Castelo de Souto Maior

Castelo Ben de Interese Cultural em Soutomaior (Espanha)
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Castelo de Soutomaior
Apresentação
Tipo
Estatuto patrimonial
Localização
Localização
Altitude
163 m
Coordenadas
Mapa

O Castelo de Soutomaior localiza-se na paróquia de San Salvador de Soutomaior, no concelho de Soutomaior, na província de Pontevedra, na comunidade autônoma da Galiza, na Espanha.

Castelo de Soutomaior, Espanha.
Castelo de Soutomaior, Espanha
Castelo de Soutomaior, Espanha: Torre de Menagem.
Castelo de Soutomaior, Espanha: Galeria das Damas.
Castelo de Soutomaior, Espanha: Torre de Menagem.
Castelo de Soutomaior, Espanha: galeria das damas
Castelo de Soutomaior, Espanha: vista geral

Ergue-se no alto do monte Viso, a 119 metros acima do nível do mar, em posição dominante sobre a confluência dos rios Oitavén e Verdugo, lugar estratégico para o controlo do trânsito entre o Sudoeste e o centro da Galiza. Erguido em data incerta, é o lugar de origem e o centro de poder de uma das linhagens mais significativas da Galiza medieval, os Soutomaior. Localiza-se a 15 km da cidade de Pontevedra.

História

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Antecedentes

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A primitiva origem desta fortificação não é clara. Uma lenda local refere a sua construção em época anterior à Invasão muçulmana da Península Ibérica. A historiografia, por outro lado, embora sem provas documentais que o corroborem, remonta-o ao século XII, erguido por iniciativa de Paio Méndez Sorrelle, o primeiro a utilizar o apelido Soutomaior.

A Baixa Idade Média

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A partir de então, os Soutomaior participaram como na maioria dos acontecimentos políticos e sociais na história da Galiza, nomeadamente na guerra civil entre Pedro I de Castela e Henrique de Trastâmara, nas guerras com Portugal, nas revoltas Irmandinhas, ou nos múltiplos confrontos entre os bispados de Tui e de Santiago e das casas nobres galegas entre si.

Entre os membros desta família destaca-se a figura de Pedro Álvarez de Soutomaior, mais conhecido pelo apelido de “Pedro Madruga”. Vizinho ao Castelo de Soutomaior encontra-se o Castro de Penedo onde, em 1477, o Arcebispo de Santiago, Alonso II de Fonseca e Ulloa fez erguer o Castelo de Castrizán, com a função de controlar o de Soutomaior. Quando de seu regresso do cativeiro em Castela, Madruga conquistou e arrasou o castelo do arcebispo, em cujo sítio, ergue-se, actualmente, a ermida da Virgem das Neves. Após o seu falecimento, em 1486, as disputas sucessórias pelos seus domínios, fizeram com que a proeminência desta família declinasse.

Do séculoXVIII aos nosos dias

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As disputas sucessórias não se resolveram até que, em 1795, a Chancelaria de Valladolid solucionou-as, decidindo a favor de Benito Fernando Correa de Soutomaior, 4º. marquês de Mos. Entretanto, perdida a sua função estratégica, o castelo já se encontrava em estado de ruína iminente.

Em 1870, Antonio Aguilar y Correa, marquês de la Vega Armijo, estabeleceu residência de Verão no castelo, para o que lhe procedeu a obras de remodelação e ampliação, que lhe transmitiram o actual aspecto de uma residência apalaçada.

Nesta fase, conheceu uma dinâmica vida social e política, tendo mesmo sido visitado pelo rei Afonso XII de Espanha. Essa dinâmica prosseguiu com a sua nova proprietária, a partir de 1902, María Vinyals e Correia, marquesa de Ayerbe, conhecida popularmente como Dama vermelha (precursora do movimento feminista na Espanha), e seu esposo, o doutor Lluria (promotor da militância marxista em Cuba), até que o casal, acusado de intrigas políticas, perdeu a propriedade em hasta pública, em Outubro de 1917, iniciando-se um novo período de abandono e decadência do castelo.

