Convento de Santana

O Convento de Santana (também grafado como Convento de Sant'Anna) foi um convento que existiu no local onde hoje se encontram os antigos edifícios do Instituto Bacteriológico de Câmara Pestana e os edifícios do Pólo de Investigação e da Biblioteca da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, na Rua do Instituto Bacteriológico, freguesia de Arroios, Lisboa. O Convento pertencia à Ordem dos Frades Menores.[1] O Convento serviu ainda de Igreja Paroquial da paróquia de Santana constituída em 1564 pelo Cardeal D. Henrique enquanto Arcebispo de Lisboa, até 1705, quando foi construída a Igreja da Pena, para onde foi transferida a sede da paróquia.[2]

O Convento de Santana no final do século XIX; porta lateral que dava para a antiga Rua do Convento de Santana (hoje Rua do Instituto Bacteriológico).

O edifício começou por ser uma ermida, já existente em 1500,[1] datando o Convento propriamente dito de 1562.[2] O Convento de Santana parece ter sido fundado por iniciativa de Violante da Conceição, tendo sido para isso preponderante o patrocínio régio de D. João III, mas sobretudo da sua esposa, D. Catarina de Áustria, depois do falecimento deste em 1557. Projectada por Miguel de Arruda, a casa religiosa foi sucessivamente ampliada, sendo conhecidas campanhas de obras em 1674-1681, em 1707, em 1729 — tornando-se efectivamente num dos maiores conventos lisboetas dentre os cerca de 90 que se podiam contar em 1755.[2]

Painel de azulejos (c. 1660) proveniente do antigo Convento de Santana, actualmente no Museu Nacional do Azulejo

A primeira sepultura de Camões (século XVI) terá ficado situada neste edifício antes da sua trasladação para o Mosteiro dos Jerónimos em 1880.[3]

Aquando do terramoto de 1755, a igreja do Convento de Santana ruiu parcialmente, tal como o sector dos dormitórios. São efectuadas reconstruções a partir de 1778, durante o reinado de D. Maria I, até à extinção das ordens religiosas em 1834.[2] O Convento extingue-se finalmente em 4 de Maio de 1884, por morte da sua última religiosa, Madre Maria da Conceição.[1]

A demolição de grande parte do edifício do Convento de Santana, incluindo a igreja, deu-se em 1897, construindo-se no mesmo espaço as instalações do Real Instituto Bacteriológico, inauguradas em 1899.[2]

Referências

  1. a b c Inventário de extinção do Convento de Santa Ana de Lisboa (1856-1913) - Arquivo Nacional da Torre do Tombo
  2. a b c d e Varela Gomes, Mário; Varela Gomes, Rosa (2007). «Escavações arqueológicas no Convento de Santana, em Lisboa. Resultados preliminares». Olisipo. II (27). Consultado em 26 de Novembro de 2015 
  3. «A nossas Gravuras : Demolição do Convento de Sant'Anna : Primeira sepultura de Camões». O Occidente n.º 750. 30 de Outubro de 1899. p. 00239. Consultado em 7 de junho de 2016