Conservatório de Música do Rio de Janeiro
O Conservatório de Música do Rio de Janeiro, também conhecido como Imperial Conservatório de Música, foi um conservatório brasileiro de ensino de música sediado na cidade do Rio de Janeiro.[1]
Fundado em 1841, foi a primeira instituição do gênero criada no Brasil e serviu de modelo para os que o sucederam, como o Instituto de Música da Bahia, o Conservatório Carlos Gomes de Belém do Pará e o Conservatório Dramático e Musical de São Paulo.
Sendo uma escola de grande prestígio, desempenhou um papel significativo na vida musical carioca no Segundo Reinado, formando artistas e organizando concertos. Músicos ilustres foram alunos da instituição como Carlos Gomes, Henrique Alves de Mesquita e Anacleto de Medeiros.
Após várias mudanças de sedes, administrações e de nomes, é a atual Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro.[1][2]
HistóriaEditar
Até meados do século XIX, o ensino musical do Rio de Janeiro era feito através de aulas particulares, destacando-se na época como professor o Padre José Maurício Nunes Garcia (1767-1830), então Mestre da Capela Imperial e mais importante compositor brasileiro de seu tempo.
Francisco Manuel da Silva, um de seus alunos e autor do Hino Nacional Brasileiro, fundou a Sociedade Musical de Beneficência, uma entidade que objetivava defender os interesses dos profissionais de música de sua época. Sendo assim, o órgão solicitou patrocínio ao governo imperial para a criação de um conservatório de música com o objetivo de formar novos artistas para as orquestras e coros do Rio de Janeiro.[2][3]
O conservatório foi instituído por um decreto imperial em 27 de novembro de 1841 e regulamentado em 21 de janeiro de 1847, porém as atividades de fato só iniciaram em 13 de agosto de 1848. A instituição foi instalada em um salão do Museu Imperial da época, localizado n antigo prédio do Arquivo Nacional da Praça da República, sendo Francisco Manuel da Silva seu primeiro diretor.[2][4]
Em 1855 o conservatório deixou a sua primeira sede, mudando-se para o prédio da Academia Imperial de Belas Artes, que passou a cuidar da sua administração. Nesse ano organizou-se o regime de concursos para a escolha de mestres e a instituição de prêmios de viagens ao exterior para aperfeiçoamento de seus alunos.
Em 1872 , na data de 9 de janeiro[5], a Princesa Isabel inaugurou a primeira sede própria do conservatório, que passou a ocupar o edifício onde hoje funciona o Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica.[2]
Após da morte de Francisco Manuel da Silva, Dr. Thomas Gomes dos Santos assumiu o cargo de diretor da instituição. Em sua gestão foi elaborado um novo estatuto que reorganizou a instituição o e criou novas cadeiras, possibilitando a contratação de diversos professores. Seus sucessores imediatos foram Antônio Nicolau Tolentino e Ernesto Gomes Maia.[2]
Após a Proclamação da República, o conservatório teve seu nome alterado pelo decreto nº. 143, de janeiro de 1890, e passou a chamar-se Instituto Nacional de Música. O compositor Leopoldo Miguez passou a ser seu diretor e sua gestão foi marcada por melhorias, onde foram adquiridos instrumentos musicais, aparelhos de acústica e livros para o instituto.[2]
Em 1913, na gestão de Alberto Nepomuceno, o conservatório transferiu-se para uma nova sede na rua do Passeio, onde está localizado atualmente. Seu currículo e seu regimento interno foram reformulados para atender ao crescente número de alunos. Foram abertos concursos para contratação de docentes e foi criada a Congregação da instituição, como órgão deliberativo, composta de todos os professores e de três membros honorários por ela indicados, com o objetivo de descentralizar o poder da direção. Nepomuceno também foi responsável pela organização da biblioteca, que hoje leva seu nome, criada por seu antecessor Miguez.[2]
Em 1922, sob a direção de Abdon Milanez, foi inaugurado o Salão Leopoldo Miguez. Inspirado na Salle Gaveau de Paris, seu interior é decorado com afrescos de Antônio Parreiras e Carlos Oswald. É uma das principais salas de concertos do Brasil, sendo conhecida pela excelência de sua acústica.
No ano de 1923, na gestão de Alfredo Fertin de Vasconcelos, foi formada a primeira orquestra estável do instituto, regida por Francisco Braga. Em 1930, sob a administração de Luciano Gallet, iniciou-se uma nova reforma curricular que foi comandada por Mário de Andrade e Antônio de Sá Pereira. As mudanças foram implementadas somente durante a administração de Guilherme Fontainha em 1934, quando o instituto encerrou suas atividades como instituição autônoma e foi incorporado à Universidade do Rio de Janeiro.
Em 1937 a Universidade do Rio de Janeiro passa a chamar-se Universidade do Brasil e o Instituto Nacional de Música torna-se a Escola Nacional de Música. Em 1965, por força do Decreto nº. 4.759, a Universidade do Brasil transformou-se em Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Escola Nacional de Música converteu-se na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro.[6]
Com mais de 170 anos de existência, importantes nomes já foram docentes da instituição como Francisco Mignone, Lorenzo Fernández, José de Lima Siqueira, Oscar Borgeth, Iberê Gomes Grosso e Arnaldo Estrela. Atualmente a instituição oferece cursos regulares nas seguintes modalidades: extensão universitária (curso de musicalização infantil, básico e intermediário), graduação (bacharelado e licenciatura) e pós-graduação.[2]
Ver tambémEditar
Referências
- ↑ a b «Carlos Gomes - Fundação / Instituto». Notas Musicais - Informativo eletrônico da OSMC
- ↑ a b c d e f g h «Escola de Música da UFRJ - História». Escola de Música da UFRJ. Consultado em 15 de novembro de 2017
- ↑ «Francisco Manoel da Silva». Academia Brasileira de Música. Consultado em 15 de novembro de 2017
- ↑ «Decreto nº 496, de 21 de Janeiro de 1847». Câmara dos Deputados. 21 de janeiro de 1947. Consultado em 15 de novembro de 2017
- ↑ «Jornal do Commercio (RJ) - 1870 a 1879 - DocReader Web». memoria.bn.br. Consultado em 20 de março de 2019
- ↑ O ensino da música no Rio de Janeiro