Em nossos dias foi adquirido pela Deputação provincial de Pontevedra (1982), que lhe promoveu intervenção de consolidação e restauro, trabalhos concluídos em 1987.

Actualmente conserva-se em bom estado, utilizado em actividades culturais e, em que pesem as numerosas reformas sofridas ao longo de sua história, mantém o seu carácter medieval.

Características

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Embora se desconheça se a actual estrutura foi erguida sobre outra, anterior, alguns indícios levam a crer que sim, dado o tipo de lavra no paramento da torre de menagem, onde se encontram pequenos perpianhos, muito erodidos e irregulares, superpostos a corda e tição, mesma técnica que se empregou nas torres portuguesas fronteiriças do século XII.

As muralhas

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O conjunto ocupa uma área total de 25 hectares, constituindo-se de um duplo perímetro muralhado de planta ovalado orgânico (adaptado ao terreno).

A primeira cintura de muralhas é rasgada por duas portas: a Sul, actualmente utilizada, e que conserva as armas do marquês de Mos, e a Norte, o primitivo portão de armas, ostentando as armas da família Soutomaior e Zúñiga.

A segunda cintura é posterior à revolta Irmandinha, quando o castelo foi severamente danificado, necessitando extensa reforma. Não se sabe se esta segunda muralha substituiu outra anterior, uma vez que não foram identificados vestígios que assim o demonstrem. Nela são visíveis novidades construtivas como as frestas, testemunhas da comunicação do passo da guarda, hoje em dia entaipadas.

Nas reformas de fins do século XIX foram construídas a maior parte do parapeito e as ameias do recinto exterior, como também seteiras e gárgulas que coroam os muros exteriores.

A torre de menagem

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O corpo principal do conjunto é dominado pela primitiva torre de menagem. De planta retangular, ocupa cerca de 150 metros quadrados e eleva-se a 15 metros de altura. Os seus muros, em determinados trechos, apresentam uma espessura de mais de 3,5 metros. É dividida internamente em vários pavimentos, sendo acedida pelo primeiro pavimento, primitivamente através de uma ponte levadiça.

O palácio

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O palácio, adossado à torre de menagem, estende-se para Norte até uma segunda torre, datada do século XV, da qual se conservam os primitivos perpianhos.

É fruto da reconstrução e ampliação realizada pelos marqueses de la Vega de Armijo, e que seguiram o estilo historicista em voga na época, configurando-se como um palácio neogótico. Nele abriram-se galerias, portas e vãos com arcos ogivais para o exterior; no interior construíram-se se novas escadas, uma capela, salões com artesoado de madeira e chaminés.

Neste conjunto destaca-se, pelo encanto romântico que a envolve, a chamada galeria das damas, delicada obra neogótica voltada para o pátio de armas.

Os jardins

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Os jardins envolventes totalizam 15.700 metros quadrados, sendo fruto dos trabalhos não apenas do marquês de la Vega e Armijo, mas dos posteriores proprietários. Neles podem-se encontrar numerosas espécies vegetais, algumas com mais de oitocentos anos de antiguidade, desde cedros do Líbano, eucaliptos, abetos, palmeiras, camélias, castanheiros, laranjeiras, magnólias, plátanos, azevinhos, ciprestes, sequóias e uma multidão de espécies de fetos ou plantas florais como hortênsias, que lhe conferem um belo colorido.

Galeria

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Commons
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Bibliografia

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  • (em castelhano) VINYALS I CORREA, Maria. El Castillo del Marqués de Mos en Sotomayor (1905).
  • (em castelhano) ARESES, Rafael. Nuestros parques y jardines (1953).
  • (em galego)BOGA MOSCOSO, Ramón (2003). Guía dos castelos medievais de Galicia, págs. 250-253. Guías Temáticas Xerais. Edicións Xerais de Galicia, S.A. [S.l.: s.n.] ISBN 84-9782-035-5 

Ligações externas

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