comissários encarregados de abastecer aos exércitos (pós-1863), substitutos dos Gusoku-bugyō.
  • Hakodate bugyō (箱館奉行?) – Supervisores do porto de Hakodate e do território vizinho de Ezo.[7]
  • Haneda bugyō (羽田奉行?) – Supervisores do porto de Haneda, comissários das defesas costeiras próximas a Edo (pós-1853).[8]
  • Hyōgo bugyō (兵庫奉行?) – Supervisores do porto de Hyōgo (pós-1864).[9]
  • Jisha-bugyō (寺社奉行?) – Ministros ou administradores de assuntos religiosos, supervisores dos templos e santuários do país.[10][9]
  • Jiwari-bugyō (地割奉行?) – Comissários de investigações e inquéritos.[11]
  • Kanagawa bugyō (神奈川奉行?) – Supervisores do porto de Kanagawa (pós-1859).[12]
  • Kanjō-bugyō (勘定奉行?) – Ministros ou administradores das finanças do xogunato (pós-1787).[13][12][14]
    • Gundai – Deputados.[15]
    • Daikan (代官)?) – Deputados assistentes.[15]
    • Kane-bugyō (金奉行?) – Superintendentes da Fazenda.
    • Kura-bugyō (倉庫奉行?) – Superintendentes de Armazéns de Cereais.[15]
    • Kinza (金座?)Za do ouro ou oficial do monopólio (pós-1595).[16]
    • Ginza (銀座?)Za da prata ou oficial do monopólio (pós-1598).[16]
    • Dōza (銅座?)Za do cobre ou oficial do monopólio (pós-1636)[16] e (1701–1712, 1738–1746, 1766–1768).[17]
    • Shuza (朱座?)Za do cinábrio ou oficial do monopólio (pós-1609).[18]
  • Kanjō-ginmiyaku – Relatores das Finanças.[15]
  • Kantō gundai – Deputados de Kantō.[15]
  • Kinzan-bugyō (金山奉行?) – Comissários das minas.[19]
  • Kyoto Shoshidai (京都所司代?) – Representantes do xogunato em Quioto.[20]
    • Kyoto machi-bugyō (京都町奉行?) – Magistrados ou administradores municipais de Quioto.[21][13]
    • Fushimi bugyo (伏見奉行?) – Magistrados ou administradores municipais de Fushimi (pós-1620).[22][23]
    • Nara bugyō (奈良奉行?) – Governadores de Nara.[22]
  • Machi-bugyō (町奉行?) – Magistrados ou administradores municipais das cidades do xogunato: Edo, Quioto, Nangasaque, Nara, Nikkō, e Ósaca.[20]
  • Nagasaki bugyō (長崎奉行?) – Governador de Nagasáqui.[24][25]
  • Niigata bugyō (新潟奉行?) – Supervisores do porto de Niigata.
  • Nikkō bugyō (日光奉行?) – Supervisores de Nikkō.[26]
  • Osaka jōdai (大阪城代?) – Supervisores do Castelo de Ósaca.[27]
    • Osaka machi-bugyō (大阪町奉行?) – Magistrados ou administradores municipais das cidades do xogunato como Ósaca.[20]
    • Sakai bugyō (堺奉行?) – Supervisores da cidade de Sacai.[27]
  • Rōya-bugyō (牢屋奉行?) – Comissários da prisão do xogunato.[28]
  • Sado bugyō (佐渡奉行?) – Supervisores da ilha de Sado.[29]
  • Sakuji-bugyō (作事奉行?) – Comissários das obras (pós-1632).[30]
  • Shimoda bugyō (下田奉行?) – Supervisores do porto de Shimoda.[31]
  • Sunpu jōdai (駿府城代?) – Supervisores do Castelo de Sunpu.[27]
  • Uraga bugyō (浦賀奉行?) – Supervisores do porto de Uraga.[32][33]
  • Yamada bugyō (山田奉行?) – Representantes do xogunato em Ise.[34]
  • Zaimoku-ishi bugyō (材木石奉行?) - Supervisor dos materiais de construção para as propriedades do xogum (de 1647)[35]
  • Zen bugyō (膳奉行?) – Supervisor dos mantimentos da mesa do xogum[35]

Período Meiji editar

Nos primeiros anos da Restauração Meiji, o título de bugyō continuou a ser usado para os oficiais governamentais e práticas convencionais, onde nada mais pode ser projetado para substituir o sistema existente do governo Tokugawa. Por exemplo, o comandante-chefe da artilharia sob o primeiro governo Meiji, era chamado de Hohei-bugyō.[36] À medida que o novo governo aprovava as suas inúmeras reformas, o termo bugyō foi logo caindo em desuso.

Ver também editar

Notas e referências

Notas

  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Bugyō», especificamente desta versão.

Referências

  1. a b Kinihara, Misako (março de 1994). «The Establishment of the Tosen bugyō in the Reign of Ashikaga Yoshinori (唐船奉行の成立 : 足利義教による飯尾貞連の登用)». Tóquio: Universidade Cristã Feminina de Tóquio. Essays and Studies (em japonês) (44:2): 27–53 
  2. Brinkley 1915, p. 436.
  3. Cullen 2003, p. 27.
  4. Screech 2006, p. 243.
  5. a b Cunningham 2004, p. 42.
  6. Jansen 1995, p. 186.
  7. a b c Beasley 1955, p. 322.
  8. Cullen 2003, p. 170.
  9. a b Beasley 1955, p. 323.
  10. Screech 2006, p. 245.
  11. Naito, Hozumi & Horto 2003, p. 26.
  12. a b Beasley 1955, p. 324.
  13. a b Screech 2006, p. 19.
  14. Roberts 1998, p. 207.
  15. a b c d e Jansen 2003, p. 186.
  16. a b c Schaede 2000, p. 223.
  17. Shimada 2005, p. 51.
  18. Takekoshi 1930, p. 238.
  19. Hall 1955, p. 201.
  20. a b c Beasley 1955, p. 325.
  21. Yoshihiko 1995, p. 11.
  22. a b Murdoch 1926, p. 10.
  23. Jansen 1995, p. 226.
  24. Screech 2006, p. 12.
  25. Beasley 1955, p. 326.
  26. Screech 2006, p. 241.
  27. a b c Murdoch 1926, p. 9.
  28. Yoshihiko 1995, p. 152.
  29. Cullen 2003, p. 112.
  30. Coaldrake 1996, p. 178.
  31. Beasley 1955, p. 329.
  32. Cullen 2003, p. 173.
  33. Beasley 1955, p. 330.
  34. Murdoch 1926, p. 334.
  35. a b Papinot 1910, p. 763.
  36. van de Polder 1891, p. 419.

Bibliografia editar